O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), defendeu, nesta terça-feira (28), que o Estado não necessita mais construir grandes hospitais. Segundo o petista, o ciclo de expansão dessas unidades chegou ao fim e o foco agora será na manutenção das unidades existentes e no fortalecimento da atenção básica em parceria com os municípios.

“Nós chegamos em uma situação de que o planejamento que Wagner e Rui fizeram, eles deram conta de uma quantidade de hospitais e policlínicas que eu complementei agora”, afirmou o governador, em entrevista ao Portal M! durante a inauguração do primeiro coletivo do programa Bahia pela Paz, no bairro Águas Claras, em Salvador.

Valença e Jacobina ainda vão ganhar novos hospitais

O governador citou as ordens de licitação de novos hospitais em Valença e Jacobina como parte final desse processo. Segundo Rodrigues, os recursos, que antes eram direcionados para novas construções, serão utilizados para manter os hospitais existentes e ampliar a rede de atendimento municipal.

“O Estado vai ficar sem necessidade de construção de hospitais grandes, de grande porte. Vamos sentar com os prefeitos e oferecer soluções, como hospitais de pequeno porte e unidades básicas de saúde (UBS), para evitar que problemas simples sobrecarreguem os grandes hospitais de alta complexidade”, explicou ao Portal M!.

O governador também apontou a necessidade de otimizar o uso dos hospitais de alta complexidade para atender casos graves, como câncer e problemas cardíacos, em vez de sobrecarregá-los com atendimentos que poderiam ser resolvidos na atenção básica. “Tem município que uma pessoa tem um problema mínimo que poderia ser resolvido lá. Como não resolve, ele corre para o hospital de grande porte, muitas vezes correndo o risco de infecção”, ressaltou.

Além disso, Jerônimo Rodrigues enfatizou a importância de investir em formação de profissionais especializados para suprir a demanda de hospitais regionais já existentes. O foco, conforme o petista, será fortalecer a rede como um todo, garantindo que os serviços de saúde sejam acessíveis em todas as regiões do Estado.

“A dificuldade minha vai ser encontrar profissionais do câncer, do coração, para poder colocar nessas unidades”, admitiu.

‘Bahia pela Paz’: inauguração do primeiro coletivo

Jerônimo Rodrigues inaugurou, nesta manhã, o primeiro coletivo do programa Bahia pela Paz, no bairro Águas Claras, em Salvador. O espaço será um ponto de acolhimento e atendimento a jovens em situações de vulnerabilidade, oferecendo acesso a direitos, capacitações e políticas públicas.

“A gente vem construindo, no meu governo, uma plataforma que vai além da segurança pública tradicional. O foco aqui é trazer um novo ambiente, com ações de educação, assistência e cidadania”, afirmou o governador, que agradeceu ainda o trabalho conjunto com a Assembleia Legislativa, Ministério Público, Defensoria Pública e outros órgãos.

Os coletivos Bahia pela Paz são a porta de entrada para o programa, que visa prevenir a violência letal e promover a inclusão social. O projeto tem como meta reduzir os índices de criminalidade na Bahia, que lidera os números de homicídios dolosos no Brasil, de acordo com dados recentes da Secretaria Nacional de Segurança Pública.

Segundo Rodrigues, a iniciativa busca atender principalmente jovens negros da periferia, que são as maiores vítimas da violência no Estado. “O que estamos entregando aqui é mais do que um equipamento; é uma declaração de solidariedade às vítimas da violência. Queremos nos colocar ao lado das mães que perdem seus filhos de forma violenta, para que possamos, juntos, construir saídas e oferecer um futuro melhor para esses jovens e suas famílias”, pontuou ao Portal M!.

O governador também afirmou que o objetivo é expandir a iniciativa para outras regiões da Bahia. “Espero que esse exemplo aqui possa nos fornecer material para conseguir mais recursos e acelerar o processo, porque não é só em Salvador que precisamos de iniciativas como essa.”

Bahia pela Saúde: programa em discussão

Ainda em entrevista ao Portal M!, Jerônimo Rodrigues também revelou que está planejando uma iniciativa semelhante na área da saúde. Inspirado no modelo do Bahia pela Paz, ele pretende criar um “pacto” que envolva diferentes instâncias e órgãos públicos para melhorar o atendimento básico e fortalecer a colaboração entre Estado e municípios.

“Quero sentar com o Tribunal de Justiça, Ministério Público, Defensoria Pública, Assembleia Legislativa e conselhos de saúde para construir algo como um ‘Bahia pela Saúde’. A ideia é compartilhar responsabilidades e buscar recursos da União para complementar o orçamento”, explicou.

Para o governador, é importante discutir formas de aprimorar a atenção básica para evitar que os hospitais de grande porte sejam sobrecarregados. “O que eu posso fazer é colocar investimentos para ajudar os municípios a resolverem problemas simples localmente, para que a gente não precise usar leitos ou corredores dos hospitais de alta complexidade com casos que poderiam ser resolvidos lá na ponta”, explicou.

Segundo ele, a expectativa é iniciar, já nas próximas semanas, as discussões para elaborar um desenho estratégico para enfrentar os desafios da saúde no Estado. “Essa é a nossa prioridade: garantir que o sistema de saúde funcione de forma integrada e eficaz, atendendo às necessidades da população mais vulnerável”.