Ilê Aiyê: O Carnaval de 50 Anos que promete marcar a história
No Carnaval de 2025, o bloco afro vai desfilar com o tema “Kenya: Berço da Humanidade”

Fundado em 1974 no bairro da Liberdade, em Salvador, o Ilê Aiyê é reconhecido como o primeiro bloco afro do Brasil. Sua criação marcou um importante passo na luta contra o racismo e na valorização da cultura negra. O grupo utiliza a música, a dança, o vestuário e a ilustração como formas de expressão cultural, além de realizar projetos de extensão pedagógica para fortalecer o ensino de temas relacionados à história negra.
No Carnaval de 2025, o Ilê Aiyê celebrará seus 50 anos com o tema “Kenya: Berço da Humanidade”. O desfile contará a história, a cultura e a luta do povo queniano, destacando a importância do país e da África na formação da humanidade e nas raízes culturais do Brasil.
O desfile do bloco, que tradicionalmente começa no bairro do Curuzu e segue para o circuito Osmar, no Campo Grande, promete levar os foliões a uma jornada ancestral. Haverá homenagens a figuras históricas como Dedan Kimathi, Wangari Maathai e Jomo Kenyatta, que resistiram à opressão colonial.
O tema também destacará o Quênia como um dos primeiros territórios habitados por seres humanos, com fósseis de hominídeos como o Homo habilis e o Homo erectus encontrados na região. Através de danças, alegorias e os tradicionais tambores do bloco, o desfile exaltará a cultura do país, fortalecendo a conexão entre Brasil e África.
Deusa do Ébano
A jovem influenciadora digital Lorena Bispo, de 22 anos, é a Deusa do Ébano 2025, eleita na tradicional Noite da Beleza Negra, realizada pelo bloco afro Ilê Aiyê, no Curuzu, em Salvador, no dia 15 deste mês. A vencedora do concurso assume o papel de representante oficial do Ilê Aiyê e participa de desfiles, eventos e ações sociais promovidas pelo bloco ao longo do ano.
A Noite da Beleza Negra, que acontece há 44 anos, é um dos eventos mais esperados do calendário cultural baiano e tem como objetivo exaltar a estética negra, a identidade afrodescendente e o empoderamento feminino.

História
O Ilê Aiyê foi idealizado pela ialorixá Mãe Hilda Jitolu e seu filho, Antonio Carlos dos Santos, o Vovô do Ilê. Inspirado pelos movimentos de direitos civis dos Estados Unidos, pela luta contra o colonialismo na África e pelos movimentos Black Power e Panteras Negras, o bloco foi criado para oferecer um espaço exclusivo para negros no carnaval de Salvador. O nome Ilê Aiyê, em iorubá, significa “casa” e “terra”, reforçando a conexão do grupo com o candomblé.
Durante a mesa “O mais belo dos belos – Ilê Aiyê faz 50 anos”, no “Café Literário” da Bienal do Livro Bahia em 2024, Vovô lembrou que, antes da existência do bloco, costumava assistir a blocos e escolas de samba e se perguntava: “Cadê o povo preto?”
“Tínhamos certa influência do movimento negro americano e surgiu a ideia de fazer um bloco só de negão. Fui para casa e aí minha mãe [Hilda Jitolu] entrou na história. Contei a ela, achou a ideia ótima e disse: ‘As meninas também vão participar’. Eu disse: ‘Sim, é claro. Pois eu também vou sair. Se meus filhos forem presos, também vou’. Ela começou a monitorar e nos orientar. Eu queria botar o nome do bloco de Black Power”, contou.
Crescimento e Consolidação
No início, o Ilê Aiyê reuniu cerca de cem foliões, com apenas 15 instrumentistas, contrastando com os grandes desfiles posteriores. A primeira apresentação foi alvo de críticas racistas e recebeu vaias da imprensa e da sociedade, mas a música tema do bloco, composta por Paulo Vitor Bacelar e interpretada por Gilberto Gil, conquistou popularidade e ajudou a aumentar a adesão ao grupo.
Em 1977, o bloco já contava com mil integrantes e consolidou a Liberdade como um espaço de resistência negra, sendo reconhecido como um “Harlem baiano”.
O Ilê Aiyê buscou transformar o Carnaval de Salvador, promovendo a africanização da festa e incentivando a valorização da identidade negra. O bloco passou a inspirar o uso de tranças, cabelos black power, roupas africanas e búzios, que se tornaram símbolos visuais do grupo. O artista plástico J. Cunha foi responsável pelas estampas das fantasias e dos cenários do bloco entre 1980 e 2005, sendo sucedido por Raimundo Souza dos Santos, o Mundão.
Educação e Preservação Cultural
O Ilê Aiyê também se tornou um centro de formação cultural, criando uma escola de percussão em 1992, que capacita jovens instrumentistas para a Band’Aiyê. Em 1995, o grupo começou a publicar anualmente os Cadernos de Educação, abordando temas relacionados à história negra.
Em 2003, inaugurou sua sede, consolidando-se como uma instituição dedicada à preservação da cultura afro-brasileira. Em 2010, após ser reconhecido como patrimônio cultural da Bahia, o bloco passou a aceitar foliões brancos, decisão que gerou polêmica entre seu público original.
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