Uma declaração do governo dos Estados Unidos gerou desconforto diplomático com o Brasil. A Casa Branca afirmou que os presidentes Joe Biden e Luiz Inácio Lula da Silva discutiram a crise política na Venezuela durante um almoço no G20, realizado no Rio de Janeiro, e defenderam uma solução democrática no país.

O Ministério das Relações Exteriores brasileiro, no entanto, negou que o tema tenha sido abordado. Em nota, a Casa Branca declarou que Lula e Biden se comprometeram a “manter o compromisso com a defesa da democracia em seus países e no exterior” e teriam apelado para o “respeito à vontade democrática do povo venezuelano e ao fim da repressão política” promovida pelo governo de Nicolás Maduro.

No dia seguinte, o Itamaraty publicou um comunicado afirmando que a conversa entre os dois líderes “não tratou de situações específicas em terceiros países”. A nota também ressaltou que o governo brasileiro discorda da narrativa divulgada pelos EUA sobre o encontro bilateral.

A situação no Haiti também foi mencionada pela Casa Branca como tema da conversa entre os líderes. Biden teria elogiado o papel do Quênia na segurança haitiana e agradecido a Lula pelo “compromisso do Brasil em apoiar o povo do Haiti”. O presidente americano reforçou a importância de transformar a missão de apoio à segurança em uma operação de manutenção da paz das Nações Unidas.

O almoço bilateral entre Lula e Biden ocorreu às margens do G20, evento que reuniu líderes das maiores economias globais no Rio de Janeiro. A reunião foi descrita como uma extensão do diálogo entre os dois países sobre questões internacionais.

Ainda no mesmo dia, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, afirmou que Nicolás Maduro perdeu a eleição presidencial venezuelana para Edmundo González, candidato da oposição. Blinken declarou no X (antigo Twitter): “O povo venezuelano falou com força em 28 de julho e fez Edmundo González o presidente eleito”.

O CNE venezuelano, sob controle chavista, divulgou que Maduro venceu com 51,2% dos votos contra 44,2% de González. No entanto, a oposição contesta os resultados, alegando vitória com 67% dos votos para González. Até o momento, o governo venezuelano não apresentou dados que permitam auditorias independentes.

Em outubro, o Brasil endureceu sua posição em relação ao governo Maduro ao vetar a entrada da Venezuela no Brics. Apesar de adotar anteriormente um tom cauteloso, o país passou a cobrar a divulgação das atas eleitorais como medida de transparência.