O ex-ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União Brasil-MA), usou as redes sociais, nesta sexta-feira (11), para agradecer ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pela confiança durante sua gestão à frente da pasta. A manifestação ocorre dois dias após sua exoneração ser publicada no Diário Oficial da União (DOU). Ele pediu demissão devido a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que o acusa de envolvimento em um esquema de desvio de emendas parlamentares.  

Em sua publicação, Juscelino informou que esteve pessoalmente no Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente da República, para se despedir. “Foi uma honra conduzir programas fundamentais para a inclusão digital e contribuir com a reconstrução do Brasil, levando mais dignidade a quem mais precisa”, escreveu o ex-ministro em seu perfil no Instagram. 

Denúncia por corrupção 

A denúncia da PGR tem como base uma investigação que foi iniciada após reportagens publicadas pelo jornal O Estado de S. Paulo, em janeiro de 2023. Os conteúdos revelaram que, enquanto exercia mandato deputado, Juscelino Filho teria destinado recursos do orçamento federal para pavimentação de uma estrada em Vitorino Freire (MA), município onde sua irmã, Luanna Rezende, exercia o cargo de prefeita. 

Segundo a acusação, o então parlamentar não apenas direcionou os recursos públicos para a cidade comandada por um parente próximo, como também teria se beneficiado diretamente da obra, já que a estrada em questão passava por uma fazenda da família.

A denúncia ainda afirma que Juscelino teria recebido propina em troca da liberação das verbas e do favorecimento de empresas contratadas para executar o serviço. O agora ex-ministro nega todas as acusações.  

Carta de demissão aponta preocupação e proteção ao governo 

Juscelino Filho entregou sua carta de demissão na última terça-feira (11), antecipando-se à análise da denúncia pelo Supremo Tribunal Federal (STF). No documento, ele afirma que a decisão de deixar o governo foi tomada para evitar maiores constrangimentos à Presidência da República.  

“Hoje tomei uma das decisões mais difíceis da minha trajetória pública. Não o fiz por falta de compromisso, muito pelo contrário. Saio por acreditar que, neste momento, o mais importante é proteger o projeto de país que ajudamos a construir e em que sigo acreditando”, declarou. 

A exoneração foi assinada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), no exercício da Presidência da República durante a viagem de Lula ao exterior. Juscelino reassume automaticamente seu mandato como deputado federal pelo Maranhão, cargo para o qual foi eleito em 2022. 

Ex-ministro se diz orgulhoso e reafirma apoio ao governo 

No comunicado público, Juscelino reforçou seu alinhamento com o presidente Lula e a coalizão governista no Congresso. “Sinto muito orgulho de fazer parte desse esforço coletivo liderado pelo nosso presidente. E a partir de agora continuarei ajudando o presidente e o Brasil lá do Congresso Nacional”, concluiu. 

Apesar da gravidade das acusações, o ex-ministro afirma ser inocente e nega qualquer prática irregular. Até o momento, a defesa de Juscelino não divulgou detalhes sobre a estratégia que será adotada na fase judicial do processo. 

A saída de Juscelino ocorre em meio à expectativa por mudanças na equipe ministerial, especialmente em áreas que envolvem articulação política e liberação de recursos, o que pode impactar a composição da base aliada no Congresso Nacional.