Maria Bethânia e Caetano Veloso realizaram, na noite de sábado (15), o penúltimo show da turnê conjunta que vem percorrendo o Brasil. No entanto, a apresentação na Farmasi Arena, no Rio de Janeiro, foi marcada por um momento de tensão. Aos 78 anos, a cantora precisou interromper sua performance devido a problemas técnicos no som, demonstrando insatisfação com a qualidade do áudio.

Show no Rio de Janeiro

O incidente ocorreu enquanto Bethânia cantava “As Canções que Você Fez pra Mim” em seu bloco solo do show. Visivelmente incomodada, ela começou a reclamar da sonorização no palco: “Está tudo errado aqui no som. Não dá para cantar com esse som”. Pouco depois, interrompeu a música de maneira enfática: “Me respeitem! Eu não vou cantar com esse som”. A atitude da artista gerou aplausos do público presente.

A apresentação ficou suspensa por alguns minutos enquanto Bethânia dialogava com a equipe técnica, demonstrando irritação com a situação. Ela explicou à plateia que seu microfone havia sido trocado e que o retorno de áudio estava prejudicando sua performance. “Só tem chiado no meu ouvido. Não é absolutamente o som que eu estava cantando. Querem me desafiar. Ficaram zangados comigo ontem no ensaio porque eu briguei com o som. E acabou”, desabafou.

Ainda insatisfeita, Bethânia sugeriu que chamassem Caetano Veloso para adiantar o encerramento do espetáculo. Diante da reação da plateia, que lamentava a situação, ela reforçou seu posicionamento: “Não posso fazer o solo se não tenho voz. Sou uma cantora, eu não tenho outra coisa senão minha voz. Eu sinto muito. É uma vergonha, no Rio de Janeiro, a gente voltar e acontecer isso”.

Apesar da interrupção, a cantora finalizou “As Canções que Você Fez pra Mim”, mas optou por não cantar “Negue”, canção que tradicionalmente encerra sua parte solo no show. Após o episódio, Caetano Veloso subiu ao palco, e a apresentação seguiu normalmente, com os dois juntos no desfecho do espetáculo.

Maria Bethânia recebe homenagem de Caetano

No dia 13 de fevereiro, a cantora e ícone da MPB, Maria Bethânia, celebrou 60 anos de carreira. Dona de uma voz marcante e de inúmeros sucessos, Bethânia nasceu em Santo Amaro, interior da Bahia, no ano de 1946, e é a filha caçula do casal Canô Velloso e Zeca Velloso e irmã do também cantor Caetano Veloso.

Por meio das redes sociais, Caetano relembrou momentos que teve com Bethânia ao longo dos anos de carreira, comparando a voz de ambos e chamando as semelhanças entre elas de “elementos genéticos”.

“Conheço a voz de Bethânia desde dentro. Ela foi se desenvolvendo pertinho de mim e tinha os elementos genéticos que estão presentes na minha própria voz, na de meus outros irmãos e na de meus filhos. Sua voz também sempre foi assim, peculiar, com tons de cobre e de água-marinha. É uma textura que veicula sentimentos de inteligência intensos e imediatos. É uma voz pessoal, indissociável, e desde sempre atada à música através da poesia”, disse Caetano no vídeo publicado.

Ainda na postagem, o cantor agradeceu os anos de parceria e afirmou que “o Brasil, o palco, o Recôncavo, a língua portuguesa, a canção, nossos corações e nossas medulas agradecem todos os dias pela existência de Bethânia”.

Quem também celebrou a data foi Alceu Valença, que conheceu a cantora em 1985, quando ela havia acabado de lançar Na Primeira Manhã. Em entrevista à New Mag, o cantor interpretou a música Janeiro a Janeiro em homenagem à amiga. “Pra começar, eu vou te amar o ano inteiro / De janeiro a janeiro, meu amor, sem atropelo […] Parabéns, Maria Bethânia, por seus 60 anos de carreira! Você é brilhante como estrela, uma constelação. Beijão!”.

Já a ‘Marrom’, Alcione, chamou Bethânia de irmã. “Bethânia é verdadeira. Ela é de verdade, não faz tipo, não segue modismos. Além de uma intérprete impecável, sua dedicação ao trabalho também é primorosa. Tenho a honra de tê-la como amiga e como irmã”, escreveu.

“Maria Bethânia inscreveu seu nome definitivamente na história da música brasileira quando substituiu Nara Leão no Opinião, cantando a plenos pulmões a icônica Carcará. Bethânia é uma artista que não canta somente com a voz, leva junto seu gestual com tal força que envolve corpo e espírito de forma inigualável. Sua voz grave e marcante fez dela um dos maiores expoentes da nossa música”, destacou a cantora Joanna.