O governo brasileiro, por meio do Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty), manifestou repúdio aos recentes episódios de prisões, ameaças e perseguições contra opositores políticos na Venezuela. Em nota oficial divulgada nesta última quinta-feira (11), o Itamaraty destacou sua “grande preocupação” com as denúncias de violações de direitos humanos no país governado por Nicolás Maduro.

Maduro tomou posse na última quarta-feira (10) para o terceiro mandato presidencial, em uma cerimônia que contou com a ausência de vários chefes de Estado e de governo, um reflexo da crescente crise diplomática e política enfrentada pela Venezuela. O evento também ocorreu em um contexto de tensão interna, com relatos de repressão a opositores.

Itamaraty reforça compromisso com valores democráticos

No comunicado, o Itamaraty ressaltou que a plena vigência de um regime democrático depende da garantia de direitos fundamentais aos líderes de oposição. Entre esses direitos, destacam-se a liberdade de expressão, o direito de ir e vir, a realização de manifestações pacíficas e a segurança física dos opositores.

“O Brasil registra que, para a plena vigência de um regime democrático, é fundamental que se garantam a líderes da oposição os direitos elementares de ir e vir e de manifestar-se pacificamente com liberdade e com garantias à sua integridade física”, destacou a nota.

Essa declaração está alinhada à histórica posição brasileira de defesa dos princípios democráticos e dos direitos humanos, em especial nos países da América Latina.

Gesto de distensão e apelo ao diálogo

Apesar da condenação às ações repressivas, o governo brasileiro reconheceu avanços pontuais realizados pelo governo Maduro. Entre eles, o Itamaraty mencionou a liberação de cerca de 1.500 presos nos últimos meses, o que foi classificado como um gesto de distensão. Outro ponto destacado foi a reabertura do Escritório do Alto Comissariado de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) em Caracas, um movimento visto como positivo para o monitoramento da situação no país.

Contexto internacional

A repressão a opositores na Venezuela tem gerado preocupação na comunidade internacional. Diversos países e organizações internacionais têm se manifestado sobre a situação dos direitos humanos no país. Desde que assumiu o poder, Maduro tem sido alvo de críticas por sufocar a dissidência e por sua gestão da grave crise econômica e humanitária que afeta milhões de venezuelanos.

A postura do Brasil, ao se posicionar contra os abusos cometidos pelo regime venezuelano, reforça seu compromisso com a promoção da democracia e dos direitos humanos na região. Além disso, a declaração também sinaliza a importância do diálogo como ferramenta para a resolução pacífica de conflitos internos.

Perspectivas

A crise na Venezuela segue como um dos principais desafios políticos enfrentados pela América Latina. O Brasil, ao destacar a importância do diálogo e do respeito aos direitos humanos, busca incentivar outros países da região a adotarem soluções diplomáticas para o impasse.

No entanto, avanços concretos exigem medidas práticas por parte do governo de Nicolás Maduro, assim como a disposição das partes envolvidas em buscar um entendimento. Em meio a divisões internas e pressões externas, o país continua sob intensa atenção internacional, enquanto as denúncias de violações de direitos humanos reforçam a necessidade de iniciativas que promovam estabilidade e respeito aos valores democráticos.