Cessar-fogo entre Israel e Hamas entra em vigor e primeiro estágio prevê liberação de reféns e troca de prisioneiros
Estimativas indicam que a recuperação completa da região pode levar mais de 350 anos

O cessar-fogo entre Israel e o Hamas, previsto para começar à 1h30 (horário de Brasília), começou neste domingo (19) quase três horas depois do esperado. A trégua, que visa interromper o conflito de 15 meses na Faixa de Gaza, iniciou às 6h15, após um atraso na entrega da lista de reféns a serem libertados. O Hamas justificou a demora alegando “motivos técnicos” e assegurou seu compromisso com o acordo. A liberação dos reféns deve ocorrer ainda nesta manhã.
Acordo em fases
O acordo de cessar-fogo, mediado por Estados Unidos, Catar e Egito, é a segunda trégua no conflito e prevê três fases. A primeira fase, com duração de 42 dias, contempla a liberação de 33 reféns israelenses pelo Hamas, incluindo mulheres, crianças, soldados e idosos. Em contrapartida, Israel se comprometeu a libertar até 737 prisioneiros palestinos, com base na proporção de reféns civis e militares.
O governo israelense, liderado pelo premiê Benjamin Netanyahu, aprovou o acordo após uma reunião extensa na madrugada de sábado (18), ultrapassando o início do Sabbat. Além da troca de reféns, o acordo visa aliviar a crise humanitária em Gaza, com a entrada de cerca de 600 caminhões de ajuda humanitária por dia. O retorno dos civis deslocados e a suspensão das atividades militares em áreas densamente povoadas também fazem parte das condições da primeira fase.
Na segunda fase, as negociações terão início após 16 dias de cessar-fogo, com o objetivo de declarar “cessação permanente das hostilidades“. O Hamas deverá liberar o restante dos reféns em troca de mais prisioneiros palestinos. A terceira fase se concentrará na entrega dos corpos dos reféns mortos e na reconstrução da Faixa de Gaza. As estimativas indicam que a recuperação completa da região pode levar mais de 350 anos devido aos danos causados pelos bombardeios israelenses.
Primeira fase: liberação de reféns e prisioneiros
Durante a primeira fase do cessar-fogo, o Hamas se comprometeu a liberar 33 reféns israelenses. Israel, por sua vez, anunciou que irá liberar 737 prisioneiros palestinos, com prisioneiros de longa duração inclusos. As liberações acontecerão em troca de reféns israelenses, com um número maior de prisioneiros sendo libertados para cada refém militar.
A negociação também inclui a promessa de que prisioneiros palestinos condenados por ataques letais serão exilados em Gaza ou em outros países. Durante esse período, espera-se que as forças israelenses se afastem de áreas densamente povoadas em Gaza, permitindo o retorno de civis e o aumento da ajuda humanitária. Aproximadamente 600 caminhões de ajuda devem entrar no território a cada dia para aliviar a crise humanitária.
Além disso, as negociações devem continuar durante a primeira fase para preparar a próxima etapa do cessar-fogo. A expectativa é que a situação melhore à medida que mais prisioneiros palestinos sejam libertados e a ajuda humanitária seja ampliada.
Futuros desafios e a reconstrução
A segunda fase do cessar-fogo, a ser iniciada no 16º dia, visa uma “cessação permanente das hostilidades”. Essa etapa inclui a liberação do restante dos reféns e o possível afastamento das forças israelenses da Faixa de Gaza, uma questão delicada que ainda precisa ser resolvida. As negociações continuarão durante esse período, com a possibilidade de uma declaração oficial sobre o fim das hostilidades.
A terceira fase do acordo se concentrará na entrega dos corpos dos reféns mortos e na reconstrução de Gaza, uma tarefa gigantesca diante dos danos causados pela guerra. De acordo com estimativas da ONU, a recuperação total de Gaza pode levar até 350 anos devido à devastação da infraestrutura local, incluindo hospitais, estradas e serviços básicos.
Além da reconstrução, há também questões pendentes sobre o controle da Faixa de Gaza, com a ausência de garantias sobre quem governará a região após o fim do conflito. O bloqueio imposto por Israel e Egito desde que o Hamas tomou o poder em 2007 também permanece como um ponto de incerteza para o futuro.
Reação internacional ao acordo
O acordo de cessar-fogo foi celebrado por líderes internacionais, como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que expressou esperança na possibilidade de uma solução duradoura para o Oriente Médio.
“Após tanto tempo de sofrimento e destruição, a notícia de que um cessar-fogo em Gaza foi finalmente negociado traz esperança. Que a interrupção dos conflitos e a libertação dos reféns ajudem a construir uma solução duradoura que traga paz e estabilidade a todo Oriente Médio”, escreveu Lula no X/Twitter.
O premiê britânico Keir Starmer também comemorou o cessar-fogo e afirmou que esta era a “notícia que o povo israelense e palestino esperava desesperadamente”.
“Para os palestinos inocentes cujas casas se transformaram em uma zona de guerra da noite para o dia e os muitos que perderam suas vidas, este cessar-fogo deve permitir um grande aumento na ajuda humanitária, que é tão desesperadamente necessária para acabar com o sofrimento em Gaza”, disse.
O presidente francês Emmanuel Macron pediu respeito pelo acordo e uma solução política para garantir a paz.
“Após quinze meses de sofrimento injustificável, há imenso alívio para o povo de Gaza e esperança para os reféns e suas famílias”, afirmou Mácron.
Por outro lado, o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, atribuiu ao seu governo a diplomacia que levou à negociação.
“Esse acordo de cessar-fogo épico só poderia ter acontecido como resultado de nossa vitória histórica em novembro”, escreveu o republicano em sua rede Truth Social
Obstáculos e desafios no território de Gaza
Apesar do cessar-fogo, a situação em Gaza permanece complicada. O secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou para os desafios logísticos na distribuição de ajuda humanitária devido à destruição da infraestrutura e ao saque de comboios. Embora a ONU e seus parceiros estejam prontos para fornecer alimentos, água e serviços médicos, diversos obstáculos ainda permanecem.
O corredor Netzarim, uma importante rota de abastecimento em Gaza, permanecerá fechado durante a primeira semana do cessar-fogo, dificultando ainda mais a movimentação de civis e a ajuda humanitária. A situação dos palestinos deslocados e a falta de espaço para remover os escombros são questões críticas que demandam ação imediata.
A ONU se prepara para a implementação dos componentes humanitários do cessar-fogo, mas a falta de garantias sobre a continuidade da trégua, principalmente a retirada das forças israelenses e o controle futuro da Faixa de Gaza, representam incertezas para a reconstrução da região.
Pressões internas em Israel e futuro do governo Netanyahu
Em Israel, o cessar-fogo enfrentou resistência interna, principalmente do ministro da Segurança Pública, Itamar Ben-Gvir, que anunciou sua saída do governo após a aprovação do acordo. Ben-Gvir criticou o acordo como “imprudente”, e seu afastamento pode enfraquecer a coalizão de Netanyahu. O impacto político dessa decisão ainda precisa ser avaliado, especialmente em um momento tão delicado.
Além disso, a continuação dos ataques aéreos israelenses em Gaza, que resultaram em mortes adicionais, mostra que a tensão ainda persiste apesar do cessar-fogo.
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