Floriano Teixeira: saiba mais sobre o autor da mostra que reinaugura Museu da Misericórdia

O Museu da Misericórdia, localizado no Centro Histórico de Salvador, reabre suas portas ao público após quatro anos de grandes obras de restauração, revitalização e requalificação. Este importante equipamento cultural, pertencente à Santa Casa de Misericórdia e tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), foi totalmente renovado para preservar sua rica história e significado cultural.

A exposição inédita que marca a reabertura do espaço é do artista plástico Floriano Teixeira, de renome internacional e grande relevância para a vida cultural e artística do Brasil. 

Sobre ele, no ato da reinauguração, na última terça-feira, o o provedor da Santa Casa de Misericórdia da Bahia, José Antônio Rodrigues Alves, disse:

“Escolhemos iniciar as exposições com Floriano Teixeira, um artista maranhense, autodidata, que se tornou baiano por escolha e por obra. Floriano era retratista, desenhista e ilustrador. Colaborou com obras de grandes escritores, como Jorge Amado, e foi capaz de expressar, com muita sensibilidade, o cotidiano baiano. Agradeço à família de Floriano, que foi extremamente colaborativa durante todo o processo”

Floriano Teixeira: biografia e legado de um mestre das artes

Floriano Teixeira nasceu no município maranhense de Cajapió, no dia 8 de março de 1923. Criado na capital, São Luís, estudou  no Grupo Escolar Sotéro dos Reis, depois o Liceu Maranhense, quando, em 1935, após as primeiras aulas de desenho do professor Rubens Damasceno, realiza as suas primeiras aquarelas e executa caricaturas e histórias em quadrinhos.

Desenvolvimento artístico e descobertas

Entre 1948 e 1949, Floriano Teixeira catalogou obras de artistas como Daumier , Gavarni e Millet . Fundou o Núcleo Eliseu Visconti e aprofundou-se em técnicas como a monotipia e a xilogravura. A convivência com a cultura de São Luís influenciou suas obras, marcadas por sobrados coloniais, azulejos, ruas e o cotidiano da cidade.

Floriano Teixeira no Ceará

Em 1950, Floriano mudou-se para o Ceará, onde sua carreira ganhou novos rumores. Junto a Antônio Bandeira , fundou o Grupo Independência em 1952. Dentre seus destaques nessa fase estão:

• Mural para a Companhia Sul América : Tema sobre a vida rural cearense.
• Painel tríptico para o Cartório Martins : Representando a fundação histórica do Ceará.
• Criação de xilogravuras para o jornal O Democrata e cenários para o Teatro-Escola.

Em 1962, Floriano fundou o Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará , do qual foi o primeiro diretor.

Consolidação na Bahia e reconhecimento nacional

Após exportar para diversos estados, Floriano fixou-se na Bahia em 1965, onde consolidou sua carreira como pintor e ilustrador. Entre suas colaborações mais famosas estão as capas e ilustrações de livros de autores como:

• Jorge Amado : “Dona Flor e Seus Dois Maridos”, “A Morte e a Morte de Quincas Berro D’Água”, “Milagre dos Pássaros”.
• Graciliano Ramos : Capas da coleção “Obras Completas”.
• Lindolfo Rocha : “Maria Duzá”.

Estilo e filosofia artística de Floriano Teixeira

Floriano descrevia sua arte como independente de escolas ou movimentos. Em uma entrevista à Revista Exu, declarou:

“Eu pinto o que tenho vontade de pintar, o que sei pintar, e o que quero fazer naquele momento”.

Legado de Floriano Teixeira

Ao longo de sua vida, Floriano Teixeira foi premiado diversas vezes e participou de importantes notícias no Brasil e no exterior. Suas obras capturam a essência da cultura nordestina e sua trajetória inspira gerações de artistas.

Visitação da mostra de Floriano Teixeira no Museu da Misericórdia

O museu funcionará de terça a sexta, das 9h às 17h, e aos sábados, das 9h às 16h30, com ingressos para visitação vendidos no local, nos valores de R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia-entrada). Nos domingos e feriados, o museu estará fechado.

A exposição de Floriano Teixeira não é a única à disposição do público. Há no local uma exposição fixa com obras de artistas como Bel Borba, Juarez Paraíso, Calasans Neto, Mário Cravo Júnior e outros. O acervo do local é composto por 3.874 peças classificadas em diversas categorias, como alfaia, mobiliário, pinacoteca e imaginária.

Sobre o Museu da Misericórdia

A requalificação do Museu da Misericórdia, coordenada pela Superintendência de Obras Públicas (Sucop) da prefeitura de Salvador, foi viabilizada com um investimento de R$ 11,3 milhões, fruto de recursos da gestão municipal e do Fundo de Defesa de Direitos Difusos (FDD), do Ministério da Justiça.

O prédio, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), é um dos marcos arquitetônicos e culturais mais importantes da cidade, abrigando o primeiro hospital da Bahia no período colonial.

Durante o processo de revitalização, foram realizadas intervenções de grande complexidade. Entre elas, estão a instalação de um elevador para melhorar a acessibilidade, recuperação de elementos arquitetônicos originais e modernização dos espaços expositivos.

A modernização do museu incluiu a implementação de painéis interativos, vitrines atualizadas e um sistema de programação visual que alia tecnologia à preservação histórica. Para ampliar o acesso, o local também conta com recursos de inclusão e acessibilidade, como elevadores e sinalizações em braile, garantindo uma experiência enriquecedora para todos os visitantes.