Pesquisa indica queda no endividamento das famílias em janeiro
Proporção de famílias com contas a vencer diminuiu para 76,1%, um pequeno recuo em relação ao mês anterior (76,7%)

As famílias brasileiras apresentaram uma redução no nível de endividamento e inadimplência em janeiro deste ano, segundo dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), a proporção de famílias com contas a vencer diminuiu para 76,1%, um pequeno recuo em relação ao mês anterior (76,7%). No comparativo anual, a queda foi mais expressiva, com uma redução de 2 pontos percentuais em relação a janeiro de 2024 (78,1%). As informações são da Agência Brasil.
Apesar da melhora nos índices de endividamento, a pesquisa revelou um aumento no comprometimento da renda das famílias com o pagamento de dívidas. Em janeiro, 30% da renda das famílias foi destinada ao pagamento de dívidas, o maior valor registrado desde maio de 2024. Isso indica que, embora o endividamento tenha diminuído, os consumidores estão enfrentando um aumento na parcela de seus ganhos destinados à quitação de débitos.
A inadimplência também apresentou uma leve queda, com 29,1% das famílias com dívidas em atraso em janeiro, um pequeno recuo em relação aos 29,3% registrados em dezembro. No entanto, essa taxa foi superior à observada no mesmo período do ano anterior, quando 28,3% das famílias estavam inadimplentes. Entre os inadimplentes que não tinham condições de quitar suas dívidas, a proporção também caiu de 13% em dezembro para 12,7% em janeiro.
Percepção de endividamento e os impactos da alta dos juros
A CNC destaca que, apesar da redução na inadimplência, houve um aumento na percepção de endividamento entre os brasileiros. Em janeiro, 15,9% da população considerou-se “muito endividada”, um aumento em relação aos 15,4% registrados no final de 2024.
Esse aumento na percepção de endividamento está relacionado ao maior comprometimento da renda das famílias, que em janeiro destinou mais da metade dos seus ganhos ao pagamento de dívidas, uma taxa superior ao registrado nos meses anteriores.
José Roberto Tadros, presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, apontou que a alta dos juros e a seletividade do crédito têm levado os consumidores a se endividarem menos, mas a perceberem-se mais endividados.
“Os juros elevados e a seletividade do crédito fazem com que os consumidores procurem fazer menos dívidas e, como efeito adverso, aumentam sua percepção de endividamento. A leve melhora da inadimplência indica que houve um esforço nas casas brasileiras para equilibrar suas finanças, mas o comprometimento crescente da renda acende um sinal de alerta para a economia em 2025”, afirmou.
Além disso, a CNC indicou que o uso do cartão de crédito segue sendo a principal modalidade de crédito utilizada pelos consumidores, com 83,9% dos endividados utilizando esse recurso. Esse dado reflete a contínua dependência do crédito para consumo, o que contribui para o comprometimento das finanças das famílias.
Previsões e desafios para 2025
Embora os índices de endividamento e inadimplência tenham mostrado uma leve melhora, a CNC prevê um aumento nos níveis de endividamento ao longo de 2025. A organização estima que 77,5% das famílias estarão endividadas até o final do ano e que 29,8% estarão inadimplentes.
Felipe Tavares, economista da CNC, alertou que a necessidade de recorrer ao crédito para consumo, aliada aos juros elevados, pode tornar a gestão financeira mais desafiadora para os brasileiros.
“Apesar da queda do endividamento, as dívidas estão consumindo uma parcela maior da renda das famílias brasileiras, especialmente por causa dos juros altos e prazos mais curtos. Esse cenário pode manter a inadimplência em patamares elevados nos próximos meses”, explica.
A pesquisa também revelou que, entre as famílias de renda mais baixa, houve uma redução no endividamento, com a proporção de endividados diminuindo de 80,5% em dezembro para 79,5% em janeiro. No entanto, na classe média baixa, a proporção de endividados aumentou levemente, de 78,2% para 78,5%. Entre as famílias com renda superior a cinco salários mínimos, o endividamento permaneceu praticamente estável.
Quanto à inadimplência, o estudo apontou que, entre as famílias de baixa renda (com até três salários mínimos), 37,8% estavam inadimplentes, enquanto nas classes médias baixa e média, a inadimplência caiu. No entanto, as famílias de renda mais alta mantiveram uma taxa de inadimplência estável.
Expectativa de crescimento do endividamento
Apesar da melhora observada em janeiro, a CNC adverte que o endividamento das famílias pode voltar a crescer, principalmente devido à necessidade de recorrer ao crédito e aos juros elevados.
“A necessidade de recorrer ao crédito para consumo, somada à manutenção de juros elevados, deve tornar a gestão financeira um desafio ainda maior para os consumidores brasileiros”, afirmou Tavares. A pesquisa também destacou que as famílias devem continuar enfrentando dificuldades para equilibrar suas finanças ao longo de 2025, com uma possível elevação dos índices de inadimplência.
A pesquisa da CNC abrange diversos tipos de dívidas, incluindo cartão de crédito, cheque especial, carnês de loja, crédito consignado e empréstimos pessoais.
Redação
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