Se as eleições para o governo da Bahia fossem hoje, o vice-presidente nacional do União Brasil, ACM Neto, seria o favorito para vencer a disputa. É o que revela um levantamento, divulgado na manhã desta segunda-feira (24), pelo instituto Paraná Pesquisas. Mesmo após negar que seja candidato a governador novamente, o ex-prefeito de Salvador poderia liquidar a fatura já no primeiro turno nos três cenários pesquisados.

Cenários da pesquisa

No principal cenário testado, ACM Neto aparece com 52% das intenções de voto, contra 27,4% do atual governador, Jerônimo Rodrigues (PT), que deve tentar a reeleição. Mais distantes na corrida, o ex-ministro da Cidadania do governo Bolsonaro, João Roma (PL), pontua 8,1%, enquanto o professor e policial civil Kléber Rosa (PSOL) aparece com 1,5%. Entre os entrevistados, 6,8% afirmaram que votariam em branco ou nulo, e 4,1% não souberam ou preferiram não responder.

A pesquisa também simulou um cenário alternativo, no qual o PT abriria mão da candidatura de Jerônimo Rodrigues para lançar o ex-governador Rui Costa, atual ministro-chefe da Casa Civil. Nesse caso, a vantagem de ACM Neto se mantém elevada: 51,5% contra 27,4% o petista. João Roma e Kléber Rosa variam pouco, com 7,7% e 1,4%, respectivamente.

Em mais outro cenário, ACM Neto também aparece a frente com 56,4% das intenções de voto, enquanto Jerônimo Rodrigues tem 30%. Kleber Rosa vem logo em seguida, com 1,7% das intenções de voto dos baianos. Aqueles que não votariam em nenhum, em branco ou nulo soma 7,6%. Já os eleitores que ainda não sabem ou não quiseram responder representam 4,3% dos entrevistados.

Petistas lideram disputa pelo Senado

Além da corrida ao governo, a pesquisa também avaliou as intenções de voto para o Senado. Os eleitores baianos terão direito a escolher dois candidatos em 2026, já que estarão em jogo duas das três cadeiras do Estado na Casa. Atualmente, as vagas pertencem a Jaques Wagner (PT) e Angelo Coronel (PSD), enquanto Otto Alencar (PSD) foi eleito em 2022 e tem mandato garantido até 2030.

Segundo o levantamento, o PT larga na frente na disputa. Rui Costa lidera com 43,8% das intenções de voto, seguido por Jaques Wagner, que tem 34% e boas chances de reeleição. O ex-ministro João Roma aparece em terceiro, com 24,6%, enquanto Angelo Coronel desponta com apenas 11%, ocupando a quinta posição.

Outros nomes testados na pesquisa incluem:

• Raissa Soares (PL), médica que ganhou notoriedade durante a pandemia por defender o chamado “tratamento precoce” contra a Covid-19, sem comprovação científica;
• Adolfo Viana (PSDB), deputado federal;
• Márcio Marinho (Republicanos), deputado federal e líder da bancada evangélica;
• Marcelo Nilo (Republicanos), ex-deputado estadual e ex-presidente da Assembleia Legislativa da Bahia.

Metodologia da pesquisa

O instituto Paraná Pesquisas entrevistou 1.640 eleitores em 65 municípios baianos entre os dias 17 e 20 de março de 2025. A margem de erro da pesquisa é de 2,5 pontos percentuais, para mais ou para menos, e o grau de confiança do levantamento é de 95%.

Queda na popularidade de Jerônimo Rodrigues

O levantamento do Paraná Pesquisas também apontou uma piora na avaliação do governador Jerônimo Rodrigues. Segundo os dados, 39% dos baianos consideram sua gestão ruim ou péssima, enquanto 33,6% avaliam positivamente, somando 9,8% de ótimo e 23,8% de bom. Outros 25,7% classificaram o governo como regular, e 1,6% não soube ou não quis opinar.

Os números indicam uma queda na popularidade do petista em relação a pesquisas anteriores. Em fevereiro, um levantamento da Genial/Quaest apontava que Jerônimo tinha 61% de aprovação e 31% de rejeição.

