O falecimento do Papa Francisco, aos 88 anos, marca o início de um novo ciclo para a Igreja Católica. O Conclave que definirá o sucessor do pontífice argentino terá participação de sete cardeais brasileiros, entre eles Dom Sérgio da Rocha, arcebispo de Salvador e primaz do Brasil. Cotado internacionalmente como um dos nomes fortes para ocupar a cadeira de São Pedro, Dom Sérgio optou pela discrição em meio às especulações sobre o futuro da Igreja.

Em entrevista coletiva concedida na segunda-feira (21), o cardeal destacou a importância do discernimento espiritual no processo de escolha do novo papa.

“O conclave está nas mãos de Deus. Certamente, o Espírito Santo irá conduzir os cardeais eleitores que nos ajudará a tomar a decisão que for a que Deus quer para a igreja”, afirmou.

Compromisso com memória de Francisco

Durante a coletiva, Dom Sérgio evitou comentar sobre a própria candidatura e enfatizou o respeito ao momento de luto. “Nesse momento, não temos muito a dizer sobre o conclave, temos o que falar sobre o papa Francisco”, declarou.

O cardeal estará em Roma para acompanhar os rituais fúnebres do pontífice e participar das reuniões preparatórias do Conclave. O funeral do papa será realizado no sábado (26), conforme informado oficialmente pelo Vaticano.

“Espero estar o quanto antes lá para participar dos rituais do papa Francisco e permanecer, em Roma, para o conclave”, disse o cardeal baiano.

Legado de humildade e inclusão

Para Dom Sérgio, a trajetória de Francisco foi marcada pela simplicidade e engajamento social. “Sempre interpelando a igreja, a humanidade, comovendo. Lembre-se que a própria escolha do nome Francisco já expressava essa simplicidade”, afirmou.

Francisco, primeiro pontífice latino-americano, foi eleito em 2013. Ao longo de 12 anos, liderou importantes reformas internas e tornou-se símbolo de aproximação entre a Igreja e os marginalizados, promovendo o diálogo com minorias e outras religiões. Sua morte nesta última segunda-feira (21), causada por AVC e insuficiência cardíaca, encerra um papado que rompeu protocolos e inspirou milhões de fiéis.

Trajetória do arcebispo primaz do Brasil

Dom Sérgio da Rocha, 65 anos, nasceu em Dobrada (SP) e possui sólida formação teológica. Foi arcebispo de Teresina e Brasília antes de assumir a Arquidiocese de Salvador, em 2020. Preside atualmente o título de primaz do Brasil, dado à arquidiocese mais antiga do país.

Entre 2015 e 2019, liderou a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Cardeal desde 2016, nomeado por Francisco, integra órgãos importantes do Vaticano como a Congregação para os Bispos, o Conselho de Cardeais (G-9), o Conselho Ordinário da Secretaria-Geral do Sínodo dos Bispos e a Pontifícia Comissão para a América Latina.

Missa em Salvador reúne fiéis e lideranças

A Catedral Basílica de Salvador celebrou, na tarde de segunda-feira (21), uma missa em sufrágio da alma do papa Francisco. A cerimônia, presidida por Dom Sérgio, reuniu centenas de fiéis e autoridades políticas, como o governador Jerônimo Rodrigues (PT) e o prefeito Bruno Reis (União Brasil).

Bruno Reis destacou o simbolismo da homenagem na primeira igreja do Brasil e exaltou a figura do pontífice. “Foi um exemplo para todos nós de fé, de humildade e de defesa dos mais pobres”, afirmou o prefeito, que participou da celebração ao lado da primeira-dama Rebeca Cardoso e da vice-prefeita Ana Paula Matos (PDT).

Reconhecimento político ao pontífice argentino

O governador Jerônimo Rodrigues também participou da missa e fez questão de enaltecer o impacto global do papa. “O Santo Padre defendeu temas duros dentro da Igreja Católica, difíceis, como a questão da transição energética, o direito das mulheres, das comunidades LGBTQIA+, mas também defendeu temas internacionais como a paz mundial”, pontuou.

