Líderes da Câmara cobram reforma ministerial e maior articulação do governo Lula
Pacote de corte de gastos expõe tensões entre o governo e sua base no Congresso Nacional
Na Câmara dos Deputados, líderes partidários e figuras importantes como Arthur Lira (PP) criticam a articulação política do governo Lula e cobram mudanças na distribuição de cargos na Esplanada dos Ministérios. Insatisfeitos com o desprestígio de suas legendas, partidos da base como União Brasil e PSD pedem uma reforma ministerial para reequilibrar a representatividade e melhorar a governabilidade, especialmente após as dificuldades enfrentadas na votação do pacote de corte de gastos.
Brigas internas dificultam articulação política
A votação do pacote de cortes de gastos públicos revelou a fragilidade da base governista. Apesar de ocupar pastas estratégicas como Comunicações, Turismo e Integração e Desenvolvimento Regional, o União Brasil, terceira maior bancada da Câmara com 59 deputados, demonstrou apoio tímido ao governo. No primeiro turno da PEC, 36 deputados votaram contra; no segundo, 22 repetiram o posicionamento.
Já o PSD, que comanda os ministérios de Minas e Energia, Agricultura e Pesca, enfrenta um problema de representatividade. O ministro Alexandre Silveira, por não ter mandato eletivo, é visto mais como uma indicação pessoal do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, do que como um representante legítimo da legenda. “O maior apoio da sigla ao pacote foi um gesto natalino diante das dificuldades no Palácio do Planalto”, comentou um deputado.
Falta de diálogo entre Executivo e Legislativo
Além da questão ministerial, a distância de Lula em relação aos parlamentares foi amplamente criticada. O presidente tem evitado encontros regulares com deputados e senadores, algo que líderes partidários avaliam como essencial para a articulação política. A recente internação de Lula por motivos de saúde gerou questionamentos sobre sua decisão de não transferir temporariamente o cargo para o vice-presidente, Geraldo Alckmin.
No Congresso, a disputa interna no PT também atrapalha as negociações. Fernando Haddad tem assumido um papel de articulador, função que deveria ser desempenhada por Alexandre Padilha, ministro das Relações Institucionais. “Há uma dissonância clara: enquanto Haddad negocia com o Legislativo, Padilha permanece distante”, apontou um líder.
Arthur Lira e o futuro da Câmara
Arthur Lira, presidente da Câmara, considera essencial uma reforma ministerial para ajustar o clima interno. Em reuniões com aliados, ele destacou o descompasso entre a representatividade partidária e o controle de recursos nas pastas, especialmente do PT. Ele também criticou a falta de avanços em projetos como o PL das fake news e lamentou a falta de imposição do Congresso sobre o Executivo.
Outro tema de interesse é a anistia aos presos do 8 de Janeiro, cuja tramitação foi freada pela criação de uma comissão especial. Lira já indicou que a pauta deve voltar à discussão no próximo ano.
Futuro político e reforma partidária
Após deixar a presidência da Câmara, Lira planeja focar na criação de uma federação partidária entre União, PP e Republicanos. Com 153 deputados e 17 senadores, o grupo teria maioria no Congresso. A longo prazo, Lira mira uma candidatura ao Senado em 2026, em uma disputa que promete ser acirrada contra Renan Calheiros.
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