Programa Pé-de-Meia para Licenciaturas oferecerá mais de R$ 500 a futuros educadores

Estudantes que utilizarem a nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para se inscrever em cursos de licenciatura poderão receber bolsas mensais superiores a R$ 500. A iniciativa, denominada Pé-de-Meia para Licenciaturas, será oficialmente anunciada neste mês, com a previsão de início dos pagamentos em 2025. O anúncio foi feito nesta sexta-feira (1º) pelo ministro da Educação, Camilo Santana. As informações são da Agência Brasil.

Os estudantes serão selecionados com base na nota do Enem, com o objetivo de atrair bons alunos para a carreira de professor nas escolas brasileiras. “A gente quer que os bons alunos possam fazer a licenciatura, está faltando professor de matemática, de física, de química, de biologia”, disse o ministro.

O ministro não divulgou o valor exato das bolsas, mas informou que, assim como no programa Pé-de-Meia para o ensino médio, os recursos serão retidos em uma poupança que os estudantes poderão acessar após a conclusão da formação.

“Vai ser apresentado este ano, já para começar no próximo ano, porque a gente quer ver se a gente consegue usar o Enem agora. A gente já quer que o aluno no Enem, ele já saiba que ele vai receber uma bolsa, se ele escolher a licenciatura. Ele já vai entrar na universidade com uma bolsa paga pelo governo. É uma forma de estimular. Além de uma bolsa, ele vai ter uma poupança”, explicou.

Mais professores

A iniciativa Pé-de-Meia para Licenciaturas integra um conjunto de ações do governo para valorizar os professores da educação básica. Santana também planeja criar incentivos para os professores em atividade. O governo está desenvolvendo o programa Mais Professores, inspirado no programa Mais Médicos, que oferece incentivos a médicos para atuarem em áreas com escassez de profissionais.

“[Programa no qual] o professor possa receber um plus a mais no salário dele, para ele ir para aquela escola, para aquela cidade que não tem um professor, como o Mais Médico. O governo federal paga ele para ir para um município que não tem médico. Então é mais ou menos na lógica”, observou Camilo.

O ministro também destacou a necessidade de valorizar a profissão docente. “Tem países que reconhecem como a principal profissão, no Brasil as pessoas não estão querendo mais ser professoras, não só por questão de remuneração, mas por falta de reconhecimento, de valorização. A ideia também aqui é criar uma cultura nesse país que as pessoas reconheçam o papel do professor, até porque todos nós passamos por ele, desde criança”, defendeu.

Pesquisas indicam que o desinteresse pela carreira pode levar a uma escassez de professores, principalmente nas escolas. Dados do Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo (Semesp) apontam que, até 2040, o Brasil poderá enfrentar uma carência de 235 mil professores na educação básica.

Orçamento

As ações previstas dependerão da disponibilidade orçamentária. Quanto à quantidade de bolsas do Pé-de-Meia para Licenciaturas, o secretário executivo do MEC, Leonardo Barchini, afirmou que a oferta estará atrelada ao orçamento da pasta para o próximo ano.

Em um momento de revisão dos gastos do governo federal, o ministro garantiu que “nenhuma política e programa que está em andamento será atingida por conta de qualquer medida do governo federal”.