Energia limpa na Bahia: 74 novas usinas e mais de 100 mil empregos até 2025

A Bahia vem consolidando sua posição de destaque no cenário nacional da energia renovável. Com condições climáticas favoráveis e políticas estratégicas de incentivo, o Estado lidera a geração de energia limpa no Brasil. Segundo o governo estadual, até 2025, estão previstos investimentos de quase R$ 50 bilhões para a construção de 74 novas usinas, sendo 63 eólicas e 11 solares.

Atualmente, há 441 usinas em operação, suficientes para abastecer cerca de 28 milhões de residências. O setor eólico se destaca com mais de 10 gigawatts (GW) de capacidade instalada, representando 23% da expansão da matriz elétrica nacional em 2024. Já na geração de energia solar fotovoltaica, o Estado responde por 17% do mercado brasileiro, com 79 usinas em funcionamento e uma potência outorgada de 2,4 GW.

Investimentos impulsionam geração de energia limpa

Segundo o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico (SDE), Angelo Almeida, mais de R$ 100 bilhões já foram investidos no setor de energias renováveis, resultando na criação de mais de 160 mil empregos diretos e indiretos. 

“A Bahia desempenha o seu papel fazendo investimentos robustos em novas usinas. Estamos em uma condição estratégica bastante favorável para mantermos a liderança em energia eólica. Quanto à solar, temos a possibilidade de ainda avançarmos muito por conta do fator de capacidade de irradiação, conferido sob diversas medições por ano. Podemos dizer que estamos na posição de liderança na produção de energia renovável híbrida: eólica e solar”, afirmou.

Segundo Almeida, a geração de energia eólica tem se destacado graças a condições naturais favoráveis, como ventos constantes e unidirecionais, além de incentivos fiscais que atraem empreendimentos do setor. Já a energia solar avança devido aos altos níveis de irradiação solar, que tornam o estado um dos líderes nacionais na geração fotovoltaica.

Complexos eólicos fortalecem matriz energética baiana

Dentre os principais empreendimentos do setor, o Complexo Eólico de Tanque Novo, inaugurado em 2023 pela CGN Brazil Energy, se destaca. Situado nos municípios de Tanque Novo e Caetité, o complexo tem 40 aerogeradores distribuídos em sete parques eólicos, totalizando 180 MW de capacidade instalada. O investimento de R$ 1,2 bilhão gerou 1.100 empregos e pode abastecer até 660 mil residências.

Na Chapada Diamantina, os Complexos Eólicos Sul I e II, da Enel Green Power, contam com 15 parques, 170 aerogeradores e capacidade instalada de 525 MW. Com potencial de geração de 2,6 terawatts (TW) por ano, o suficiente para atender 1,5 milhão de residências, os empreendimentos contribuem significativamente para o fornecimento de energia limpa.

 “A energia dos aerogeradores é enviada às subestações de transformadores que elevam a sua voltagem para ela ser transportada aos centros urbanos por meio das linhas de transmissão de alta tensão”, explicou Diego Camargo Estécio, supervisor de operações do Complexo Eólico de Tanque Novo.

Ao todo, são 362 parques eólicos instalados em 35 municípios baianos, com investimentos que ultrapassam R$ 55 bilhões e mais de 105 mil empregos gerados.

Impactos ambientais e sustentabilidade

A geração de energia eólica tem impactos ambientais reduzidos em comparação com outras fontes de energia. Por ser uma fonte renovável, sua principal vantagem é a baixa emissão de gases de efeito estufa.

 “Reduz bastante os impactos ambientais, pois não há emissão de monóxido de carbono produzido pelas usinas e termoelétricas. É uma fonte limpa. A única poluição que temos é a sonora por conta do ruído dos aerogeradores. Por isso, eles precisam ser instalados em locais afastados dos centros populacionais, como em áreas rurais despovoadas”, avaliou Estécio.

Bahia avança na energia solar e prevê novos investimentos

Além da energia eólica, a Bahia ocupa a segunda posição na geração de energia solar no Brasil, com 18% de participação no mercado. O Estado conta com 79 usinas solares em operação, que juntas abastecem cerca de 9 milhões de pessoas. A previsão é que, até 2030, sejam investidos cerca de R$ 90 bilhões na construção de mais 556 empreendimentos solares, gerando aproximadamente 740 mil empregos.

O Complexo Solar Lapa, no município de Bom Jesus da Lapa, se destaca como um dos maiores empreendimentos do setor no Brasil. Construído em 2016, conta com 500 mil placas solares distribuídas em um terreno de 310 hectares, equivalente a 287 campos de futebol. Sua capacidade instalada de 158 MW é suficiente para atender 166 mil residências.

“A escolha de Bom Jesus da Lapa foi feita de forma assertiva devido às condições climáticas, que em um longo período do ano, possui poucas nuvens no céu e o nível de radiação são bem altos. Isso facilita muito a coleta da luz solar para a geração de energia”, pontuou Jefferson Bento de Sousa, supervisor do Complexo Solar Lapa, empreendimento da CGN Brazil Energy.

Futuro promissor para a energia renovável na Bahia

De acordo com Angelo Almeida, a chegada de novas propostas de investimento no setor de energia renovável tem sido constante. Segundo ele, políticas estaduais, como a isenção fiscal e a alíquota zero para importação de equipamentos, têm facilitado a atração de empresas nacionais e internacionais interessadas em investir no Estado.

Para o secretário, o fortalecimento da Bahia como líder na comercialização de leilões de energia eólica é resultado de décadas de trabalho estratégico e do alinhamento das condições naturais favoráveis da região.

“Foi fruto de muito trabalho ao longo desses 24 anos e de uma convergência das relações da natureza que contempla a Bahia. Esse é o melhor lugar para se buscar energia limpa, e mais barata, o que atualmente não se tem encontrado no continente europeu ou asiático. A partir daí, o mundo começou a conferir o que temos de forte e potência. Estamos muito animados com essa nova perspectiva e receptivos com os investimentos mundiais”, comemorou Almeida.