O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), evitou dar detalhes sobre a recente fuga de detentos do presídio de Eunápolis. Em vez disso, aproveitou para alfinetar o vice-presidente do União Brasil, ACM Neto (União Brasil), sobre seu silêncio diante das investigações de desvio de R$ 1,4 bilhão no Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS). O pronunciamento ocorreu durante uma visita às obras do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) no Subúrbio Ferroviário de Salvador, nesta segunda-feira (16),

Questionado pela imprensa sobre a fuga, Jerônimo classificou o episódio como “sério” e afirmou ter tomado medidas imediatas: “Na mesma noite, pedi a demissão da diretora do presídio e de toda a equipe responsável. A Polícia Militar, delegados e a Polícia Federal já foram acionados para atuar no caso.”

Sem entrar em detalhes operacionais, o governador garantiu que as investigações estão em curso para identificar falhas no sistema prisional. “Estamos fazendo uma avaliação interna com o secretário Castro para verificar se há mais diretores negligentes. A situação é grave e todos os responsáveis terão que prestar contas”, enfatizou ao Portal M!.

A fuga de 16 detentos ocorreu na última quinta-feira (12), no Conjunto Penal de Eunápolis. Nenhum dos fugitivos foi recapturado até o momento. Três suspeitos de envolvimento na fuga foram presos e três morreram durante confrontos com a Polícia Militar.

A fuga ocorreu na noite de quinta-feira, quando um grupo armado invadiu o Conjunto Penal de Eunápolis, provocando uma troca de tiros com os agentes de segurança e permitindo a abertura de duas celas para a saída dos internos. O ataque contou com o uso de armamentos pesados, incluindo pistolas e fuzis.

Críticas e ironias de Jerônimo

Em tom mais ácido, Jerônimo Rodrigues também comentou o escândalo envolvendo o DNOCS e não poupou críticas ao ex-prefeito de Salvador. “Não vi nenhum pronunciamento nas redes sociais do ex-prefeito, não vi nenhum comentário. Todas as vezes que acontece alguma coisa, o que não é nem corrupção, ele é o primeiro a atiçar, principalmente sobre segurança pública. Estamos aguardando para ver se eles têm alguma coisa a explicar para a sociedade baiana”, disse o chefe do Executivo baiano.

O governador ressaltou a importância de combater a corrupção e mencionou como o desvio de recursos afeta diretamente projetos essenciais, como sistemas de abastecimento de água. “Eu fico muito irritado quando vejo dinheiro público sendo desviado. O povo da Bahia precisa de água, de infraestrutura. Não podemos permitir que esses recursos sejam mal utilizados enquanto há comunidades sofrendo”, declarou ao Portal M!

Infraestrutura e cobranças

Jerônimo também fez referência a matérias recentes sobre obras públicas de baixa qualidade, como o asfalto que estaria derretendo em algumas localidades. Ele cobrou explicações públicas e sugeriu que investigações sejam feitas para apurar possíveis irregularidades.

“Quero saber o que aconteceu com aquele asfalto derretido. Se houve erro ou desvio de recursos, a justiça tem que agir. Não vou descansar até que essas questões sejam esclarecidas”, garantiu.

Encerrando sua fala, o governador reforçou a necessidade de transparência e ação firme contra crimes de corrupção e negligência administrativa. “Espero que os jornais também publiquem minha cobrança sobre a fuga de presos e o desvio de recursos. O povo merece saber o que está acontecendo e quem são os responsáveis por essas falhas”, concluiu Jerônimo Rodrigues.

Mencionado em inquérito

ACM Neto foi mencionado no inquérito que embasou a Operação Overclean, que investiga crimes como peculato, corrupção, lavagem de dinheiro e fraude em licitações de obras de pavimentação envolvendo o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) e prefeituras na Bahia.

Em interceptações telefônicas nas quais o empresário Marcos Moura, conhecido como “Rei do Lixo” negocia valores, o ex-prefeito de Salvador é mencionado. Embora não seja citado nominalmente, os investigadores interpretam referências como “zero um antigo” como alusões ao ex-prefeito, devido ao contexto que menciona o fim de seu mandato.

Na mesma investigação, o atual secretário de Educação de Salvador, Thiago Dantas também foi mencionado. Em um diálogo captado com o empresário, Dantas teria afirmado que pagamentos em atraso só seriam regularizados após o pagamento de uma “primeira parcela na parceria”, em novembro de 2024.