Psicoterapeuta alerta sobre impacto do trabalho na saúde mental e cobra mudanças nas empresas

O psicoterapeuta transpessoal sistêmico Victoriano Garrido refletiu, nesta quinta-feira (13), em entrevista ao Portal M!, sobre o início do ano após o Carnaval, destacando a necessidade de escolhas conscientes e o papel da saúde mental no trabalho. Ele defende uma nova forma de viver, baseada na presença, no sentido e na responsabilidade emocional.

“O Carnaval é incrível, é a melhor festa do mundo, ninguém vai questionar isso, mas é muito bonito quando você faz da sua vida uma folia, e que você entende que a alegria interior de dentro para fora é mais forte do que de fora para dentro. Então, vamos pegar esse ritmo do Carnaval, vamos continuar animados, que é o que faz as coisas acontecerem”.

Segundo Professor Garrido, a falta de conexão com o trabalho impacta diretamente a saúde emocional dos colaboradores e prejudica as organizações. “O importante mesmo é a gente fazer tudo que a gente faz de corpo e alma. A gente vê, com muita tristeza, muita gente com pouca conexão com seu trabalho. Fazendo as coisas de forma mecânica e automática, isso é uma tragédia, porque o pessoal está ali e não está. Para a organização é uma tragédia, e para a pessoa é uma perda muito grande, porque só se vive uma vez, a vida é curta”, alertou.

Ele alertou ainda para um aumento alarmante nos afastamentos por transtornos psicológicos. Como já mostrado pelo Portal M!, a Bahia registrou o maior número de afastamentos do trabalho por ansiedade e depressão em todo o Nordeste em 2024. De acordo com dados do Ministério da Previdência, o Estado contabilizou 4.517 afastamentos por ansiedade e 3.313 por depressão ao longo do ano.

“Aumentou 70%, é um número absurdo, do ano passado para cá, afastamentos por saúde mental nas empresas. Isso é muito sério, e a gente consegue uma boa saúde mental quando a gente trabalha com amor e com realização”, complementou.

Cultura da negligência com a saúde mental precisa ser superada

O psicoterapeuta também antecipou que, a partir de maio, uma nova resolução obrigará as empresas a mensurar e cuidar da saúde mental dos funcionários. “As empresas serão mais pressionadas com a atenção, cuidar e mensurar a saúde mental de seus colaboradores. Vai vir isso do governo”, revelou.

Ao falar sobre o tema, o especialista criticou a cultura de negligência com a saúde mental, que por muito tempo foi tratada com descaso. “[Se] a pessoa tá deprimida, quantas vezes eu já atendi a domicílio uma pessoa com extrema depressão, e você ouvir falar assim: ‘Dá uma trouxa de roupa que ela melhora’. Mas se a pessoa tiver uma cardiopatia ninguém diz isso: ‘Dá uma trouxa de roupa que ele fica bom'”, refletiu.

Em função deste cenário, Garrido afirmou ser fundamental que o tema deixe de ser um tabu e ganhe centralidade nas políticas públicas. “Entender como um aspecto de saúde pública. Saúde mental inclusive influenciando na saúde física. A gente sabe que, quando a gente não tem uma boa qualidade emocional, atrai bastante as doenças. Então é isso que tava falando, as empresas vão ser pressionadas para agir mais, mas a gente tem que agir, a gente tem que buscar se fazer feliz, sair do vitimismo”.

Assuma a responsabilidade pela sua felicidade, defende o psicoterapeuta

Por fim, o especialista também chamou atenção para a importância das pessoas assumirem a responsabilidade pela sua felicidade. “E você que é mãe, pai, professor, padre, psicólogo, entenda o seguinte: ninguém pode fazer ninguém feliz, é uma tarefa pessoal e intransferível. Vamos assumir essa tarefa com amor, porque a nossa qualidade de vida vai passar por aí”.

Confira a entrevista na íntegra:

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