A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitiu um alerta, na quarta-feira (16), sobre os riscos associados à utilização de toxina botulínica falsificada. O aviso surge após a notificação de dois casos de botulismo decorrentes da aplicação da substância em procedimentos estéticos e terapêuticos.

A principal preocupação da Agência é o uso de produtos irregulares, que podem trazer graves riscos à saúde. Segundo a dermatologista Alessandra Romiti, da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), “a toxina botulínica é uma proteína produzida pela bactéria Clostridium botulinum, que causa o botulismo, mas quando purificada e utilizada corretamente, é segura e eficaz”.

Riscos do botox falsificado

O uso de produtos falsificados, frequentemente adquiridos de distribuidores não cadastrados e sem comprovação de origem, é um dos principais fatores para o aumento de complicações. Segundo a SBD, “a falsificação de toxinas botulínicas representa um risco expressivo à saúde dos pacientes, podendo acarretar complicações graves, como fraqueza muscular severa e, em casos extremos, botulismo”.

Para evitar esses riscos, é essencial que os pacientes verifiquem a procedência dos produtos utilizados. Antes da aplicação, é recomendado checar o rótulo e exigir que as clínicas registrem o lote e o fabricante no prontuário médico, facilitando o rastreamento em caso de eventuais problemas.

Quem pode aplicar toxina botulínica?

De acordo com especialistas, a aplicação da toxina botulínica deve ser feita exclusivamente por profissionais habilitados, como dermatologistas e cirurgiões plásticos, que seguem protocolos científicos reconhecidos. De acordo com a Anvisa, é importante que os procedimentos sejam realizados em clínicas e serviços de saúde autorizados pela Vigilância Sanitária.

Recomendações da Anvisa

Para garantir a segurança dos pacientes, a Anvisa destaca algumas medidas essenciais:

• Usar apenas produtos aprovados pela Anvisa e dentro do prazo de validade. A regularidade do produto pode ser consultada pelo sistema de consultas da Agência.
• Buscar atendimento apenas em clínicas autorizadas, verificando sua regularidade junto à Vigilância Sanitária local.
• Seguir corretamente as orientações da bula, incluindo os intervalos entre aplicações, para evitar complicações.
• Informar ao profissional de saúde sobre histórico de aplicações anteriores, indicando datas e doses, para prevenir excessos.

Botulismo: doença grave

O botulismo é uma doença rara, mas potencialmente fatal. Ele pode ocorrer de diferentes formas:

• Infantil: mais comum entre bebês, geralmente causado pela ingestão de mel contaminado.
• Alimentar: decorrente do consumo de alimentos contaminados, como conservas e enlatados.
• Por ferimentos: ocorre quando uma lesão é infectada pela toxina botulínica.
• Iatrogênico: relacionado à aplicação excessiva da toxina em procedimentos médicos ou estéticos.

Os sintomas iniciais incluem visão borrada, pálpebras caídas, fala arrastada e dificuldade para engolir e respirar. Em casos graves, pode causar paralisia muscular generalizada e até mesmo levar à morte.

Como agir em caso de suspeita?

Segundo a Anvisa, ao identificar sinais da doença, é fundamental buscar atendimento médico imediato. O tratamento inclui a administração da antitoxina botulínica para neutralizar a toxina no organismo e prevenir a progressão da paralisia.

Casos suspeitos devem ser notificados à Anvisa por meio do sistema VigiMed. A notificação é essencial para monitorar riscos, atualizar o perfil de segurança da substância e implementar medidas preventivas.

A prevenção continua sendo a melhor forma de garantir a segurança dos procedimentos estéticos. Buscar profissionais qualificados, verificar a procedência dos produtos e seguir as recomendações da Anvisa são passos fundamentais para evitar complicações e assegurar a saúde dos pacientes.