Denúncias, escândalos e articulações: saída de Juscelino Filho é 10ª troca de ministros no governo Lula; relembre

Primeira saída registrada no atual governo foi em abril de 2023, com retirada de Gonçalves Dias do comando do GSI


Redação
Estadão Conteúdo e Redação 11/04/2025 08:00 • Política
Denúncias, escândalos e articulações: saída de Juscelino Filho é 10ª troca de ministros no governo Lula; relembre - Ricardo Stuckert/PR

A exoneração do ministro das Comunicações, Juscelino Filho, oficializada na última terça-feira (9), marcou a décima substituição ministerial no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O desligamento ocorreu após a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentar denúncia contra o ex-ministro com base em relatório da Polícia Federal (PF), que o indicia por supostos crimes de organização criminosa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

A decisão de deixar o cargo foi comunicada por Juscelino após a formalização da denúncia. Em nota, sua defesa declarou que o ex-ministro é inocente. A vaga no Ministério das Comunicações, que integra a cota do União Brasil na Câmara dos Deputados, será ocupada por indicação da legenda.

Entre os nomes avaliados pelo partido, o mais cotado é o do deputado Pedro Lucas Fernandes (MA), atual líder da sigla na Câmara. A escolha deve ser feita nos próximos dias, em articulação com o Palácio do Planalto.

Primeiras mudanças ocorreram ainda em 2023

A primeira saída registrada no atual governo foi em abril de 2023. O general Marco Edson Gonçalves Dias deixou o comando do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) após vir à tona um vídeo que o mostrava sem reação durante a invasão do Palácio do Planalto, nos atos do dia 8 de janeiro.

A demissão de Gonçalves Dias foi sugerida por integrantes do governo diante da repercussão negativa. O presidente Lula aceitou o pedido imediatamente. O secretário Ricardo Cappelli assumiu interinamente o GSI, sendo substituído em maio de 2023 pelo general Marcos Amaro dos Santos.

Em julho, a então ministra do Turismo, Daniela Carneiro, foi substituída pelo deputado Celso Sabino (União-PA). A mudança atendeu a uma demanda do União Brasil, que buscava maior representatividade no governo.

No início de setembro de 2023, Ana Moser deixou o Ministério do Esporte em meio à primeira minirreforma promovida por Lula para ampliar sua base no Congresso. A vaga foi ocupada pelo deputado André Fufuca (PP-MA), aliado do então presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

Na mesma reestruturação, o governo criou o Ministério do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte. Márcio França, que antes comandava Portos e Aeroportos, passou a liderar a nova pasta e Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) assumiu a pasta deixada por França.

Em janeiro de 2024, Lula promoveu outra mudança: Ricardo Lewandowski assumiu o Ministério da Justiça no lugar de Flávio Dino, indicado pelo presidente para o Supremo Tribunal Federal (STF).

Trocas motivadas por denúncias e investigações

Lewandowski foi indicado ao STF em 2006, ainda durante o segundo mandato de Lula. Aposentado desde 2023, ele retornou à cena política como titular da Justiça, ocupando o espaço deixado por Dino.

Em setembro de 2024, o então ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, foi exonerado após acusações de assédio sexual. As denúncias foram divulgadas pela ONG Me Too, que relatou ter recebido relatos de vítimas ligadas ao governo federal, entre elas, a ministra Anielle Franco.

A saída de Almeida foi confirmada um dia após a publicação da nota da ONG. A deputada estadual Macaé Evaristo (PT-MG) foi indicada por Lula para assumir o Ministério dos Direitos Humanos.

Comunicação e articulação política também foram revistas

No início de 2025, Lula decidiu trocar o comando da Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom). Paulo Pimenta deixou o posto em meio a avaliações sobre a dificuldade de o governo comunicar suas ações de forma eficiente.

O marqueteiro Sidônio Palmeira foi nomeado para o cargo. Na ocasião, Pimenta afirmou que o governo estaria entrando “em uma nova fase da gestão a partir de 2025, e o presidente Lula quer um perfil diferente do seu para a chefia da pasta“.

Lula avaliou que o governo possui obras e programas sociais de impacto, mas reconheceu falhas na divulgação dessas ações. A mudança buscou reposicionar a comunicação institucional.

Últimas alterações ocorreram antes da saída de Juscelino

Antes da exoneração de Juscelino Filho, ocorreram mudanças no Ministério da Saúde e na Secretaria de Relações Institucionais (SRI). Nísia Trindade foi substituída por Alexandre Padilha, que acumulava críticas no Congresso quando estava à frente da articulação política.

O ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) declarou publicamente que Padilha era um “desafeto pessoal” e “incompetente”. Para reduzir a tensão, Lula transferiu Padilha para a Saúde e indicou Gleisi Hoffmann (PT-PR), presidente nacional do PT, para a SRI.

A escolha de Gleisi foi bem recebida pelos presidentes da Câmara e do Senado, Hugo Motta (Republicanos-PB) e Davi Alcolumbre (União-AP). No entanto, líderes da oposição criticaram a indicação.

Segundo os opositores, a nomeação de Gleisi indicaria uma “radicalização” na articulação política, devido à sua atuação considerada combativa. A crítica, porém, não impediu a confirmação da ministra no novo cargo.

 

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