Lula indica relação com Trump: ‘Se ele taxar os produtos brasileiros, haverá reciprocidade do Brasil’

Além da questão tarifária, Lula criticou decisões recentes de Trump, como a retirada de fundos da Organização Mundial da Saúde (OMS)


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Redação 30/01/2025 21:40 Política
Lula indica relação com Trump: ‘Se ele taxar os produtos brasileiros, haverá reciprocidade do Brasil’ - José Cruz/Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta quinta-feira (30), que adotará uma postura de “reciprocidade” com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Durante entrevista concedida no Palácio do Planalto, ele afirmou que, se o presidente americano decidir taxar os produtos brasileiros, o Brasil vai taxar os produtos americanos.

“Eu já governei o Brasil com presidente republicano, já governei com presidente democrata. E a minha relação é sempre a mesma, a relação é de um Estado soberano com outro Estado soberano, afirmou. O presidente ainda reforçou que qualquer taxação de produtos brasileiros resultaria em uma resposta similar do Brasil, sem complicações.

“Se ele taxar os produtos brasileiros, haverá reciprocidade do Brasil em taxar os produtos americanos. É simples, não tem nenhuma dificuldade”, declarou.

Além da questão tarifária, Lula criticou decisões recentes de Trump, como a retirada de fundos da Organização Mundial da Saúde (OMS) e a saída do Acordo de Paris. Para o presidente brasileiro, essas ações representam uma “regressão à civilização humana”.

Ele também abordou a relação do presidente dos EUA com outros países, mencionando controvérsias envolvendo a Groenlândia e o Panamá, e pediu respeito à soberania das nações.

Expectativa sobre as eleições no Congresso

Lula foi questionado sobre as eleições para as novas mesas diretoras da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, previstas para o fim de semana. No Congresso, a disputa na Câmara se concentra entre Hugo Motta (Republicanos-PB), que conta com amplo apoio de diversos partidos, incluindo o atual presidente Arthur Lira (PP-AL), e Henrique Vieira (PSOL-RJ), candidato da oposição.

No Senado, o ex-presidente Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) é o favorito para retomar o cargo, com suporte das principais bancadas. Lula afirmou que o governo federal não se envolverá nas eleições internas do Congresso, respeitando a escolha dos parlamentares.

“O presidente da República não se mete nisso. O meu presidente do Senado é aquele que ganhar. E o da Câmara, é aquele que ganhar”, afirmou.

O presidente ressaltou que, independentemente de quem vença, manterá uma relação respeitosa e colaborativa. “Quem ganhar, eu vou respeitar e estabelecer uma nova relação. Já demos demonstração que não tem dificuldade de governar se você tiver muita disposição de muita conversa”, concluiu o petista.

Governo avança em proposta de consignado para CLT

Também nesta quinta, Lula anunciou que o governo está trabalhando em uma proposta, para permitir que trabalhadores com carteira assinada (CLT) do setor privado, tenham acesso a crédito consignado com taxas de juros mais baixas. A medida foi destacada como um avanço significativo após um acordo com os bancos.

“Vai ser o maior programa de crédito da história desse país. Se prepare, vem uma bomba boa de crédito nesse país”, afirmou.

Ele enfatizou a importância de garantir acesso ao crédito de forma mais equitativa, destacando que “pouco dinheiro nas mãos de muitos significa distribuição e renda e muito dinheiro nas mãos de poucos significa miséria”.

Ele também mencionou que a proposta precisa de alguns ajustes na linguagem jurídica antes de ser enviada ao Congresso Nacional. A previsão é que a medida seja encaminhada em fevereiro, por meio de uma medida provisória ou um projeto de lei.

A proposta do governo visa a criação de uma plataforma digital que permitirá aos bancos acessar diretamente o perfil de crédito dos trabalhadores por meio do eSocial, sistema que já unifica informações trabalhistas e fiscais.

O objetivo é simplificar o processo, facilitando o acesso ao crédito consignado, especialmente para trabalhadores do setor privado, que atualmente enfrentam dificuldades devido à necessidade de convênios entre empresas e bancos.

Modelo de crédito e benefícios

O crédito consignado, no qual as parcelas do empréstimo são descontadas diretamente da folha de pagamento, já é amplamente utilizado no Brasil, especialmente por servidores públicos e aposentados do INSS. Esse modelo é atrativo por oferecer taxas de juros mais baixas em comparação com outros tipos de empréstimo. No entanto, ele é atualmente restrito para trabalhadores do setor privado, que só podem acessar esse crédito por meio de convênios entre empresas e bancos.

Na proposta do governo, as regras do crédito consignado para trabalhadores CLT devem permanecer inalteradas. Os trabalhadores poderão comprometer até 30% do salário com o empréstimo e utilizar até 10% do saldo do FGTS e da multa por demissão sem justa causa para quitar os débitos.

A medida visa aumentar a acessibilidade e garantir que mais trabalhadores possam utilizar o crédito consignado como uma alternativa para obter financiamento a custos menores.

Atualmente, a massa salarial dos trabalhadores CLT no setor privado é de cerca de R$ 113 bilhões, mas a oferta de crédito consignado nesse segmento ainda é limitada a R$ 40 bilhões. Em comparação, os aposentados do INSS e os servidores públicos, com uma massa salarial de R$ 120 bilhões, têm acesso a um volume de crédito consignado de R$ 600 bilhões.

A nova plataforma proposta pelo governo visa triplicar a oferta de crédito para trabalhadores CLT, ampliando significativamente as opções de financiamento para este grupo.

Brasil sediará reunião internacional sobre fome e pobreza

Em maio deste ano, o Brasil sediará a primeira reunião de altas autoridades desde o lançamento da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, ocorrido no final de 2024 durante a Cúpula do G20. O encontro reunirá ministros da Agricultura de diversos países africanos para discutir maneiras de aumentar a produtividade agropecuária.

Lula destacou que a reunião terá como objetivo principal mostrar as boas práticas desenvolvidas no Brasil e levar os ministros a campo para conhecer o que está sendo feito no país.

“Nós vamos fazer uma reunião para mostrar o que temos de bom no Brasil, levar eles [ministros] a campo para ver o que está acontecendo de bom, e depois fazer uma reunião técnica, coordenada pela Embrapa, pelo Ministério das Relações Exteriores, pra gente transferir um pouco de conhecimento para os nossos companheiros africanos e ver se a gente combate a fome de verdade”, explicou.

A Aliança Global contra a Fome e a Pobreza conta com a adesão de 82 países, 24 organizações internacionais, nove instituições financeiras e 34 entidades filantrópicas e não governamentais.

A iniciativa tem como metas atingir 500 milhões de pessoas com transferências de renda, fornecer alimentação escolar a 150 milhões de crianças e garantir saúde e acompanhamento de gestação para 200 milhões de mulheres e crianças de até seis anos. Além disso, busca gerar emprego e apoiar o empreendedorismo para 100 milhões de pessoas.

De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), entre 713 milhões e 757 milhões de pessoas podem ter passado fome em 2023, representando uma em cada 11 pessoas no mundo e uma em cada cinco na África.

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