O Vaticano informou, na tarde desta segunda-feira (21), que o papa Francisco morreu em decorrência de um Acidente Vascular Cerebral (AVC), seguido por um colapso de insuficiência cardíaca irreversível. O pontífice faleceu às 7h35 (horário de Roma) em seu apartamento na residência de Santa Marta, onde vivia desde sua eleição, em 2013. As informações são do G1.

A certidão médica aponta que o papa sofreu um AVC cerebral, entrou em coma e teve um colapso cardiocirculatório confirmado por exame de eletrocardiograma. O laudo foi assinado por Andrea Arcangeli, diretor do Departamento de Saúde e Higiene da Cidade do Vaticano.

Complicações agravaram estado de saúde

O quadro clínico foi agravado por pneumonia bilateral, bronquiectasias múltiplas, hipertensão e diabetes tipo 2. Francisco já havia sido internado entre fevereiro e março para tratar uma pneumonia nos dois pulmões, com alta concedida no final de março. Ele continuava em tratamento em casa, com cuidados médicos contínuos.

Durante esse período, o papa apresentou dificuldades para discursar em audiências religiosas e chegou a pedir que auxiliares lessem sermões em seu lugar. No dia 14 de fevereiro, foi hospitalizado no Hospital Agostino Gemelli, onde exames apontaram uma infecção polimicrobiana e, posteriormente, a pneumonia bilateral.

Funeral e velório seguirão ritos tradicionais

As cerimônias fúnebres tiveram início nesta segunda-feira, conforme cronograma divulgado pelo Vaticano. Às 14h (horário de Brasília), foi realizada uma missa de sufrágio na Basílica de São João de Latrão, presidida pelo cardeal Baldo Reina. Às 15h, ocorreram os ritos de constatação da morte e deposição do corpo no caixão, sob responsabilidade do camerlengo Farrell, na capela privada do pontífice.

Na quarta-feira (23), o corpo será trasladado para a Basílica de São Pedro, em Roma, onde fiéis poderão prestar homenagens. O enterro está previsto para ocorrer na Basílica de Santa Maria Maggiore, também em Roma — um gesto que não acontecia desde 1903, quando o papa Leão XIII foi sepultado fora da Basílica de São Pedro.

Perfil e trajetória do primeiro papa latino-americano

Jorge Mario Bergoglio nasceu em Buenos Aires, em 1936, filho de imigrantes italianos. Antes de seguir a vida religiosa, formou-se técnico químico e ingressou no seminário da Companhia de Jesus em 1958. Arcebispo da capital argentina, ficou conhecido pelo estilo reservado e estilo de vida simples.

Eleito em 2013, tornou-se o primeiro papa latino-americano da história. Entre suas marcas estão o foco no combate à pobreza, as reformas econômicas no Vaticano e a abertura de diálogo com temas como direitos LGBTQIA+, migração e papel das mulheres na Igreja. Francisco também foi o primeiro pontífice a convidar uma pessoa transexual ao Vaticano e foi contrário a julgamentos de homossexuais.

Desafios e reformas no papado de Francisco

Durante seu papado, Francisco enfrentou escândalos de pedofilia, crises de popularidade e temas contemporâneos delicados. Avançou em pautas como a possibilidade de bênçãos a casais do mesmo sexo e o voto feminino no Sínodo dos Bispos. No entanto, manteve a posição tradicional da Igreja sobre a ordenação de mulheres, defendendo que apenas homens poderiam ser sacerdotes.

O pontífice também foi crítico de lideranças políticas em momentos de tensão internacional. Pronunciou-se contra os presidentes Vladimir Putin e Benjamin Netanyahu, além de cobrar ações da União Europeia diante da crise dos refugiados, em 2015.

Mensagem final do Vaticano e impacto entre os fiéis

Ao anunciar a morte, o Vaticano declarou: “O Bispo de Roma, Francisco, retornou à casa do Pai. Toda a sua vida foi dedicada ao serviço do Senhor e de Sua Igreja. Ele nos ensinou a viver os valores do Evangelho com fidelidade, coragem e amor universal, especialmente em favor dos mais pobres e marginalizados”.

Em Roma, o sino da Basílica de São Pedro soou em sinal de luto, enquanto turistas e peregrinos expressavam consternação diante da notícia, segundo informações da agência Reuters.