A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) declarou, nesta quinta-feira (3), que está analisando as tarifas de importação anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. As novas taxas, divulgadas na última quarta-feira (2), incluem uma tarifa de 10% sobre a carne bovina brasileira.

“Primeiro vamos entender o anúncio para nos pronunciar”, afirmou a entidade por meio de sua assessoria de imprensa.

Parceria comercial entre Brasil e EUA

Apesar do aumento tarifário, a Abiec acredita que a parceria comercial entre Brasil e Estados Unidos pode se fortalecer. A entidade destaca que o mercado norte-americano enfrenta desafios em seu ciclo pecuário e, nos próximos 2 anos, precisará garantir volume, qualidade e preço para suprir sua demanda. “E esse parceiro é o Brasil”, reforça a associação.

Tarifas já eram elevadas para exportações brasileiras

Atualmente, a carne bovina brasileira que entra nos Estados Unidos dentro da cota de importação é taxada em 26,4% caso ultrapasse o limite de 65 mil toneladas, distribuídas entre dez países. Segundo a Abiec, essa cota costuma se esgotar logo no primeiro mês do ano. Em 2023, mais de 70% das exportações brasileiras de carne bovina para os EUA pagaram essa tarifa elevada.

O Brasil está inserido em um ciclo de alta nos preços da carne bovina, mas ainda assim possui capacidade de fornecimento, exportando apenas 25% do que produz. Essa condição pode garantir uma continuidade da relação comercial com os Estados Unidos, mesmo diante das novas tarifas impostas por Trump.

Impacto das tarifas sobre suco de laranja ainda é avaliado

A Associação Nacional de Sucos Cítricos (Citrus BR) também está estudando as consequências das tarifas anunciadas para os produtos brasileiros. De acordo com Ibiapaba Netto, diretor executivo da entidade, ainda há dúvidas se a tarifa de 10% será aplicada de forma cumulativa às taxas já existentes ou se ocorrerá uma uniformização dos tributos. “Ainda vamos ler a ordem executiva do governo dos EUA para avaliar”, explicou Netto.

Atualmente, os Estados Unidos aplicam uma tarifa fixa de US$ 415 por tonelada de suco de laranja brasileiro. Com base nos preços futuros na Bolsa de Nova York, essa taxa representa entre 11% e 12% do valor do produto. No entanto, quando o preço do suco cai, a tarifa pode chegar a 30% por tonelada.

Brasil segue como maior exportador de suco de laranja para EUA

Em 2024, o Brasil exportou 1,346 milhão de toneladas de suco de laranja para os Estados Unidos, um volume levemente superior ao registrado em 2023, quando as exportações somaram 1,34 milhão de toneladas. O faturamento das exportações brasileiras de suco para o mercado norte-americano foi de US$ 1,193 bilhão no ano passado, um crescimento de 27% em relação a 2023, quando o setor arrecadou US$ 930 milhões.

A expectativa do setor é de que as negociações entre os governos brasileiro e norte-americano possam mitigar impactos negativos sobre as exportações nacionais. “Por enquanto, estamos analisando os impactos e, assim que tivermos uma posição consolidada, falaremos”, concluiu Netto.

Possíveis desdobramentos das tarifas

Com o aumento tarifário, o governo brasileiro pode buscar alternativas para minimizar os impactos sobre os setores afetados. As estratégias podem incluir a negociação de novas cotas de exportação ou o fortalecimento de acordos comerciais com outros mercados. Enquanto os exportadores analisam o novo cenário, o mercado segue atento aos desdobramentos políticos e econômicos da medida, que pode impactar tanto a oferta de produtos brasileiros nos Estados Unidos quanto os preços no mercado interno.