Jerônimo ainda destacou o papel decisivo de Francisco na canonização de Santa Dulce dos Pobres e na valorização de outras mulheres baianas em processo de beatificação. “Foi um verdadeiro exemplo de humildade e compaixão. Viveu a mensagem de Cristo de maneira tão simples, mas profunda”, concluiu o governador.

‘Espírito Santo vai conduzir decisão’, diz cardeal brasileiro cotado para ser papa

Dom Sergio da Rocha, arcebispo da Arquidiocese de São Salvador da Bahia e primaz do Brasil, é um dos cardeais brasileiros que pode votar na escolha do novo papa e também concorrer ao cargo. Entretanto, em entrevista coletiva na segunda-feira (21), ele se esquivou de comentar sobre o assunto e focou em destacar o legado de Francisco.

“Nesse momento, não temos muito a dizer sobre o conclave, temos o que falar sobre o papa Francisco. O conclave está nas mãos de Deus. Certamente, o Espírito Santo irá conduzir os cardeais eleitores que nos ajudará a tomar a decisão que for a que Deus quer para a igreja”, disse ele.

Com a morte do Santo Padre, um novo papa será escolhido a partir de um conclave, o processo de eleição do próximo pontífice, que ainda será definido. “Há sempre especulações sobre quem será o futuro papa. Mas, primeiramente, é preciso respeitar esse momento em que nós vamos estar ainda em oração pelo papa Francisco que acaba de falecer.”

Ele estará em Roma para acompanhar o funeral e o sepultamento do papa Francisco, que será no sábado (26), conforme divulgou o Vaticano nesta terça-feira (22).

“Além disso, devemos aguardar a respeito do conclave. Naturalmente, um período em que os cardeais de todo o mundo vão se dirigir à Roma. Espero estar o quanto antes lá para participar dos rituais do papa Francisco e permanecer, em Roma, para o conclave, uma vez que também há reuniões que antecedem o próprio conclave”, afirmou o cardeal da Bahia.

O cardeal e arcebispo da Arquidiocese de São Salvador da Bahia destacou a simplicidade do papa Francisco.

“Sempre interpelando a igreja, a humanidade, comovendo. Lembre-se que a própria escolha do nome Francisco já expressava essa simplicidade”, disse.

Nomeado cardeal pelo papa Francisco

Hoje com 65 anos, o cardeal nasceu em Dobrada, em São Paulo. Em 2011, foi nomeado arcebispo metropolitano de Brasília. Durante essa gestão, foi nomeado cardeal pelo papa Francisco em 19 de novembro de 2016. Além disso, presidiu a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) de 2015 a 2019.

Em 2020, foi nomeado como arcebispo de Salvador e primaz do Brasil, título honorífico atribuído ao arcebispo de São Salvador da Bahia, que é a diocese mais antiga do País. Reconhecido pela sua contribuição à capital baiana, a Câmara Municipal de Salvador concedeu-lhe o Título de Cidadão Soteropolitano em 25 de maio de 2023, e agora, em 25 de março deste ano, o cardeal recebeu da Assembleia Legislativa da Bahia o Título de Cidadão Baiano, de acordo com a Arquidiocese de São Salvador da Bahia.

Cardeais que elegerão papa

Tradicionalmente, a Itália é o País com mais eleitores no conclave – são 17 nesta edição. É seguida dos Estados Unidos (dez) e o Brasil vem em terceiro, com sete: Odilo Pedro Scherer (São Paulo), João Braz de Aviz (emérito de Brasília), Orani João Tempesta (Rio de Janeiro), Paulo Cezar Costa (Brasília), Leonardo Ulrich Steiner (Manaus), Jaime Spengler (Porto Alegre) e Sérgio da Rocha (Salvador), que tem aparecido em listas de papáveis.

O cardeal Raymundo Damasceno Assis, arcebispo emérito da Arquidiocese de Aparecida (SP), não pode votar por ter 88 anos. Somente cardeais com até 80 anos têm esse direito, embora qualquer cardeal, de qualquer idade, possa ser votado.