Loyola nega interesse político na aproximação com prefeitos e destaca diálogo institucional

O secretário estadual de Relações Institucionais, Adolpho Loyola, negou, na manhã desta segunda-feira (24), que a aproximação do governo estadual com prefeitos do interior tenha motivações políticas. Em entrevista ao programa De Olho na Bahia, comandado pelos jornalistas Osvaldo Lyra (editor-chefe do Portal M!) e Matheus Morais na Rádio Mix Salvador (104.3 FM), o petista afirmou que a iniciativa tem como foco o diálogo institucional para o bem-estar da população.

“Estamos realizando uma agenda institucional de conversas com os prefeitos para entender como podemos atuar em parceria com os municípios. O governador nos pediu para estreitar esse diálogo e verificar quais investimentos podem ser feitos em conjunto. Nossa ideia é fortalecer um novo pacto federativo entre governo federal, estadual e municipal”, explicou Loyola.

Migração de prefeitos

Após investidas do governador Jerônimo Rodrigues (PT), diversos prefeitos, anteriormente alinhados à oposição e próximos ao vice-presidente nacional do União Brasil, ex-prefeito de Salvador ACM Neto, começaram a aderir à base do petista. Questionado se essa estratégia fragilizava a oposição, Loyola admitiu que o movimento pode impactar o grupo adversário, mas destacou que o governo está focado no fortalecimento da relação entre Estado e municípios. Segundo ele, “ninguém está colocando faca no pescoço de prefeitos e lideranças”, estariam “apenas conversando e deixando as portas abertas”.

“Sim, enfraquece [a oposição], mas eu não cuido de time adversário, eu cuido do meu time. Nosso compromisso é com os prefeitos e as cidades, independente de questões partidárias. Se um prefeito percebe que a melhor parceria para o seu município é com o governo do Estado, ele vai avaliar e decidir”, pontuou o secretário.

Loyola também citou exemplos concretos de prefeitos que estão se aproximando do governo estadual. “O prefeito Hildécio [Meirelles, do União Brasil], de Cairu, sempre teve uma distância grande do governo do Estado, mas fizemos uma audiência com o governador e estamos construindo uma relação. O mesmo acontece em Teixeira de Freitas [Marcelo Belitardo, também do UB], onde temos investimentos significativos, como o Hospital Costa das Baleias, um projeto de mais de R$ 220 milhões. Não podemos permitir que os municípios fiquem de costas para o Estado e vice-versa”, ressaltou.

Obras atrasadas impacta na aprovação de Jerônimo

Outro ponto abordado na entrevista foram as obras estruturantes em andamento no Estado, algumas das quais enfrentam atrasos e impactam diretamente a aprovação do governador. Levantamento feito pelo instituto Paraná Pesquisas, divulgado na manhã desta segunda-feira (24), aponta que 39% dos baianos avaliam negativamente a gestão do petista. Loyola minimizou as críticas e ressaltou que projetos de grande porte, como a ponte Salvador-Itaparica e o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), estão sendo conduzidos com atenção pelo governo.

“A ponte Salvador-Itaparica é uma das maiores obras da América Latina. Tivemos que revisar o contrato após a pandemia, pois o modelo anterior se tornou inviável. No entanto, já reorganizamos tudo e logo daremos a ordem de serviço para que a construção avance”, explicou.

Apesar do discurso otimista, a promessa da ponte já se arrasta há mais de uma década e ainda gera desconfiança na população. Loyola enfatizou que o governo está atento aos desafios e trabalhando para superá-los. “As dificuldades existem, mas estamos monitorando de perto cada projeto. O governador acompanha pessoalmente e cobra avanços constantemente. Não estamos deixando nada fora do radar.”

O secretário também mencionou que a nova rodoviária de Salvador, outro projeto de grande impacto, está avançando. “Essa é uma obra essencial para melhorar a mobilidade na capital. Temos desafios, mas o importante é que está andando. Assim como fizemos com o VLT, que passou por ajustes e hoje avança de forma consistente. O tramo 1 já está bem encaminhado e o 2 já começa a tomar forma.”

Contexto político e estratégia para 2026

A adesão de prefeitos à base do governador tem causado preocupação na oposição, especialmente no entorno de ACM Neto, um dos nomes mais cotados para disputar o governo do Estado em 2026. Desde o final de 2024, o governo tem intensificado o diálogo com gestores municipais que anteriormente se mantinham neutros ou alinhados à oposição.

Prefeitos de cidades estratégicas, como Guanambi, Paulo Afonso, Buritirama e Itapetinga, estão entre os que já demonstraram apoio ao governo estadual. Além disso, nomes de peso, como os prefeitos de Cruz das Almas e Jequié, também estão sendo cortejados para reforçar a base governista.

Loyola reiterou que, neste momento, o foco do governo está na gestão e no fortalecimento da parceria entre Estado e municípios, deixando a articulação política para 2025. “Nossa primeira questão é fazer os municípios funcionarem bem. A política é um fruto colhido depois. No ano eleitoral, aí sim, as articulações políticas ganham mais espaço, mas, até lá, seguimos trabalhando pelo desenvolvimento do Estado”, concluiu o secretário.