Sem perdão: Wagner condena anistia a atos golpistas e cobra investigação justa na Operação Overclean
Parlamentar defende investigação dentro da lei e critica excessos cometidos na época da Lava Jato

O senador Jaques Wagner condenou novamente a tentativa de anistia aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro de 2023. Em entrevista concedida aos jornalistas Matheus Morais e Osvaldo Lyra, editor-chefe do Portal M!, no programa De Olho na Bahia, transmitido pela Rádio Mix Salvador (104.3 FM) nesta última quinta-feira (17), o líder do governo Lula no Senado também criticou a forma como parte das operações policiais e judiciais têm sido conduzidas no país, especialmente quando misturadas com interesses políticos.
Ao abordar a atual onda de investigações contra figuras públicas na Operação Overclean, que investiga desvio de dinheiro público em emendas parlamentares, o petista defendeu a separação entre justiça e política. Para ele, a legalidade deve prevalecer em qualquer operação.
“Eu sinceramente não gosto muito de misturar a questão policial, a questão judicial com a questão política. Eu, por exemplo, não tô aqui torcendo para o cidadão não ser preso ou deixar de ser preso. Eu só espero que a justiça, a Polícia Federal, Ministério Público atue em como tem que ser dentro da lei e não como foi no tempo da Lava Jato, que era mera perseguição política”, explicou o senador.
Empresário baiano e ex-secretário de Salvador são alvos da nova fase da Operação Overclean
A Polícia Federal deflagrou a terceira fase da Operação Overclean para investigar um esquema bilionário de corrupção e desvio de verbas públicas através de emendas parlamentares. As ações ocorreram simultaneamente em Salvador, Belo Horizonte, São Paulo e Aracaju, com foco em contratos fraudulentos ligados a emendas parlamentares e órgãos federais. Entre os investigados estão dois baianos: o empresário José Marcos Moura, conhecido como “Rei do Lixo”, e Bruno Barral, atual secretário de Educação de Belo Horizonte e ex-titular da mesma pasta em Salvador.
A PF afirma que Moura seria um dos líderes do grupo e Barral está sendo investigado por suposta liberação irregular de verbas públicas. Em dezembro de 2024, foram apreendidos mais de R$ 1,5 milhão em espécie com suspeitos que teriam transportado o valor de Salvador para Brasília. O esquema envolveria empresas de fachada, contratos superfaturados e lavagem de dinheiro, com suspeita de movimentação de mais de R$ 1,4 bilhão apenas em 2024.
Lobista articulava emendas para empresas baianas
A PF identificou o empresário Gabriel Mascarenhas Figueiredo Sobral como peça-chave em um esquema de liberação irregular de emendas parlamentares, parte da Operação Overclean. Segundo a PF, ele atuava junto aos ministérios da Integração e da Agricultura para favorecer empresas ligadas ao grupo investigado, com foco em contratos para obras em municípios da Bahia, Ceará e Pernambuco. Em conversas interceptadas, Sobral discutia propostas milionárias e teria tido acesso a documentos internos de órgãos federais.
As investigações também citam o nome do deputado federal Elmar Nascimento (União-BA), o que levou o caso ao STF, devido ao foro privilegiado do parlamentar. A PF apura a destinação de R$ 200 mil a uma autoridade com foro, além de indícios de lavagem de dinheiro envolvendo empresas de Sobral e o uso de um motorista como laranja. Apesar das suspeitas, Elmar negou qualquer envolvimento e afirmou que “não cabe ao parlamentar a execução das verbas”.
Operações policiais devem respeitar a defesa dos réus
Ainda sobre a Overclean, Wagner reforçou que operações policiais devem respeitar o direito de defesa e não se basear em achismos ou torcidas políticas. “Não dá para dizer que tudo é perseguição política. Eu acho que tem culpa no cartório tem seu direito de defesa. E é a polícia que tem que investigar mesmo depois se a justiça entender assim vai dar punição que merece então não vou aqui ficar dizendo: ‘fulano tá metido. As notícias estão aí na rua para quem quiser ver”, afirmou.
