Como a luz das telas está prejudicando seu sono? Descubra impacto no seu descanso
Uso excessivo afeta qualidade do sono e riscos à saúde; especialista alerta sobre danos da privação de descanso em tempos digitais

Você sabia que a exposição constante a dispositivos eletrônicos pode prejudicar profundamente o seu descanso? Essa é a realidade de crianças, adolescentes e adultos que estão cada vez mais conectados por meio de telas. Em entrevista ao Portal M!, a neuropediatra Fernanda Dubourg, vice-presidente da Associação Brasileira do Sono (ABS) na Regional Bahia e representante da Liga Baiana do Sono, compartilha os riscos que a luz artificial representa para a saúde do sono e os danos causados pela interrupção dos nossos ciclos naturais de descanso.
A especialista ainda alerta sobre os perigos da privação crônica de sono e como ela pode comprometer tanto a saúde física quanto a mental. A entrevista foi concedida em virtude do início da Semana do Sono, uma campanha nacional dedicada a conscientizar a população sobre a importância de dormir bem para o bem-estar geral que teve início nesta sexta-feira (14). (Confira a programação completa aqui)
Diagnóstico de distúrbios do sono pode ser feito ainda nos primeiros meses de vida
Fernanda destaca que o diagnóstico de distúrbios do sono em crianças pode ocorrer em qualquer faixa etária, inclusive nos primeiros meses de vida. No entanto, ela ressalta a importância de diferenciar os comportamentos fisiológicos — ou seja, esperados para aquela fase do desenvolvimento — daqueles que são patológicos e requerem atenção especializada.
“Algumas condições médicas têm maior associação com distúrbios do sono, como a Trissomia do 21 (Síndrome de Down) ou o Transtorno do Espectro Autista. Devem ser observados precocemente sinais e sintomas sugerindo esses distúrbios. O conhecimento do pediatra sobre o sono normal é essencial para o reconhecimento das anormalidades e para o tratamento adequado, prevenindo complicações”, explicou.

Reprodução/Instagram @sono_drafernandadubourg
Insônia e apneia estão entre os distúrbios mais comuns
Os distúrbios do sono mais frequentes incluem a apneia obstrutiva do sono e a insônia, mas há outros quadros que merecem atenção, como a hipersônia, que se manifesta por sonolência diurna excessiva e pode indicar condições mais graves, como a narcolepsia. Em idosos, o transtorno comportamental do sono REM também é mais prevalente.
Na infância, além da insônia comportamental, são comuns as chamadas parassônias, que englobam episódios como sonambulismo, terror noturno, despertar confusional e pesadelos.
“Falamos muito sobre apneia obstrutiva do sono e insônia, mas não podemos esquecer de outros transtornos, como a hipersônia, que pode esconder uma narcolepsia, por exemplo, ou o transtorno comportamental do sono REM, que ocorre mais em idosos. Na infância, também são frequentes as parassônias, como pesadelos, terror noturno, despertar confusional e sonambulismo”, afirmou a especialista.
Ela também destacou a importância do acesso à informação como ferramenta de prevenção. “A ABS, por meio do Conselho de Psicologia do Sono, lançou uma cartilha essencial para todas as famílias: ‘O Sono da Criança e do Adolescente, um Guia para Pais e Cuidadores’, gratuita e de fácil acesso no site.”
Quando procurar um especialista em sono?
A recomendação é clara: qualquer queixa relacionada à quantidade, qualidade ou regularidade do sono deve ser avaliada por um especialista. Mesmo quando o paciente não percebe um problema, alterações no funcionamento do organismo podem indicar que algo não está bem durante o descanso noturno.
“Se houver queixas sobre o sono, seja na quantidade, qualidade ou ritmicidade (dormir e acordar em horários regulares), e se houver um prejuízo diurno devido à privação de sono, um especialista deve ser consultado. Muitas vezes, o paciente não tem percepção de que o sono está ruim, mas apresenta dificuldade em controlar a pressão arterial, o nível glicêmico ou perde peso, mesmo seguindo todas as orientações médicas. Por isso, é importante que médicos e outros profissionais da saúde fiquem alertas para possíveis distúrbios do sono”, orientou.
