O Ministério da Saúde emitiu um alerta para os estadoes de São Paulo, Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás, Paraná e Santa Catarina, após registrarem 84% dos casos de dengue do Brasil nas últimas semanas. A tendência de alta levou à reativação preventiva do Centro de Operações de Emergência em Saúde (COE) para Dengue e outras Arboviroses, com foco no monitoramento e na coordenação de ações contra a doença.

“Ainda não estamos numa situação de emergência (para a dengue). Estamos em mobilização e alerta”, destacou Ethel Maciel, secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA). O COE tem como principal objetivo acompanhar o cenário epidemiológico e articular ações de enfrentamento, especialmente durante o período crítico entre fevereiro e maio.

No ano passado, a dengue atingiu recordes históricos no Brasil, com mais de 6,4 milhões de casos prováveis e um aumento de 303,2% em relação a 2023. Foram registradas mais de 6 mil mortes, enquanto 875 óbitos ainda estão sob investigação.

Ações de monitoramento e prevenção intensificadas pelo COE

Em 2025, até o dia 8 de janeiro, o Brasil já notificou 10,1 mil casos prováveis, com 10 mortes em análise. São Paulo e Minas Gerais concentram mais da metade desses registros. Para conter o avanço da doença, o Ministério da Saúde anunciou um plano de contingência que inclui campanhas de conscientização, eliminação de criadouros do mosquito e investimentos em tecnologias como o método Wolbachia, que será expandido para 40 cidades até o final do ano.

A vacinação também é uma aposta do governo. Em 2025, a meta é distribuir 9,5 milhões de doses do imunizante da farmacêutica Takeda, destinado ao público de 10 a 14 anos em localidades com maior incidência. Apesar do esforço, o quantitativo de vacinas disponíveis é limitado.

Vacinação e novas tecnologias no combate à dengue

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, destacou que as mortes por dengue são evitáveis, desde que os sinais de alarme sejam identificados precocemente. “A nossa estimativa é reduzir o número de casos e, com prioridade, evitar as mortes”, afirmou.

A estratégia inclui a liberação de insetos estéreis em aldeias indígenas e a instalação de estações disseminadoras de larvicidas. Além disso, a intensificação de ações de manejo clínico visa garantir um diagnóstico rápido e tratamento eficaz, com foco na hidratação dos pacientes.

Sorotipo 3 preocupa após 17 anos de baixa circulação

Uma das principais preocupações atuais é o aumento do sorotipo 3 da dengue, que não circulava significativamente no Brasil desde 2008. Segundo Ethel Maciel, a reintrodução desse tipo coloca grande parte da população em risco devido à falta de imunidade. “O sorotipo 3 não circula no Brasil há 17 anos. Temos muitas pessoas suscetíveis”, alertou.

Os estados mais afetados pelo sorotipo 3 incluem São Paulo, Amapá, Paraná e Minas Gerais. Esse cenário é agravado pelas mudanças climáticas, com temperaturas recordes e padrões de chuva irregulares, que criam condições ideais para a reprodução do mosquito Aedes aegypti.