“Aquela cena foi um terror”, diz senador sobre 8 de janeiro
O senador baiano classificou os atos de vandalismo e invasão ocorridos em Brasília como planejados e financiados, apontando que não houve improviso ou ação espontânea. Para ele, o que se viu na capital federal foi um ataque frontal à democracia brasileira, com intenções explícitas de implantar um regime autoritário.
“Por exemplo, aquilo que aconteceu em Brasília, no dia 8 de janeiro de 2023, sete dias que o presidente Lula tinha tomado posse, no dia 8 aquela baderna produzida, programada, planejada, financiada por muito barão que se esconde e os bagrinhos que foram de besta pra quebrar o Palácio planalto, o Supremo Tribunal Federal, o Senado e a Câmara, que estão tomando bordoada”, afirmou Wagner.
Possível prisão de Bolsonaro
Ainda na entrevista, o senador aproveitou para reafirmar que não torce pela condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). No entanto, reforçou que espera que a Justiça aja corretamente dentro das suas obrigações.
“O ex-presidente da República, ele vai ser condenado? Eu falei, eu não tô na torcida pela condenação ou não dele, eu só espero que o julgamento seja correto”, pontuou o petista.
A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, no último dia 26 de março, por unanimidade, aceitar a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-presidente e sete aliados. O grupo responderá criminalmente por tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Com a decisão, os acusados passam à condição de réus e serão processados por crimes contra o Estado Democrático de Direito.
Crítica à anistia
Jaques Wagner rejeitou a ideia de anistiar os envolvidos, argumentando que o julgamento justo é o único caminho possível. Segundo ele, o perdão generalizado significaria abrir margem para novos atentados.
“Então, a verdade é o seguinte, aquele crime, agora eles ficam falando de anistia, na minha opinião não tem que ter anistia, tem que ter julgamento justo. Prove sua inocência, depois você não vai caracterizado por uma perseguição política, cabe anistia. Eu não tô vendo perseguição política nenhuma, a cena foi um terror”, disse o senador.
O petista destacou ainda que a população brasileira majoritariamente rejeita a anistia para os envolvidos nos ataques. Ele lembrou o apoio financeiro e logístico dado aos manifestantes, o que comprovaria a premeditação dos atos.
“A pesquisa já mostrou 56% da população brasileira é contra a anistia, está correto. Mas não podemos passar a mão na cabeça. Quem planejou com antecedência, fez aqueles acampamentos na frente dos quartéis, partiu para Brasília, aproveitou o vacilo ou a cumplicidade de alguma força de segurança que deveria estar atenta para tomar conta. E aconteceu aquele horror”, ressaltou.
“Queriam matar o presidente, o vice e o TSE”, denuncia Wagner
De forma enfática, Jaques Wagner detalhou que o objetivo dos radicais era eliminar a cúpula do poder. Para ele, o episódio do dia 8 representou a maior ameaça à democracia desde a redemocratização.
“Aquilo foi a maior ameaça à democracia brasileira”.
“Então como é que eu vou anistiar quem estava planejando? Matar o presidente, matar o vice-presidente, matar o presidente do Tribunal Superior Eleitoral. Queria matar os três. Depredaram a sede dos poderes. Queriam instalar um regime autonômico. Autoritário aqui, aí é para fazer coitadinho, aí amanhã ele vai fazer de novo”, disparou.
Por fim, Wagner concluiu que a Justiça deve agir com equilíbrio, garantindo o direito à ampla defesa, mas sem abrir brechas para a impunidade dos verdadeiros articuladores do movimento golpista.
“Então eu acho que tem que ter julgamento justo, se a pena está exagerada o cabe ao judiciário rever isso aí para fazer uma pena correta, agora vou repetir, uma coisa é quando por acidente acontece alguma coisa, ali não foi um acidente, se levou gente de ônibus para Brasília, pagou pensão, pagou hotel, botou o pessoal acampado e partiu para se organizar, quem entrou no palácio do Planalto, no Supremo e na Câmara e no Senado, sabia o que estava fazendo, então eu sou daqueles que acho que o julgamento tem que ser justo, todo mundo tem que ter direito à defesa, mas eu sinceramente não estou atrás do bagrinho”, finalizou.
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