O presidente do Partido dos Trabalhadores da Bahia, Éden Valadares, manifestou, nesta quinta-feira (17) apoio à decisão do governador Jerônimo Rodrigues de mobilizar as forças federais para atuar em conjunto com o Estado na resolução do conflito agrário no Extremo-sul da Bahia. A declaração foi feita após críticas do vice-presidente nacional do União Brasil, ACM Neto, à presença da Força Nacional na região. O ex-prefeito de Salvador afirmou, nesta quinta-feira (17), que o governo da Bahia precisou “pedir socorro” devido à grave situação.

“A situação no Extremo-sul chegou a um ponto tão grave que o Estado perdeu completamente o comando. Jerônimo teve que pedir socorro à Força Nacional”, bradou Neto.

“Tudo isso é resultado da omissão do próprio governo, que deixou as invasões crescerem até virar um conflito fora de controle”, completou.

Éden rebate críticas

Segundo Éden, a oposição adota um discurso ofensivo por antecipar um possível novo revés eleitoral em 2026. Para o dirigente petista, as falas de ACM Neto não contribuem para o debate político e evidenciam sua instabilidade frente ao cenário eleitoral.

“Lamento o nível político que a suposta oposição hoje se comporta na Bahia. Digo suposta porque não sei se necessariamente ACM Neto será candidato. Perdeu uma, se desespera ao antever a segunda derrota”, afirmou Éden, que também questionou a fidelidade do ex-prefeito a seus aliados políticos.

Na avaliação do presidente do PT baiano, o ex-prefeito age com “irresponsabilidade” ao propagar desinformações sobre a atuação do governo estadual no conflito.“Um cara que foi deputado, prefeito, presidente de partido não deveria agir com tamanha irresponsabilidade. Há seis anos sem mandato, passa o dia espalhando fake news. A última foi responsabilizar Jerônimo pelo conflito agrário e chamar de erro a chegada da Força Nacional à Bahia”, acrescentou.

Ação conjunta é destacada como caminho para a paz

Éden Valadares ressaltou que a presença da Força Nacional é fundamental para garantir a ordem pública e permitir um ambiente de diálogo entre indígenas e produtores rurais. Segundo ele, o governador atua em consonância com o governo federal para assegurar direitos constitucionais e promover a convivência pacífica na região.

“Indígenas e produtores podem viver em paz desde que haja respeito às leis, e é isso que o governador tem defendido”, disse.

O presidente do PT também lembrou que a temática dos territórios indígenas é de competência federal, exigindo articulação entre os diferentes níveis de governo. “A firme atuação conjunta entre Lula e Jerônimo é a estratégia correta para construir a paz no Extremo-sul. Parabenizo a decisão do governador de manter a atuação da polícia e, ao mesmo tempo, integrar-se à Força Nacional”, declarou.

Segundo ele, ao contrário do que tem sido sugerido por setores da oposição, a ação do governo visa equilibrar os direitos dos povos originários e a segurança das propriedades privadas, com base nos princípios da Constituição Federal. O dirigente petista reiterou que o partido continuará colaborando para a promoção do diálogo sobre a demarcação de terras e a defesa dos direitos dos povos tradicionais.

Críticas à oposição

Éden voltou a acusar ACM Neto de utilizar o conflito como ferramenta política e criticou a postura adotada pelo ex-prefeito nas últimas semanas.

“Talvez por desespero, vendo sua base política se esvair e seu sonho cada vez mais distante, segue criticando tudo que é feito por Jerônimo e Lula. Enquanto os dois querem paz e respeito às leis, ACM Neto aposta no conflito e nas mentiras”, afirmou.

O presidente do PT-BA reforçou que o partido seguirá apoiando as ações do governo estadual e federal na região e trabalhará para assegurar os direitos dos povos tradicionais, destacando o papel do Estado como mediador legítimo nas disputas fundiárias. Para ele, o momento exige responsabilidade e compromisso com a paz social, acima de interesses eleitorais.

Disputa por terra leva Força Nacional ao Extremo-sul da Bahia

A decisão do governo estadual veio 11 dias após a morte de João Celestino Lima Filho, de 50 anos, durante um conflito fundiário em uma fazenda no município de Prado. Segundo informações da polícia, cerca de 20 indígenas da Aldeia Reserva dos Quatis, pertencente ao território Comexatibá, invadiram o local com o objetivo de retomar a área e João foi baleado.

No mesmo período, um grupo identificado como juventude do Território Indígena Pataxó de Comexatibá ocupou a entrada do Parque Nacional do Descobrimento, também em Prado, onde permaneceu por cerca de 20 dias exigindo a homologação da terra indígena Comexatibá — alvo de disputas judiciais há anos.A movimentação ocorre após o aumento da pressão pública e de críticas de lideranças políticas e sociais sobre a gestão estadual, especialmente após o episódio de violência registrado no início do mês. Parlamentares da oposição na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA) e no Congresso Nacional reagiram com críticas à condução do governo estadual diante dos conflitos fundiários. Para os opositores, a resposta tem sido tardia e insuficiente.A Força Nacional de Segurança Pública é um programa de cooperação de Segurança Pública brasileiro, coordenado pelo Ministério de Justiça e Segurança Pública. Ela é composta por policiais militares, bombeiros, policiais civis e peritos, e é acionada em situações de emergência.