A especialista também lembra que, atualmente, o cuidado com a saúde do sono está mais acessível graças à formação de uma rede multidisciplinar. “Hoje, além do médico do sono, fisioterapeutas, odontólogos, fonoaudiólogos, psicólogos e outros profissionais são certificados em sono, ampliando e fortalecendo a rede de cuidado”, concluiu.
Mudanças no sono ao longo da vida
A quantidade e a qualidade do sono mudam conforme a idade. Os recém-nascidos e bebês precisam de mais horas de sono, enquanto adultos e idosos têm uma necessidade menor. De acordo com a especialista, entender essas mudanças é essencial para respeitar o ritmo individual de cada pessoa.
“Uma característica marcante é a necessidade de horas de sono, que é muito maior nos primeiros meses de vida e menor na população idosa. Enquanto a quantidade média de horas de sono para um adulto é de 7 a 9 horas por noite, nas crianças varia de 8 a 17 horas diárias, dependendo da idade. No entanto, é importante ressaltar que pode haver variação no tempo de sono entre indivíduos da mesma idade. É essencial conhecer e respeitar a própria necessidade de sono, que pode ser, por exemplo, de 8 horas e 17 minutos, e não exatamente 8 horas”, destacou.
Outro aspecto relevante é a arquitetura do sono, que também sofre alterações ao longo da vida. Para ilustrar o funcionamento do sono, a especialista recorre a uma metáfora curiosa.
“Podemos pensar no ciclo de sono como um trem. Cada vagão corresponde a um tipo de sono: N1 (sono muito leve), N2 (sono leve), N3 (sono profundo) e o sono REM (sono paradoxal). Precisamos de vários ‘trens’ ao longo da noite para completar a jornada do sono e chegar bem ao ‘desembarque’ da vigília. A depender da idade, esses trens são maiores ou menores e com vagões diferentes”, explicou.
Semana do Sono destaca a importância do descanso para a saúde física e mental
Realizada anualmente em março, a Semana do Sono é uma campanha de conscientização que tem como objetivo educar a população sobre os benefícios de um sono de qualidade e os riscos associados aos distúrbios do sono não tratados. No Brasil, a iniciativa é promovida pela Academia Brasileira do Sono (ABS) e coincide com o Dia Mundial do Sono, celebrado pela World Sleep Society. A data é marcada sempre na sexta-feira anterior ao equinócio da primavera.
“A Semana do Sono é um evento de grande importância, pois oferece informações baseadas em pesquisas científicas, conscientizando e orientando a sociedade sobre como o sono de boa qualidade é essencial para o bem-estar físico e mental. Além disso, alerta sobre os danos fisiológicos, comportamentais e sociais causados pelos distúrbios do sono não diagnosticados e mal tratados”, comenta a especialista.
O evento teve sua primeira edição em 2004, em 11 cidades, com destaque para São Paulo. Desde então, a ação se espalhou por todo o território nacional. Em 2025, estão programadas mais de 350 atividades em várias partes do Brasil, incluindo 13 cidades da Bahia, além de Salvador, com palestras, ações educativas e eventos públicos. A agenda completa pode ser conferida no site oficial.
Tema de 2025 prioriza a saúde do sono
A cada edição, a Semana do Sono adota um slogan global definido pela World Sleep Society. Em 2025, o tema será: “Faça da Saúde do Sono uma Prioridade” (Make Sleep Health a Priority).
“Precisamos priorizar a saúde do sono porque ele é um pilar fundamental da nossa saúde física e mental. Assim como precisamos de água e comida para sobreviver, precisamos de um sono com quantidade, qualidade e ritmicidade adequados”, afirma a especialista.
Como melhorar a qualidade do sono? Veja as recomendações
A especialista reforça que o primeiro passo para melhorar o sono é conhecer e respeitar a própria necessidade de descanso. A prática de higiene do sono consiste em criar um ambiente propício para dormir bem, além de ajustar hábitos ao longo do dia que influenciam diretamente na qualidade do sono.
Confira algumas orientações práticas:
Estabeleça horários regulares para dormir e acordar;
Mantenha uma rotina noturna curta e previsível;
Regule a temperatura do quarto, deixando-o agradável durante todo o ano;
Faça a distinção entre dia e noite, abrindo cortinas pela manhã para entrada de luz natural e escurecendo o ambiente à noite. Se necessário, utilize cortinas blackout;
Mantenha o quarto calmo
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