Advogado de Mauro Cid afirma que Bolsonaro sabia de plano, mas recua após declaração

O advogado de Mauro Cid, Cezar Bittencourt, revelou em depoimento ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) estava ciente de um suposto plano envolvendo a execução de Lula, Alckmin e Moraes. A declaração foi dada na última quinta-feira (21) e ganhou repercussão após uma entrevista concedida por Bittencourt à jornalista Andréia Sadi, no programa Estúdio I. No entanto, minutos depois, o advogado recuou, afirmando que não se referia a um “plano de morte”. A informação é do G1.

Durante a entrevista, ao ser questionado sobre a participação de Bolsonaro, Bittencourt afirmou: “Confirma que sabia, sim. Na verdade, o presidente de então sabia tudo, comandava essa organização”. Ele também mencionou que Mauro Cid teria atuado como assessor, reportando os fatos diretamente a Bolsonaro, que, segundo ele, exercia liderança no contexto.

Poucos minutos após essa declaração, o advogado tentou amenizar suas palavras, alegando que não havia dito que Bolsonaro estava completamente ciente de todos os detalhes do plano. “Alguma coisa, evidentemente, ele tinha conhecimento. Mas o que é o plano? O plano tem um desenvolvimento muito grande. […] Eu não falei plano de morte, plano de execução, de execução como sendo o plano de morte. Falei da execução do plano pensado, imaginado, desenvolvido, nesse sentido.”

Bittencourt também esclareceu que, segundo Cid, o ex-presidente sabia dos “acontecimentos que estavam se desenvolvendo”, mas não confirmou que Bolsonaro tenha planejado ou ordenado ações concretas. Ainda assim, ele destacou que as reuniões mencionadas ocorreram e que o ex-ajudante de ordens participou delas como assessor.

Mauro Cid havia prestado depoimento na terça-feira (19), quando negou envolvimento em qualquer plano golpista, incluindo o que envolvia a suposta execução de lideranças políticas. O depoimento foi retomado na quinta-feira, quando o ministro Alexandre de Moraes decidiu manter o acordo de delação premiada após concluir que as informações fornecidas eram relevantes.

Investigações da Polícia Federal indicam que dados recuperados do computador de Mauro Cid apontam para um plano golpista. Contudo, os investigadores consideraram que ele omitiu informações em seu depoimento inicial e chegaram a questionar a validade da delação. Com a decisão de Moraes, a Procuradoria-Geral da República deverá dar continuidade à elaboração da denúncia.