O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) permanece internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital DF Star, em Brasília, após uma cirurgia considerada de alta complexidade realizada no último domingo (13). De acordo com novo boletim médico divulgado na manhã desta quinta-feira (17), Bolsonaro apresenta “boa evolução clínica, sem dor e sem outras intercorrências”, além de melhora nos exames laboratoriais.

Apesar dos sinais positivos, a equipe médica mantém cautela em relação à alta hospitalar, indicando que o pós-operatório será prolongado. O ex-presidente continua se alimentando por via parenteral, ou seja, pela corrente sanguínea, e iniciou exercícios leves com caminhada fora do leito, como parte da fisioterapia motora e respiratória.

Intervenção cirúrgica complexa após dores abdominais

A internação ocorreu após Bolsonaro sentir fortes dores abdominais no Rio Grande do Norte, onde participava de eventos políticos. Ele foi inicialmente atendido no Hospital Municipal Aluízio Bezerra, em Santa Cruz, e posteriormente transferido para Natal. Ainda no domingo, seguiu para Brasília, onde passou por uma laparotomia exploradora que durou cerca de 12 horas.

Segundo o cardiologista Leandro Echenique, da equipe médica, o procedimento foi um dos mais complexos desde o atentado à faca sofrido por Bolsonaro em 2018. “Ele tinha muita aderência [intestinal] pelas complicações desde o período inicial de 2018”, explicou.

As aderências são tecidos fibrosos que se formam entre órgãos internos após cirurgias ou infecções. No caso de Bolsonaro, essas formações comprometeram o funcionamento do intestino delgado, levando à necessidade de intervenção urgente.

Equipe médica reforça vigilância no pós-operatório

As primeiras 48 horas após a cirurgia foram consideradas críticas. O chefe da equipe cirúrgica, Cláudio Birolini, destacou que o risco de novas complicações permanece. “Todo paciente submetido a cirurgias abdominais tem aderências. São assintomáticas e não causam nenhum problema”, explicou. No entanto, no caso do ex-presidente, essas estruturas já provocaram obstruções e, caso voltem a se formar, uma nova cirurgia poderá ser necessária.

Além da vigilância constante, Bolsonaro está passando por sessões de fisioterapia e sendo orientado a falar o mínimo possível para preservar o sistema digestivo. O acesso ao quarto onde está internado é restrito, e visitas só são autorizadas em situações excepcionais.

Primeiras palavras e manifestações de apoio nas redes

Bolsonaro se manifestou pela primeira vez, na segunda-feira (14), após o procedimento. Em suas redes sociais, agradeceu o apoio que tem recebido e comentou a gravidade da situação. “Essa foi a sexta cirurgia relacionada ao atentado que sofri em 2018, e já é a nova vez que preciso ser internado por complicações decorrentes daquele episódio”, escreveu. “Um forte abraço em cada um e repito: voltaremos!”

Já nesta quinta, Bolsonaro compartilhou uma nova foto ao lado do filho, o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ), afirmando que os exames positivos trazem “mais alento e esperança a cada dia”.

Michelle Bolsonaro acompanha recuperação de perto

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro também tem se mantido ativa nas redes sociais, atualizando apoiadores sobre a saúde do marido. Logo após a cirurgia, ela publicou: “Meu amor já está no quarto”. A equipe médica, no entanto, esclareceu que a frase se referia à transferência do centro cirúrgico para a UTI.

Em outra publicação, Michelle agradeceu à equipe médica: “Nossos anjos aqui na Terra! Por 12 horas, Deus usou as mãos dessa equipe maravilhosa para cuidar do meu amor. Minha eterna gratidão a essa equipe médica extraordinária”.

Histórico de complicações desde 2018

Esta foi a sétima cirurgia relacionada às consequências do atentado sofrido por Bolsonaro em Juiz de Fora (MG), durante a campanha presidencial de 2018. Na ocasião, uma facada atingiu órgãos internos e deixou sequelas significativas, principalmente no sistema digestivo. Desde então, ele passou por múltiplas internações e cirurgias em decorrência de aderências e obstruções intestinais.

As complicações enfrentadas atualmente são típicas de pacientes com histórico de múltiplas intervenções abdominais, especialmente quando há perfurações e processos infecciosos anteriores.