A Semana Santa é o período mais significativo do calendário litúrgico católico. A celebração tem início no Domingo de Ramos e se encerra no Domingo de Páscoa, sendo marcada pela recordação dos principais mistérios da fé cristã: a paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo.

Na Bahia, essa tradição ganha contornos culturais próprios. A religiosidade católica se mistura à herança afro-brasileira, resultando em rituais e manifestações que atraem a atenção de fiéis e estudiosos.

Confira, abaixo, sete curiosidades sobre a Páscoa que revelam aspectos inusitados e históricos dessa celebração tão simbólica.

A origem da palavra “Páscoa”

A palavra “Páscoa” tem origem hebraica e vem de “Pessach”, que significa “passagem”. Na tradição judaica, a data marca a travessia do mar Vermelho e a libertação do povo hebreu da escravidão no Egito. A celebração foi instituída em 1513 a.C., mas antes disso já existia entre os povos da bacia do Mediterrâneo, que prestavam sacrifícios aos deuses em agradecimento pela colheita durante a primeira lua cheia da primavera.

O início da troca de ovos

Trocar ovos na Páscoa é uma prática antiga, mas a substituição dos ovos reais pelos de chocolate só surgiu no século 19, na Alemanha. O ovo é símbolo de nascimento e renovação — conceitos que estão diretamente ligados ao espírito da Páscoa. Desde então, o costume se espalhou por vários países, ganhando diferentes formas, sabores e significados.

Coelhos, lírios e joias: os símbolos da Páscoa

Outro personagem que se tornou ícone da data é o coelhinho da Páscoa. A tradição veio da Europa no século 18 e foi trazida para a América, inicialmente com a figura da lebre. O animal representa fertilidade e esperança, justamente por sua alta capacidade de reprodução.

Além do coelho, o lírio branco também é símbolo da Páscoa, pois representa a pureza e a ressurreição de Cristo.

E nem só de chocolate vivem os ovos pascais: na Europa, reis e nobres costumavam presentear com ovos de porcelana decorados com ouro e pedras preciosas. No século 19, a família imperial russa encomendou do joalheiro Peter Carl Fabergé uma série de ovos feitos com metais nobres e esculturas em miniatura. Hoje, os ovos Fabergé são considerados verdadeiras joias raras.

Por que a data da Páscoa muda a cada ano?

A data da Páscoa varia anualmente porque é determinada por eventos astronômicos. Primeiro, observa-se o equinócio de primavera no hemisfério Norte (ou outono, no Sul), que ocorre entre os dias 20 e 22 de março. A partir daí, espera-se a primeira lua cheia. O domingo seguinte a essa lua cheia é o Domingo de Páscoa. E é a partir dessa contagem que se definem também outras datas do calendário religioso, como a Quarta-Feira de Cinzas e o Carnaval.

O “jejum de carne vermelha” continua sendo observado

Durante a Sexta-feira Santa, muitas famílias baianas ainda mantêm o hábito de não consumir carne vermelha. Esse costume está ligado ao sentimento de luto pela morte de Jesus. Em seu lugar, ganham destaque os pratos à base de peixe, como moquecas e ensopados, reforçando a identidade alimentar da Bahia nesse período.

A Páscoa à mesa: sabores que atravessam fronteiras

Apesar do bacalhau ser o prato mais associado à Páscoa no Brasil, cada país tem suas próprias tradições culinárias para a data. Na Itália, por exemplo, é comum comer cordeiro assado. O cordeiro pascal é um símbolo central da Páscoa cristã, representando o sacrifício de Jesus. Em algumas famílias baianas, o cordeiro aparece em pratos tradicionais servidos no domingo de Páscoa. A preparação é feita de forma ritualística, sendo considerada uma forma de devoção. Segundo historiadores locais, a tradição chegou com os portugueses e foi mantida por algumas comunidades religiosas.

Enquanto na França, um dos doces típicos é um bolo de chocolate em formato de sino. Já aqui no Brasil, além do bacalhau, os ovos de chocolate e outros doces ganham destaque, reforçando o caráter festivo da celebração.