A queda na avaliação do governador pode estar atrelada a diversos fatores, como:

• A crise na segurança pública, com o aumento da violência e de conflitos entre facções criminosas;
• Problemas na saúde, com filas nos hospitais e dificuldades no atendimento da rede pública;
• Desafios na infraestrutura e no transporte público, que seguem como queixas recorrentes da população;
• O cenário econômico, com altos índices de desemprego e baixo crescimento.

Com a insatisfação popular crescendo, o governo estadual pode precisar intensificar ações em áreas estratégicas para tentar reverter a tendência negativa e melhorar a imagem de Jerônimo Rodrigues nos próximos meses.

Investida do governador a prefeitos de oposição

Nem tudo são flores para ACM Neto, que ainda não confirmou se será candidato nas eleições de 2026. O ex-prefeito enfrenta um outro grande desafio caso realmente decida concorrer ao Palácio de Ondina: as investidas do governador Jerônimo Rodrigues aos prefeitos eleitos com apoio da oposição liderada por ele.

A debandada recente de prefeitos do grupo de oposição para a base do petista, movimento intensificado nas últimas semanas, tem ligado o sinal de alerta nos aliados de ACM Neto e preocupado seu entorno sobre o desempenho de uma nova candidatura ao Palácio de Ondina em 2026. Um exemplo recente foi a do prefeito de Milagres, Marcos de Queiroz (PP), que oficializou no início de fevereiro, sua adesão à base do governador Jerônimo Rodrigues (PT).

No entanto, Neto já minimizou a estratégia adotada pelo governador para tentar atrair prefeitos da sua base para o campo governista. Em entrevista ao Portal M! em janeiro, o ex-prefeito de Salvador minimizou a ação afirmando se tratar de “cortina de fumaça” e apontou que apenas pessoas que não estavam com ele “há muito tempo” fizeram a movimentação.

Mais recentemente, o dirigente partidário afirmou que a entrada de prefeitos na base governista seria “natural” já que o petista tem a máquina do Estado em seu poder e o município precisa da ajuda do governo estadual para sobreviver e tentar desenvolver. Inclusive, em todas reuniões com gestores da oposição, o governador anuncia várias medidas como entrega de maquinários e anúncios, cacifando assim o apoio para as eleições de 2026. No entanto, Neto acredita que esse cenário pode mudar novamente no próximo ano, com a aproximação da disputa a governador.

Candidatos da Oposição em 2026

Embora ACM Neto seja o nome mais cogitado para a disputa ao governo estadual, não é o único. O vice-presidente nacional do União Brasil já declarou que não é candidato a governador no próximo ano e defende a união da oposição, inclusive, tenta reverter as rusgas com o presidente estadual do PL, seu compadre João Roma, um dos postulantes do Palácio de Ondina. Assim como ex-ministro do presidente Jair Bolsonaro (PL), Bruno Reis também é apontado como uma opção da oposição, graças aos números positivos alcançados nas eleições municipais de 2024, quando se elegeu com 78,67% dos votos ainda no primeiro turno. O prefeito de Salvador, entretanto, já negou reiteradas vezes que sairia candidato a governador.

João Roma disputou as últimas eleições contra Neto e Jerônimo, mas ficou apenas em terceiro lugar. O racha da oposição em 2022 acabou ajudando na eleição do então desconhecido secretário estadual de Educação, que nunca havia disputado uma eleição. Com a divisão da oposição, o petista levou a melhor e acabou vencendo no segundo turno.

Neto para deputado federal

Conforme antecipado pela coluna Vixe!, um novo cenário eleitoral para a oposição na Bahia em 2026 estaria sendo discutido nos bastidores com ACM Neto se lançando novamente candidato a deputado federal no próximo ano. Ele já teve três mandatos consecutivos na Câmara dos Deputados entre 2003 e 2012, quando renunciou para se candidatar a prefeito de Salvador.

Além de ajudar a eleger uma ampla bancada em Brasília, Neto poderia voltar a disputar a Prefeitura de Salvador em 2028. Com ele fora da disputa, a chapa dos sonhos ao Palácio de Ondina seria com o prefeito Bruno Reis candidato ao governo e Roma ao Senado. Ambos negam essa possibilidade, mas pregam, assim como o ex-prefeito, a união da oposição para tentar acabar com a hegemonia do PT que comanda a Bahia há quase 19 anos.