Estados enfrentam desabastecimento de vacinas e ministério nega escassez
Secretarias estaduais de saúde relataram dificuldades na obtenção de imunizantes, incluindo os contra covid-19, catapora, febre amarela, tríplice viral e DTP

Pelo menos 11 Estados brasileiros enfrentam falta de vacinas, conforme levantamento realizado pelo Estadão entre 11 e 18 de novembro. Secretarias estaduais de saúde relataram dificuldades na obtenção de imunizantes, incluindo os contra covid-19, catapora, febre amarela, tríplice viral e DTP.
O Ministério da Saúde afirma que “não há falta de vacinas”, mas reconhece “desafios momentâneos” na distribuição devido a problemas com fornecedores e limitações globais de produção. A pasta também menciona medidas paliativas, como substituição de imunizantes e regularização de estoques para alguns tipos de vacina.
Das 27 unidades federativas consultadas, 16 responderam, e 11 (Alagoas, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Sergipe e Tocantins) confirmaram problemas de abastecimento. Em seis desses Estados (Paraíba, Pernambuco, Minas Gerais, Mato Grosso e Tocantins), a falta de doses tem prejudicado a cobertura vacinal. Mato Grosso, por exemplo, estima que seriam necessárias 160 mil doses para normalizar os estoques, enquanto Minas Gerais aponta desabastecimento em quatro tipos de vacinas.
Além disso, Estados como Paraná e Rio de Janeiro indicaram estoques reduzidos, com risco de desabastecimento nas próximas semanas. O Paraná afirmou que seriam necessárias 250 mil doses de febre amarela e 50 mil de catapora para suprir a demanda. Já São Paulo relatou solicitações pendentes de vacinas como a tetraviral e a febre amarela.
Em nota, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) defendeu a necessidade de aprimorar sistemas informatizados de monitoramento, rever processos de aquisição e fortalecer a produção nacional de imunizantes. O Ministério da Saúde apontou que problemas herdados da gestão anterior, como estoques de vacinas com validade curta, contribuíram para a situação atual, mas afirmou que medidas de gestão evitaram o desperdício de milhões de doses.
Confira a situação em cada local:
Indicou escassez das vacinas varicela, febre amarela, DTP e covid-19 (adultos):
- Mato Grosso: há falta de imunizantes contra catapora, febre amarela e a tríplice viral. O Estado afirmou que 160 mil doses seriam suficientes para normalizar os estoques.
- Mato Grosso do Sul: faltam vacinas contra catapora e febre amarela. A secretaria estima que seriam necessárias 120 mil doses para suprir a demanda.
- Minas Gerais: apontou a falta de quatro tipos de vacina: varicela, tríplice viral, DTP e covid-19.
- Paraíba: Estado afirmou que tem problemas no abastecimento dos imunizantes varicela, sem entregas desde julho; DTP; dTpa e febre amarela. O Estado estima que seriam necessárias cerca de 60.000 doses para normalizar a situação.
- Pernambuco: governo estadual indicou que falta vacina contra catapora e que há uma “falta parcial” de doses da meningocócica ACWY, HPV, febre amarela e raiva.
- Piauí: no Estado, há quatro tipos de vacina em falta: varicela, covid-19, febre amarela e DTP.
- Rio Grande do Sul: faltam doses da vacina varicela.
- Santa Catarina: tem quatro tipos de vacina em falta: varicela, febre amarela, DTP e HPV.
- Sergipe: Estado apontou carência da vacina contra catapora e disse que as doses de XBB 1.5, imunizante atualizado contra covid-19, têm sido disponibilizadas de forma reduzida pelo ministério. Seriam necessárias 40 mil doses da vacina contra covid-19 para normalizar o estoque.
- Tocantins: informou que faltam doses de varicela e febre amarela.
Baixos estoques
Estados como Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo apontam estoques reduzidos de vacinas, com possibilidade de desabastecimento nas próximas semanas. No Paraná, além da vacina contra catapora, há restrições na disponibilidade da vacina contra febre amarela. A secretaria estima a necessidade de 50 mil doses de varicela e 250 mil de febre amarela para atender à demanda.
No Rio de Janeiro, os estoques das vacinas atualizadas contra covid-19 (XBB 1.5) e dos imunizantes contra hepatite A e B estão baixos. Já São Paulo informou que não há desabastecimento, mas que o Estado solicitou 230 mil doses da tetraviral e 600 mil doses da vacina contra febre amarela, ainda pendentes de envio.
Municípios já indicavam problemas
Em setembro, uma pesquisa da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) apontou que 64,7% dos 2.415 municípios entrevistados relataram problemas no abastecimento de vacinas. O Ministério da Saúde reconheceu o desabastecimento, atribuindo-o a dificuldades de fabricação, logística e aumento na demanda. A pasta informou que buscava alternativas para aquisição junto à Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).
O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), em nota, afirmou que não monitora estoques de imunizantes. Ressaltou, no entanto, que a desinformação sobre a vacina contra covid-19 prejudicou o programa de imunização. A entidade destacou que o surgimento de novas variantes e a necessidade de incorporar novas vacinas resultaram em estoques não utilizados.
O Conass também sugeriu melhorias no sistema de monitoramento dos estoques e revisão dos processos de aquisição e contratos, incluindo escalonamento na entrega de novos lotes.
O que diz o Ministério da Saúde?
O Ministério da Saúde destacou que desafios relacionados à gestão anterior impactaram a situação atual. Segundo a pasta, o governo herdou vacinas com curto prazo de validade, como 21,5 milhões de doses que estavam em risco de perda em janeiro de 2023. Dessas, destacavam-se 3,2 milhões de vacinas meningocócicas C, 1,7 milhão de varicela, 5,6 milhões de febre amarela e 11 milhões de DTP.
A pasta afirmou que conseguiu utilizar mais de 12,3 milhões de doses que seriam descartadas, economizando cerca de R$ 252 milhões. Além disso, garantiu que:
- A distribuição da DTP, DTPa e hepatite A foi regularizada em novembro.
- O abastecimento da vacina contra HPV será restabelecido até o final deste ano.
- Uma nova remessa de 1,2 milhão de doses contra covid-19 foi entregue em outubro, com a conclusão de um pregão para a compra de 69 milhões de doses que devem garantir estoque por dois anos.
Em relação à vacina contra raiva, a pasta já distribuiu 85% da demanda e aguarda liberação de novas doses por órgãos reguladores. Quanto aos imunizantes contra meningocócica C, febre amarela e varicela, a previsão de envio para ampliar os estoques estaduais é o início de 2025.
Por fim, o Ministério enfatizou que cabe aos Estados, após receberem os lotes, a distribuição para os municípios.
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