O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou neste domingo (16), em um ato na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, que continuará sendo um “problema” para o Supremo Tribunal Federal (STF), mesmo que seja “preso ou morto”. A declaração foi feita diante de uma multidão de apoiadores, enquanto ele reiterava seu apoio à anistia dos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.

Bolsonaro critica o STF e defende anistia

Bolsonaro afirmou que já há votos suficientes no Congresso para aprovar o projeto de anistia e alegou que, se estivesse no Brasil no dia dos ataques, estaria preso ou morto. “Eu estava nos Estados Unidos. Se eu estivesse aqui, estaria preso até hoje ou, quem sabe, morto por eles. Eu sou um problema para eles, preso ou morto”, declarou.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou o ex-presidente como líder de um plano para manter-se no poder após ser derrotado nas eleições de 2022. Durante o ato, Bolsonaro alegou que as penas impostas pelo STF aos vândalos do 8 de janeiro foram calculadas para justificar uma eventual condenação sua. “Se é 17 anos para as pessoas humildes, é para justificar 28 anos para mim”, disse.

Ao lado de familiares de Cleriston Pereira da Cunha, preso durante os atos e morto na Penitenciária da Papuda, Bolsonaro disse que “patriotas” precisaram fugir do país para escapar da perseguição do STF. “Já temos votos suficientes para aprovar na Câmara. Se Lula vetar, nós derrubaremos o veto”, declarou.

Alianças e ataques a Alexandre de Moraes

Bolsonaro afirmou que o presidente do PSD, Gilberto Kassab, teria garantido apoio das bancadas do partido no Congresso para aprovar a anistia. “Eu tinha um velho problema e resolvi com o Kassab em São Paulo. Ele está ao nosso lado, com a sua bancada, para aprovar a anistia”, afirmou.

O ex-presidente também criticou o ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), acusando-o de parcialidade nas eleições de 2022. “Houve sim uma mão pesada do Alexandre de Moraes. Eu não podia mostrar imagens do Lula defendendo o aborto, nem dele defendendo o uso de celular para comprar bebida”, alegou.

Bolsonaro voltou a questionar o resultado das eleições e citou um inquérito sigiloso do STF que resultou em sua inelegibilidade até 2030. “Por que perdemos a eleição? Será que a resposta está no inquérito 1.361, secreto até hoje?”, questionou.

Tarcísio de Freitas reforça apoio à anistia

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), também discursou no evento, subindo o tom contra o STF. “Estamos aqui para exigir a anistia daqueles inocentes que receberam penas desarrazoadas. Quero ver quem vai ter coragem de se opor ao projeto da anistia”, disse.

Tarcísio questionou a inelegibilidade de Bolsonaro e afirmou que a liberdade no Brasil está ameaçada. “No dia em que a árvore da liberdade morrer, vão embora os frutos: o investimento, a segurança jurídica, a prosperidade e a própria democracia”, afirmou.

O governador garantiu que pediriam urgência na tramitação do projeto na Câmara. “Nesta semana, vamos protocolar o pedido de urgência para que a anistia entre na pauta da semana que vem”, disse.

Contexto político

A proposta de anistia é uma das principais bandeiras do PL e de aliados de Bolsonaro no Congresso. O projeto deve enfrentar resistência no Senado e no próprio STF, que tem reiterado que os condenados pelos atos de 8 de janeiro responderam por crimes contra a democracia.

O ato na Praia de Copacabana ocorre em um momento em que Bolsonaro busca mobilizar sua base e fortalecer sua posição política diante dos processos que enfrenta. Mesmo inelegível, ele se apresenta como líder da oposição e projeta influência nas eleições de 2026.