Hamas libera três reféns israelenses em troca de 183 prisioneiros palestinos

O grupo Hamas libertou, na manhã deste sábado (8), mais três reféns israelenses que eram mantidos cativos na Faixa de Gaza, em troca de 183 prisioneiros palestinos que haviam sido detidos por Israel. A troca de prisioneiros faz parte do acordo de cessar-fogo temporário estabelecido entre as partes e, desde o início do ano, tem proporcionado a libertação de prisioneiros capturados desde o começo do conflito.

Apesar da nova libertação, o futuro da trégua é incerto e as negociações para uma segunda fase seguem indefinidas.

Reforço na segurança e exibição dos reféns

A libertação dos reféns aconteceu em um evento público na cidade de Deir al-Balah. Inicialmente, os três israelenses foram levados a um palco, onde um soldado do Hamas, que usava uma máscara, os fez discursar antes de sua entrega às autoridades. O exército israelense confirmou que recebeu os reféns, que foram encaminhados para avaliação médica antes do reencontro com suas famílias.

A região da troca contou com forte presença de membros armados do Hamas, alguns deles em caminhonetes equipadas com metralhadoras. Uma pequena multidão se reuniu para acompanhar a movimentação, mas foi mantida afastada pelos militantes.

Identidade dos reféns

• Eli Sharabi, 52 anos – sequestrado no kibutz Beeri, onde sua esposa e filhas foram assassinadas. Seu irmão também foi sequestrado e morreu em cativeiro.
• Ohad Ben Ami, 56 anos – sequestrado no kibutz Beeri junto com sua esposa, Raz, que foi libertada em uma troca anterior.
• Or Levy, 34 anos – capturado no festival de música Nova. Sua esposa foi assassinada durante o ataque, e seu filho de três anos tem sido criado por familiares desde então.

De acordo com informações confirmadas tanto pelo grupo Hamas quanto por Israel, todos os três foram sequestrados durante o ataque de 7 de outubro de 2023, que marcou o início da guerra.

Perfis dos prisioneiros

Os 183 prisioneiros palestinos libertados incluem:

• 18 condenados à prisão perpétua por ataques fatais
• 54 que cumpriam penas longas
• 111 palestinos de Gaza detidos após o ataque de outubro de 2023

Entre eles está Iyad Abu Shakhdam, 49 anos, condenado por participação em ataques do Hamas que resultaram na morte de dezenas de israelenses nos anos 2000. Também foi solto Jamal al-Tawil, ex-prefeito de Al-Bireh e figura política abertamente ligada a uma célula do Hamas na Cisjordânia.

Futuro da trégua e os desafios para a segunda fase

Até o momento, cinco rodadas de trocas ocorreram desde o início do cessar-fogo, em 19 de janeiro. A primeira fase prevê a libertação de 33 reféns israelenses e cerca de 2 mil prisioneiros palestinos, além do retorno de civis palestinos ao norte de Gaza e do aumento da ajuda humanitária no território.

No entanto, a próxima etapa do acordo enfrenta dificuldades, pois Israel insiste em manter sua ofensiva contra o Hamas, enquanto o grupo militante condiciona a liberação dos reféns restantes à retirada israelense da Faixa de Gaza. A trégua pode terminar no início de março caso as negociações não avancem.

Impacto humanitário e balanço da guerra

Até o momento, o conflito iniciado em outubro de 2023 já provocou a morte de aproximadamente 1,2 mil israelenses, sendo a maioria civis. Já no lado dos palestinos, 47 mil pessoas foram mortas, resultado dos bombardeios e ofensivas terrestres de Israel. Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, mais da metade dessas vítimas são mulheres e crianças. Israel afirma ter eliminado mais de 17 mil combatentes do Hamas, mas sem apresentar provas concretas.

Com as negociações travadas, a perspectiva de um cessar-fogo definitivo segue incerta. O governo israelense, sob pressão de aliados de extrema direita, defende a retomada da guerra após a primeira fase da trégua. O Hamas, por sua vez, reforça que não libertará mais reféns sem concessões significativas, incluindo o fim do conflito e a retirada das tropas israelenses.