O ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, negou, neste sábado (22), a existência de uma crise em relação à suspensão das linhas subsidiadas do Plano Safra 2024/2025. O programa teve parte das operações interrompidas após decisão do Tesouro Nacional na última quinta-feira (20). Segundo Costa, apesar das “dificuldades” devido à não aprovação do orçamento, o governo buscará uma solução técnico-jurídica para garantir a continuidade do financiamento rural.

“Não acho que tem crise, não. Temos uma dificuldade formal em relação à não aprovação do orçamento. Mas vai ser encontrada uma solução técnico-jurídica que garanta a continuidade (do Plano Safra)”, declarou Rui Costa durante as comemorações dos 45 anos do Partido dos Trabalhadores (PT), no Rio de Janeiro.

Pressão do agronegócio e intervenção de Lula

A declaração ocorre após pressão do agronegócio e a intervenção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que, na sexta-feira (21), solicitou uma “solução imediata para o problema”. Em resposta, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou a edição de uma medida provisória para liberar R$ 4 bilhões em crédito extraordinário, ainda dependendo da aprovação orçamentária para uma solução definitiva.

Governo libera financiamento rural com crédito subsidiado

O governo enviou, na noite de sexta-feira (21), um ofício aos bancos autorizando a retomada da contratação de financiamento rural com crédito subsidiado pelo Plano Safra 2024/2025. Contudo, segundo fontes, as operações ainda estão condicionadas à publicação de uma Medida Provisória no Diário Oficial da União (DOU), conforme indicado no próprio documento.

O ofício, assinado pelo secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, orienta os bancos a monitorarem as publicações para retomarem as operações assim que houver formalização. “Neste sentido, sugiro o monitoramento das publicações para tempestivamente procederem à retomada das contratações”, escreveu Ceron.

O documento esclarece que o crédito extraordinário tem como “finalidade exclusiva o pagamento dos valores de equalização de taxas de juros das operações cujas contratações haviam sido suspensas por meio do Ofício Circular SEI 282/2025/MF”.

A rápida movimentação do governo para restabelecer o crédito agrícola ocorreu após a revelação de que os ministérios envolvidos não haviam sido previamente informados sobre a suspensão, conforme apurado pelo Estadão/Broadcast.

Lula critica previsões do mercado

Durante seu discurso no evento de 45 anos do PT, Lula criticou as projeções econômicas feitas pelo mercado financeiro e reafirmou sua expectativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2024. Segundo o presidente, a economia brasileira deve avançar 3,8%, em linha com as estimativas do Banco Central.

“Em 2023, enquanto o mercado previa um ‘pibzinho’ de 0,8%, nós tivemos um PIB quatro vezes maior, de 3,2%. Em 2024, o crescimento da economia deve ser ainda maior, possivelmente de 3,8% segundo o Banco Central. Esse dinamismo é resultado de diversos fatores”, declarou Lula.

O presidente recordou que, ao deixar o governo em 2010, o Brasil registrava um crescimento de 7,5% e destacou que o último crescimento superior a 3% antes de seu terceiro mandato ocorreu durante a gestão de Dilma Rousseff.

Lula atribuiu os resultados positivos ao trabalho de sua equipe econômica, com destaque para o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a quem creditou a redução do déficit fiscal para 0,09% do PIB.

Entre os fatores que impulsionam o crescimento, o presidente destacou a retomada dos investimentos em infraestrutura, o aumento da atividade produtiva e a ampliação do mercado de trabalho. Ele também reafirmou seu compromisso em erradicar a fome no Brasil até 2026 por meio do programa “Fome Zero”.

Futuro do PT e necessidade de adaptação

Ao encerrar sua participação no evento, Lula enfatizou a continuidade do Partido dos Trabalhadores na política brasileira e a importância de se adaptar aos novos tempos sem perder a essência.

“Nós, o PT, ainda estamos aqui”, disse Lula, em referência ao filme de Walter Salles. “E para continuar a mudar o Brasil, o PT precisa mudar sem mudar a sua essência”, completou o presidente.

Lula reforçou a necessidade de o partido estar atento às novas tecnologias e de reagir com rapidez à disseminação de notícias falsas. Segundo ele, a comunicação ágil será fundamental para enfrentar os desafios futuros e garantir que o legado do PT continue impactando positivamente a vida dos brasileiros.