Haddad descarta recessão e garante equilíbrio econômico sem frear crescimento
Para ministro, política econômica do governo e ações do Banco Central devem ser suficientes para manter preços sob controle

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou, na manhã desta quinta-feira (20), que não vê necessidade de provocar uma recessão no Brasil para conter a inflação. Segundo ele, a política econômica do governo e as ações do Banco Central (BC) devem ser suficientes para manter os preços sob controle sem comprometer o crescimento do país.
Ministro não acredita em recessão
A declaração foi dada durante participação no programa “Bom Dia, Ministro”, da Empresa Brasil de Comunicação (EBC). De acordo com Haddad, a estabilidade econômica pode ser alcançada por meio de uma administração responsável, sem medidas drásticas que impactem o mercado de trabalho e o poder de compra da população.
“Eu não acredito que você precise de uma recessão para baixar a inflação no Brasil. Eu acho que é possível administrar a economia de forma sustentável, garantindo crescimento sem deixar a inflação sair do controle”, afirmou o ministro.
Haddad reforçou que o governo mantém o compromisso com a meta de resultado primário zero, ou seja, equilíbrio entre receitas e despesas, sem gerar déficit nas contas públicas. Essa diretriz, segundo ele, será mantida para garantir a credibilidade do país junto a investidores e organismos financeiros.
Relação com Banco Central e autonomia da instituição
Ainda no programa, o ministro também abordou a relação entre o governo federal e o Banco Central, que ganhou autonomia em 2021. Segundo ele, a transição de comando na instituição foi um desafio inédito, pois o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) herdou uma diretoria do BC indicada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.
“Nós passamos por uma experiência inédita, com uma transição de dois anos no Banco Central. Procuramos conduzir esse processo da maneira mais civilizada possível, mesmo com as divergências que surgiram, e concluímos de forma bem-sucedida”, declarou.
Haddad explicou que, apesar da nomeação do economista Gabriel Galípolo para a presidência do BC em janeiro, a instituição ainda conta com dois diretores indicados por Bolsonaro: Diogo Guillen (Política Econômica) e Renato Gomes (Organização do Sistema Financeiro e Resolução). Os mandatos deles se encerram apenas em dezembro de 2025, prolongando o período de transição.
Aumento da Selic e postura do Banco Central
A alta da taxa Selic para 14,25%, anunciada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) na quarta-feira (19), também foi comentada por Haddad. Conforme o ministro, o aumento de 1 ponto percentual na taxa básica de juros já havia sido “contratado” em dezembro, antes da troca na presidência do BC.
“Você não pode, na presidência do Banco Central, dar um cavalo de pau depois que assume. O novo presidente e os novos diretores herdaram uma trajetória de política monetária definida antes da posse”, disse Haddad, em defesa de Galípolo.
Ele comparou a situação à sua própria experiência no Ministério da Fazenda, ressaltando que também precisou administrar decisões tomadas na gestão anterior, comandada por Paulo Guedes. O ministro ainda elogiou a equipe técnica do BC, classificando os diretores e economistas da autarquia como “respeitáveis e qualificados”, comprometidos em tomar as melhores decisões para a economia brasileira.
“Tanto o Banco Central quanto o governo têm metas a cumprir. Eu tenho a meta fiscal aprovada pelo Congresso, e o BC tem a meta de inflação estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional”, completou.
Imposto de Renda: projeto deve tramitar sem dificuldades
Outro tema abordado por Haddad foi o projeto do governo que isenta do Imposto de Renda (IR) trabalhadores que ganham até R$ 5 mil por mês. Ele demonstrou otimismo em relação à tramitação da proposta no Congresso Nacional, afirmando que a iniciativa tem ampla aceitação e representa um avanço na justiça tributária.
“A proposta foi muito bem recebida. Quem vai pagar essa conta são aqueles que hoje não pagam Imposto de Renda, não quem já contribui. Os super-ricos que pagam imposto não serão afetados”, explicou.
O ministro também rebateu críticas de que a medida teria um caráter populista, reforçando que se trata de uma correção necessária na tabela do IR, sem aumento da carga tributária. “Não há um centavo de aumento de impostos. O governo está apenas cobrando de quem hoje não paga. Isso é justiça fiscal”, disse.
Haddad aproveitou para criticar adversários políticos, lembrando que Bolsonaro havia prometido elevar a faixa de isenção do IR para R$ 5 mil, mas não cumpriu. “Até Bolsonaro prometeu isentar o trabalhador que ganha até R$ 5 mil e depois desconversou. Nem a extrema-direita consegue argumentar contra essa medida”, ironizou.
O ministro destacou que o governo estuda a mudança há mais de um ano e que a proposta foi um compromisso assumido pelo presidente Lula ainda na campanha eleitoral.
Impactos da política econômica
A condução da política econômica pelo governo Lula tem sido acompanhada de perto pelo mercado financeiro. Após a apresentação do projeto de isenção do IR, Haddad destacou que a reação foi positiva, com queda do dólar e alta da Bolsa de Valores.
“A reação foi boa porque a medida é bem estruturada e responsável. Estamos promovendo justiça tributária sem desrespeitar o equilíbrio fiscal”, disse.
Apesar dos desafios impostos pela alta da inflação e dos juros, Haddad reiterou que o governo seguirá comprometido com o crescimento econômico sustentável e a responsabilidade fiscal. “Nosso objetivo é garantir um ambiente estável para o desenvolvimento do país, com geração de empregos e valorização da renda”, concluiu.
Redação
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