Centro-Esquerda avança no 1º turno no Uruguai, mas futuro no 2º permanece incerto
Candidato da Frente Ampla e considerado o “herdeiro” do ex-presidente Pepe Mujica, foi o mais votado
As eleições presidenciais do Uruguai, realizadas no último domingo (27), apresentaram um cenário inusitado. Yamandú Orsi, candidato da Frente Ampla e considerado o “herdeiro” do ex-presidente Pepe Mujica, foi o mais votado, obtendo 43,9% dos votos. No entanto, essa conquista é cercada de incertezas, pois não garantiu a vitória, deixando a Frente Ampla em desvantagem para a segunda volta, agendada para 24 de novembro. A informação é da Agência Brasil.
Alvaro Delgado, do Partido Nacional, teve motivos para comemorar, mesmo com a diferença em relação a Orsi. “As urnas falaram, o Uruguai disse que a coligação é o projeto político mais votado do país”, declarou, segundo o El País. Delgado recebeu 28,7% dos votos, enquanto o jovem conservador Andrés Ojeda, do Partido Colorado, alcançou 16%. Os demais candidatos, somando menos de 5%, são aliados da coalizão governante e deverão se unir na segunda volta.
No mesmo dia, também ocorreram as eleições para as duas câmaras do Congresso, com 99 deputados e 30 senadores em disputa. As projeções iniciais indicam que a coalizão governante poderá conseguir a maioria na Câmara dos Deputados, com 30 legisladores do Partido Nacional, 17 do Partido Colorado, dois do Cabildo Abierto e um do Partido Independente. A Frente Ampla, por sua vez, conquistou 47 assentos, com a novidade da entrada do partido anti-sistema Identidade Soberana, que obteve duas cadeiras.
A divisão entre os partidos centristas do Uruguai desafia a tendência de polarização entre direita e esquerda observada na América Latina, apresentando um panorama de intersecção significativa entre as coligações conservadoras e liberais. O Uruguai, com sua população de 3,4 milhões de habitantes, também se debruçou sobre dois referendos vinculativos: um sobre a reforma das pensões e outro que buscava aumentar os poderes da polícia no combate à criminalidade. Ambos foram rejeitados.
Embora a Frente Ampla tenha recebido mais votos do que em 2019, quando foi derrotada pelo atual presidente Luis Lacalle Pou, a situação para o segundo turno permanece incerta. Orsi, com 43,94% dos votos, enfrenta um desafio considerável contra a soma dos votos dos partidos de direita, que chega a 47%. O cientista político Bruno Lima Rocha Beaklini avaliou que, caso a Frente Ampla não consiga expandir sua base de apoio, a vitória poderá ficar fora de alcance.
“Se fossem 47% ou 48%, a Frente Ampla ganhava tranquilo, mas não está tranquilo, não. A soma dos votos nos partidos de direita dá uma vitória à direita”, destacou Beaklini. Ele observou também o desempenho do candidato Gustavo Salle, do partido Identidade Soberana, que, com 2,69% dos votos, conseguiu a quarta posição, o que pode impactar o equilíbrio das forças no segundo turno.
Leandro Gabiati, cientista político, concordou que a Frente Ampla não se encontra em uma posição confortável para a próxima votação. “A tendência é que os demais partidos apoiem o candidato do Partido Nacional no segundo turno. Isso faz com que a eleição ainda fique muito indefinida”, afirmou. Gabiati acrescentou que, para ser competitiva, a Frente Ampla precisará aumentar sua votação em Montevidéu e nos departamentos do interior.
O Partido Nacional, liderado pelo atual presidente Luis Lacalle Pou, viu uma queda no número de votos, com Álvaro Delgado registrando 26,7%, comparado aos 28,8% obtidos na última eleição. Para Gabiati, esse declínio é natural em um partido que governa, refletindo um desgaste ao longo do mandato. “Depois de cinco anos de governo de Lacalle Pou, há um desgaste de quem governa e esse desgaste reflete nesse desempenho menor nesta eleição”, comentou.
Embora as eleições uruguaias apresentem um contexto complexo, Gabiati não acredita que a vitória de qualquer um dos candidatos impacte significativamente as relações entre Brasil e Uruguai. “O Lula e o Lacalle Pou têm dialogado de forma aberta e franca, apesar de serem de tendências ideológicas opostas”, disse Gabiati, ressaltando que a relação diplomática se manteve estável.
Por outro lado, Beaklini apontou que uma coalizão de centro-esquerda beneficiaria a integração latino-americana e o Mercosul. “A Frente Ampla é entusiasta do Mercosul, assim como o governo brasileiro. A coalizão de direita não é”, enfatizou. Essa dinâmica política regional também está em jogo nas eleições uruguaias, revelando as complexidades do panorama eleitoral atual.
Além das eleições para a presidência e o Congresso, os uruguaios votaram em dois plebiscitos sobre reformas sociais. O primeiro buscava alterar a idade de aposentadoria de 65 para 60 anos, enquanto o segundo visava aumentar os poderes da polícia em operações noturnas. Ambos os plebiscitos não obtiveram apoio suficiente para serem aprovados, refletindo a resistência a mudanças significativas nas políticas sociais do país.
A proposta de reforma da previdência social, apoiada pelas centrais sindicais, não conseguiu mobilizar a sociedade da forma necessária, conforme apontou Beaklini. “Essa campanha foi à míngua. O debate não penetrou na sociedade do Uruguai como deveria”, concluiu. Já a proposta de mudança constitucional para permitir batidas policiais noturnas também foi rejeitada, reafirmando a necessidade de respaldo popular para alterações nas práticas de segurança.
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