Morte do papa Francisco inicia conclave; Brasil terá sete cardeais na escolha do novo pontífice
Para que um candidato seja eleito, é necessário obter dois terços dos votos válidos

A morte do papa Francisco, divulgada nesta segunda-feira (21), aos 88 anos, desencadeia um dos processos mais emblemáticos da Igreja Católica: o conclave. Trata-se do rito reservado à escolha de um novo pontífice, conduzido por cardeais de diferentes países, que se reúnem sob sigilo absoluto na Capela Sistina, no Vaticano.
Santa Sé sem liderança
A eleição do novo papa segue normas estabelecidas ao longo de séculos e que ganharam formato mais estruturado no século XX. O conclave ocorre durante o período conhecido como Sé Vacante, quando a Santa Sé está sem liderança após a morte ou renúncia do pontífice. Nesse intervalo, a administração da Igreja Católica fica sob responsabilidade do Colégio de Cardeais e do Camerlengo.
É neste período que os cardeais são convocados para reuniões preparatórias, definindo datas e procedimentos. O atual decano do Colégio de Cardeais, Giovanni Battista Re, é responsável por presidir esses encontros iniciais.
Isolamento e rituais da escolha
Antes do início do conclave, os cardeais participam de uma missa solene na Basílica de São Pedro, a “Pro eligendo Pontifice“. Em seguida, partem em procissão até a Capela Sistina, entoando cânticos litúrgicos tradicionais, como o “Veni, Creator Spiritus“, em súplica pela orientação divina durante o processo.
A Capela Sistina é fechada ao público, e os cardeais são isolados de todo contato externo: não têm acesso a internet, televisão, jornais ou telefones. Eles se hospedam na Casa Santa Marta, também isolada, onde permanecem até o final do processo.
Logo após a chegada à capela, é realizado o juramento de sigilo, que se estende mesmo após o fim do conclave. A quebra desse compromisso pode levar à excomunhão. Após o juramento, o mestre de cerimônias ordena “Extra omnes” (“todos para fora”) e apenas os cardeais votantes permanecem no local.
Fumaça preta ou branca: o símbolo do resultado
Atualmente, a Igreja Católica conta com 252 cardeais, dos quais 138 têm menos de 80 anos e estão aptos a votar. O colégio eleitoral pode ter até 120 cardeais no processo. Para que um candidato seja eleito, é necessário obter dois terços dos votos válidos.
Se não houver consenso no primeiro dia, são realizadas quatro rodadas de votação por dia: duas pela manhã e duas à tarde. Caso não haja resultado até o terceiro dia, os cardeais fazem uma pausa de orações antes de retomar o ciclo de votações.
Os votos são registrados em cédulas com a inscrição “Eligo in summen pontificem“. Cada cardeal se aproxima do altar e afirma: “Convoco como minha testemunha Cristo, o Senhor, que será o meu juiz, de que meu voto é dado àquele que, diante de Deus, eu acredito que deva ser eleito“.
Logística e tradição
Durante o conclave, nove cardeais são sorteados para funções específicas: três acompanham a mesa de votação, três são responsáveis por recolher votos (se necessário), e três supervisionam o processo.
As cédulas são furadas com uma agulha na palavra “eligo” e unidas por um fio, formando um cordão. Ao final de cada rodada, os votos são queimados com substâncias químicas. A fumaça preta indica que não houve escolha. Já a fumaça branca comunica ao mundo que um novo papa foi eleito.
O escolhido deve aceitar o cargo e escolher o nome papal ainda dentro da Capela Sistina. Em seguida, o anúncio público é feito na Praça São Pedro com a frase em latim: “Annuntio vobis gaudium magnum: Habemus Papam” (“Anuncio a vocês uma grande alegria: temos um Papa”).
Sete brasileiros aptos a votar
Sete cardeais brasileiros têm direito a voto no conclave. Apenas Raymundo Damasceno, arcebispo emérito de Aparecida, está fora da lista por ter ultrapassado os 80 anos. Os brasileiros que participarão da eleição são:
- Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre e presidente da CNBB (64 anos);
- João Braz de Aviz, arcebispo emérito de Brasília (77 anos);
- Leonardo Ulrich Steiner, arcebispo de Manaus (74 anos);
- Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo (75 anos);
- Orani Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro (74 anos);
- Paulo Cezar Costa, arcebispo de Brasília (57 anos);
- Sérgio da Rocha, arcebispo de Salvador e primaz do Brasil (65 anos).
Possíveis sucessores de Francisco
Entre os nomes mais cotados para suceder o papa Francisco estão cardeais de diferentes regiões do mundo. O francês Jean-Marc Aveline, arcebispo de Marselha, é conhecido por sua atuação próxima às causas defendidas por Francisco, como a imigração.
O húngaro Peter Erdo é outro nome forte, representando uma corrente mais conservadora dentro da Igreja. Também desponta Mario Grech, de Malta, que atuou como secretário-geral do Sínodo dos Bispos.
Outros nomes incluem Juan José Omella (Espanha), Pietro Parolin (Itália), Luis Antonio Tagle (Filipinas), Joseph Tobin (EUA), Peter Turkson (Gana) e Matteo Maria Zuppi (Itália). A escolha, no entanto, dependerá da articulação interna e da busca por equilíbrio entre diferentes visões e regiões do mundo católico.
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