Após vistorias do Iphan e Defesa Civil, seis igrejas são interditadas em Salvador
Força-tarefa intensifica fiscalizações após desabamento fatal na Igreja de São Francisco, no Pelourinho

Já são seis igrejas católicas interditadas em Salvador nesta quinta-feira (13), após vistorias realizadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e pela Defesa Civil da capital baiana identificarem problemas estruturais. A intensificação das inspeções ocorreu após a morte da turista Giulia Panchoni Righetto, de 26 anos, vítima do desabamento da forração do teto da Igreja de São Francisco, conhecida como “igreja de ouro”, no Centro Histórico.
Força-tarefa amplia fiscalização em templos históricos
Nos últimos dias, ao menos 11 igrejas passaram por inspeções de uma força-tarefa formada por 15 servidores de diferentes estados. Como resultado das vistorias, seis igrejas foram interditadas.
- Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem
- Igreja de Nossa Senhora do Monte Serrat
- Igreja dos Perdões
- Igreja de Nossa Senhora da Ajuda
- Igreja da Ordem Terceira do Carmo
- Igreja de São Miguel
Segundo o presidente do Iphan, Leandro Grass, o trabalho de fiscalização de bens tombados sempre foi realizado pelo órgão, mas a tragédia acelerou a necessidade de uma ação conjunta com outros setores.
“O Iphan sempre fiscalizou os bens tombados. Nós temos aí o incremento dessas ações em 2024. Fiscalizamos 2.395 bens. O que nós temos feito agora é integrar mais essas ações com a Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros, porque nós temos, em alguns desses bens, situações que carecem também da intervenção desses outros órgãos”, disse ao G1.
Principais problemas estruturais encontrados
Apesar de ainda não haver um balanço definitivo das irregularidades identificadas, Grass apontou os principais problemas comuns nesses imóveis históricos.
“No geral, o que nós podemos dizer que é uma realidade comum em vários centros históricos, em razão do modelo construtivo, dos tipos de material, muitos desses imóveis são feitos de madeira, madeira que está sendo corroída por cupins. Telhados que também têm uma estrutura de madeira passam por essa situação. Temos aí também, por falta de manutenção de muitos desses imóveis por parte dos proprietários, problemas de rachaduras, infiltração, mofo, excesso de sujeira”, detalhou.
Para que as igrejas possam ser reabertas, todas as falhas apontadas na vistoria precisarão ser corrigidas. Conforme o Iphan, a legislação brasileira permite que os proprietários de imóveis tombados que não têm condições financeiras de arcar com os custos da manutenção solicitem recursos públicos. Entretanto, Grass ressaltou que a ajuda de custo não é garantida.
“A legislação brasileira diz que os proprietários de imóveis tombados como bem cultural e que não têm condições financeiras de cuidar deles adequadamente podem receber recurso público, mas não significa que vão”, explicou.
Ele também enfatizou que a decisão final sobre interdições e reaberturas não cabe ao Iphan. “O Iphan vai com ela para que também atualize o seu banco de dados a respeito do estado dos bens, mas quem vai determinar o alto risco, com possibilidade de risco, é a Defesa Civil da cidade”, esclareceu.
Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem: interdição e impactos
A Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem foi interditada, na quarta-feira (12), devido ao risco iminente de desabamento do telhado. O templo, concluído em 1743 e tombado em 1938, é um dos mais tradicionais de Salvador e abriga a imagem do Bom Jesus dos Navegantes, além da embarcação Galeota Gratidão do Povo, utilizada na celebração marítima de 1º de janeiro.
De acordo com a representante da Coordenação Paroquial, Carlene Souza, a recomendação foi de interdição imediata. “Pois corre o risco do telhado cair. E a gente tem que zelar pela vida das pessoas que vêm à paróquia”, afirmou.
Segundo ela, a paróquia já havia alertado os órgãos responsáveis sobre a necessidade de reparos. Enquanto o templo permanece fechado, as missas e atividades religiosas serão realizadas no Salão Hugo Rossini.
“A gente já vinha há bastante tempo sinalizando isso aos órgãos competentes”, destacou.
O projeto de restauração já foi encaminhado ao Iphan e ao Ministério da Cultura, e agora a paróquia aguarda a liberação dos recursos para a realização das obras. O padre Edílson Bispo Conceição, coordenador da Comissão Arquidiocesana de Bens Culturais, enfatizou a importância de acelerar o processo.
“A nossa necessidade é que haja uma aceleração desse início de obras, para que se possa ter uma segurança de que a coisa está acontecendo e que não vai ruir o patrimônio, porque é muito mais fácil manter do que restaurar”, pontuou.
Homenagem para vítima do desabamento
Uma missa de sétimo dia homenageou na terça-feira (11), a turista Giulia Panchoni Righetto, que faleceu no desabamento da forração do teto da Igreja de São Francisco. A celebração ocorreu em um templo vizinho, no Centro Histórico de Salvador.
O caso segue sob investigação, a Polícia Federal (PF) assumiu, na segunda-feira (10), integralmente o inquérito. Até então, a apuração era conduzida em conjunto com a Polícia Civil da Bahia. Agora, os depoimentos já coletados serão transferidos para a PF, que dará continuidade ao caso.
Medidas emergenciais para recuperação da Igreja de São Francisco
De acordo com o Iphan, a última vistoria técnica na Igreja de São Francisco foi realizada em maio de 2024 e, na época, não foram identificados indícios de que a estrutura do teto pudesse ceder. No entanto, após o desabamento, foram adotadas medidas emergenciais para evitar novos acidentes e preservar o patrimônio.
As obras emergenciais incluirão:
- Escoramento e estabilização da estrutura, evitando novos desmoronamentos;
- Garantia da segurança do monumento e dos trabalhadores envolvidos na restauração;
- Diagnóstico, catalogação e proteção das peças artísticas, que serão restauradas e remontadas posteriormente.
O processo será dividido em etapas, com a primeira fase focada na estabilização da estrutura e a segunda na recuperação do templo.
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