Jimmy Carter, ex-presidente dos Estados Unidos, morre aos 100 anos

O ex-presidente dos Estados Unidos e vencedor do Nobel da Paz, Jimmy Carter, morreu no último domingo (29), aos 100 anos, em sua casa na cidade de Plains, estado da Geórgia, mesma cidade onde nasceu. O anúncio da morte foi dado pelo Carter Center, acompanhado de uma nota da família do ex-presidente, na qual os filhos se despediram. A informação é da Reuters.

“Meu pai foi um herói, não só para mim, mas para todos que acreditam na paz, nos direitos humanos e no amor altruísta. Meus irmãos, minha irmã e eu o compartilhamos com o mundo por meio dessas crenças comuns. O mundo é nossa família pela maneira como ele uniu as pessoas, e agradecemos por honrar sua memória continuando a viver essas crenças compartilhadas”, declarou um dos filhos do ex-presidente, Chip Carter.

Na presidência dos EUA

Jimmy Carter passou os primeiros anos de sua vida como fazendeiro de amendoim, até que se interessou pela política. Assumiu a presidência dos EUA em janeiro de 1977, permanecendo no cargo até 1981. Durante sua gestão, foi crítico a ditaduras latino-americanas, como as de Pinochet, no Chile, e a ditadura militar no Brasil. Antes de ser presidente, atuou como senador e governador de seu estado natal.

Carter governou em meio às pressões provocadas pela Guerra Fria, mercados de petróleo turbulentos e revoltas sociais sobre racismo, direitos das mulheres e o papel global dos Estados Unidos. Sua maior conquista como presidente foi o acordo de paz no Oriente Médio, mediado por ele ao manter o presidente egípcio Anwar Sadat e o primeiro-ministro israelense Menachem Begin na mesa de negociações por 13 dias, em 1978.

Entretanto, Carter enfrentou crises durante seu governo, vendo sua coalizão eleitoral se fragmentar devido à inflação de dois dígitos, filas de gasolina e uma crise diplomática com o Irã, que resultou no sequestro de 52 norte-americanos mantidos reféns por 444 dias. O momento mais sombrio de sua gestão foi quando oito americanos morreram em um resgate de reféns fracassado, em abril de 1980. Esse fato foi um dos principais motivos para sua derrota nas eleições presidenciais, entregando o cargo ao republicano Ronald Reagan.

Em um livro publicado em 2020, chamado “Diário da Casa Branca”, Carter reconheceu que poderia ter adotado uma postura menos “microgerenciadora”. “Não demorou muito para percebermos que a subestimação existia, mas naquela época não éramos capazes de reparar o erro”, declarou Carter a historiadores em 1982, revelando que tinha uma “incompatibilidade inerente” com várias pessoas de Washington.

Mesmo saindo derrotado das eleições e extremamente impopular entre os norte-americanos, ele continuou atuando politicamente por meio do Carter Center, criado por ele em 1982, responsável por desenvolver diversas ações diplomáticas ao redor do mundo. Após deixar a Casa Branca, foi reconhecido como ícone na luta pelos direitos humanos e pela democracia.

Nobel da Paz

Em 2002, Jimmy Carter foi premiado com o Nobel da Paz por seu “esforço incansável para encontrar soluções pacíficas para conflitos internacionais, impulsionar a democracia e os direitos humanos e promover o desenvolvimento econômico e social”.

100 anos de vida

“Tive uma vida maravilhosa. Tive milhares de amigos. E tive uma existência emocionante, aventureira e gratificante”, declarou o ex-presidente em 2015. Carter, inclusive, é reconhecido como o ex-presidente mais longevo da história dos EUA.

Escreveu diversas obras literárias, desde uma biografia (já citada anteriormente) até livros de histórias infantis e poesias. Abertamente cristão, seu último livro foi publicado em 2018, intitulado “Faith: A Journey for All” (Fé: uma jornada para todos).