O Restaurante Universitário (RU) da Universidade Federal da Bahia (UFBA), no campus de Ondina, voltará a funcionar normalmente a partir desta segunda-feira (14). O serviço foi interrompido na última sexta (11), após a instituição não conseguir quitar pendências financeiras com a empresa responsável pelo fornecimento das refeições.

De acordo com a UFBA, o pagamento referente à fatura do mês de janeiro foi regularizado, permitindo a retomada das atividades. A cessionária Meio-Dia Refeições informou à Pró-Reitoria de Ações Afirmativas e Assistência Estudantil (Proae) que os trabalhos de limpeza e pré-preparo de alimentos já começaram no sábado (12), em preparação para a reabertura.

Suspensão

A suspensão do funcionamento do RU foi consequência da falta de liberação orçamentária por parte do Governo Federal, o que impediu que a universidade honrasse os compromissos com seus fornecedores. O problema afetou diretamente o serviço de alimentação, essencial para boa parte da comunidade acadêmica.

Segundo nota oficial da universidade, as dificuldades orçamentárias têm origem na aprovação tardia da Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2025, que só foi sancionada na última sexta-feira (11). Até então, os órgãos federais operavam sob o decreto nº 12.416, de 21 de março, que limitava os empenhos mensais a 1/18 do total previsto na LOA. Com isso, instituições como a UFBA enfrentaram obstáculos para manter o funcionamento regular de serviços básicos.

Restrições

Um comunicado, emitido no final do ano passado, já indicava que os problemas nos repasses já prejudicava a oferta de alimentos e serviços na universidade. Segundo o texto, emitido em dezembro, pela Pró-Reitoria de Ações Afirmativas e Assistência Estudantil da Ufba (Proae), a redução da oferta de alimentos ocorre devido à inadimplência superior a três meses nos repasses à empresa.

Na ocasião, quatro medidas foram tomadas para reduzir os custos do Restaurante Universário: redução de três para duas opções de proteína em cada refeição, suspensão de sobremesa, diminuição da oferta e fim da livre demanda por salada.

Crise hídrica na Politécnica expõe falhas

Além dos problemas no restaurante universitário, outra situação preocupante veio à tona na última semana: a constatação de que a água consumida por alunos e servidores da Escola Politécnica da UFBA, no bairro da Federação, estava contaminada por fezes.

A denúncia partiu de uma atividade prática da disciplina Qualidade da Água, quando estudantes analisaram amostras coletadas dos bebedouros da unidade. Os testes foram realizados no Laboratório de Físico-Química (Labdea), da própria universidade, e apontaram a presença de coliformes totais e Escherichia coli — uma bactéria comumente associada à contaminação fecal — em bebedouros do 4º e 7º andares.

A professora Gemima Santos Arcanjo, responsável pela disciplina e vice-coordenadora do Labdea, solicitou imediatamente a interdição dos bebedouros, o que só foi feito dois meses depois, na terça-feira (8), após a docente enviar um e-mail alertando a comunidade universitária sobre os riscos à saúde.

Segundo Gemima, as principais hipóteses para a contaminação são a proximidade dos bebedouros com os banheiros ou a possibilidade de que o reservatório de água da unidade esteja comprometido. O consumo de água com essas bactérias pode causar uma série de doenças gastrointestinais, com sintomas como diarreia, vômitos e infecções mais graves.

“Quero deixar claro que o objetivo desta mensagem não é criar alarde, mas informar a todos sobre a situação, uma vez que não houve divulgação e isto é do interesse de todos, até mesmo por se tratar de uma questão de saúde pública”, escreveu a professora no e-mail que motivou a interdição dos bebedouros.

Em nota conjunta, a reitoria da UFBA e a direção da Escola Politécnica afirmaram que estão providenciando, com urgência, a limpeza dos reservatórios da unidade e reforçaram que testes no sistema de abastecimento são feitos periodicamente como medida preventiva. A universidade informou ainda que, ao constatar qualquer irregularidade, adota medidas corretivas imediatas.