Eleição em SP: na Globo, Boulos apresenta exame toxicológico, Marçal tenta se conter e Nunes é principal alvo

Candidatos participaram do 11° e último grande debate antes do dia da eleição no domingo; programa é considerado decisivo


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Matheus Pastori 04/10/2024 12:04 Eleições 2024
Eleição em SP: na Globo, Boulos apresenta exame toxicológico, Marçal tenta se conter e Nunes é principal alvo -

Com uma tradição já consagrada, a TV Globo realizou, na noite desta quinta-feira (3), o último de uma série recorde de 11 debates entre candidatos à Prefeitura de São Paulo. Com base na mais recente pesquisa Quaest, a organização convidou os cinco candidatos mais bem posicionados naquele levantamento, quais sejam: o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB), Guilherme Boulos (PSOL), Pablo Marçal (PRTB), Tabata Amaral (PSB) e José Luíz Datena (PSDB).

O programa é considerado a última e mais importante oportunidade dos postulantes se endereçarem ao eleitor em grande escala – uma vez que, a partir desta sexta-feira (4), já não há mais programas eleitorais gratuitos no rádio ou na televisão. Diante dos já conhecidos episódios de violência física e verbal nos embates até aqui, pela primeira vez, as regras de um debate global em São Paulo previam punições drásticas como descontos de tempos de fala e até mesmo expulsão de candidatos que descumprissem reiteradamente o acordado.

”Pele de cordeiro”

De início, não houve muito trabalho para o mediador e âncora do Jornal Hoje, César Tralli. Como o que se viu no último domingo (28), na TV Record, o primeiro e segundo blocos do debate refletiram um arrefecimento do clima bélico instaurado na disputa. Conhecido por atitudes agressivas, Pablo Marçal se mostrou mais contido. Ele chegou a manter um diálogo ameno com dois de seus antagonistas: Ricardo Nunes e o apresentador de TV José Luiz Datena.

Causou particular espanto a complacência dispensada pelo ex-coach a Datena. Em nenhum momento, Marçal citou diretamente a fatídica cadeirada desferida pelo apresentador contra ele, durante debate na TV Cultura – fato que geralmente sempre faz questão de rememorar. Como já fez em outras oportunidades, o ex-coach voltou a se desculpar com o público: “desculpe se eu te ofendi com alguma palavra. Mas, se não fosse por isso, eu não estaria aqui”, disse, olhando para a câmera. Após ser taxado de ‘destemperado’ por eleitores, Datena também manteve um tom civilizado e até concordou com Marçal em alguns pontos.

Ao assistir a troca de amenidades, Guilherme Boulos não perdeu a chance de destacar a evidente guinada de comportamento do candidato do PRTB. “Eu estou achando muito esquisito o perfil que o Marçal adotou hoje. Ele tumultuou as eleições e agora quer pagar de bonzinho. É o lobo na pele de cordeiro”, disse o deputado federal

Tudo isso, claro, tem uma explicação. No período pós-cadeirada, algumas das principais pesquisas apontaram que tanto Marçal quanto Datena chegaram, respectivamente, a alarmantes 57% e 68% de rejeição – índices considerados mais do que proibitivos em uma disputa tão intensa.

Boulos apresenta exame toxicológico

Do terceiro bloco em diante, o clima esquentou – ainda que dentro de parâmetros aceitáveis. Marçal apelou à ideologia política, se apresentando como o “único representante da direita” – coisa que não procede, vez que Ricardo Nunes também se posiciona naquele lado do espectro. Para o empresário, Boulos representa a “extrema esquerda” na disputa. Ele acusou o deputado de “destruir o Hino Nacional”, lembrando que a letra foi cantada em linguagem neutra em um evento do candidato do PSOL.

Mas o principal passivo de Boulos continua sendo sua pecha de “invasor de propriedade”, algo suscitado por seus adversários desde o primeiro debate, ocorrido na Band no início de setembro. “Entre o MST e a GCM, de que lado você ficaria?”, provocou Marçal. Durante anos, o deputado federal foi líder do MTST, quando, entre outras ações, chegou a ocupar o icônico prédio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

“O extremismo não pode governar São Paulo. São Paulo é uma cidade conservadora, eu sou cristão”, disse o ex-coach. 

Boulos revidou ao fazer uma comparação inesperada. “O Marçal acusar alguém de extremismo é igual a Suzane von Richthofen acusar alguém de assassinato. É impressionante”, rebateu o deputado.

O influenciador também insinuou que o Boulos “conhece bem São Paulo na questão de biqueiras”. Esta foi a deixa para o deputado federal sacar um papel e disparar: “ele [Marçal] mente de maneira descarada”. “Tentou por outras vezes me associar ao uso de drogas. Esse cara não tem moral. Sou pai de duas filhas e não aceito ser atacado desse jeito. Tá aqui, fiz o exame toxicológico [ele mostra o documento]. Faça o seu, Marçal. Faça o psicotécnico também”.

Neste momento, o candidato do PSOL foi advertido por César Tralli, já que havia ficado combinado que os participantes não poderiam exibir qualquer tipo de documento às câmeras. Boulos, no entanto, não sofreu nenhuma punição.

Caneta do prefeito

Ricardo Nunes não escapou de uma enxurrada de críticas à sua gestão. Durante boa parte do programa, o prefeito foi obrigado a ficar na defensiva. Dado momento, Nunes disse que havia acabado a tinta da sua caneta de tanto que anotou falas às quais queria responder.

Com dificuldades para conseguir adesão no dito “bolsonarismo raiz”, o candidato à reeleição apelou para religião e para o discurso de uma direita simpática a ideias liberais na economia. Nunes citou Deus sempre que pôde e, por quatro vezes, repetiu sobre a redução de impostos e extinção de outras taxas na capital paulista, como para aplicativos de streaming e delivery.

Acuado ante uma série de tabelinhas sobre saúde, transporte, segurança pública e promessas que não conseguiu cumprir, o prefeito, apesar de rebater os questionamentos com números precisos de cada área, adotou uma argumentação um tanto quanto vazia. “Só sabem criticar nossa cidade”, falou por várias vezes, como se esperasse algum outro comportamento dos adversários.

Vale lembrar que a mais recente pesquisa Datafolha, divulgada na tarde desta quinta, aponta que Guilherme Boulos tem 26% das intenções de voto, seguido por Nunes e Marçal, com 24%. Os três estão tecnicamente empatados dentro da margem de erro de dois pontos, para mais ou para menos.

*Matheus Pastori, colaboração de São Paulo para o Portal M!

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