Vereadora critica passarela em camarote e diz que equipamento cria ‘segregação’ no Carnaval de Salvador

A líder da Oposição na Câmara Municipal de Salvador (CMS), vereadora Aladilce Souza (PCdoB) criticou, nesta domingo (2), a Prefeitura pela liberação da passarela que liga o Morro do Ipiranga a um camarote do circuito Dodô (Barra-Ondina). Ao Portal M!, a parlamentar afirmou que o equipamento cria uma festa “segregada”, o que vai contra o espírito democrático da celebração.

Aladilce destacou que o Carnaval de Salvador é um momento de confraternização entre diferentes classes sociais. “Não cabe uma via exclusiva para clientes de um camarote, pessoas que podem pagar até R$ 4.500 por um dia, e usando espaço público. Eu acho que foi uma liberação que a prefeitura fez equivocada”, pontuou.

A vereadora alertou que, se todos os camarotes adotassem essa prática, a festa perderia seu caráter inclusivo. “Quando a Prefeitura libera, está incentivando uma atitude segregacionista, de apartheid, que não cabe mais, especialmente em Salvador, que é a cidade mais negra fora da África. Então, eu acho que foi um debate importante que a gente fez e eu espero que no próximo ano não se repita”, enfatizou.

Crescimento da festa e desafios a serem enfrentados

De acordo com Aladilce, o Carnaval de Salvador 2025 demonstrou crescimento significativo em relação aos anos anteriores, refletindo a retomada após a pandemia. “A sensação que a gente tem é que a festa cresceu do ano passado para cá. A gente veio recuperando depois da pandemia, e esse ano a gente está vendo uma explosão de alegria em todos os circuitos, cheio”, afirmou.

No entanto, a parlamentar reforçou a necessidade de planejamento e melhorias, destacando que o debate sobre a próxima edição deve começar logo após o encerramento da atual. “A gente precisa repensar muita coisa no Carnaval. O debate tem que começar logo depois que termina, na quarta-feira de cinza, para que a gente possa melhorar”, defendeu.

Melhorias para cordeiros, ambulantes e catadores

Outro ponto relevante levantado por Aladilce Souza foi a condição de trabalho dos cordeiros, ambulantes e catadores de materiais recicláveis, que somam mais de 50 mil pessoas durante a festa. Segundo a vereadora, diversas situações de precariedade são enfrentadas por esses trabalhadores, como jornadas exaustivas, falta de espaços para higiene e condições indignas de trabalho.

No entanto, a vereadora ressaltou que, graças a audiências promovidas pela Câmara Municipal de Salvador (CMS), avanços importantes foram conquistados. Isso porque, o Governo do Estado e a Prefeitura de Salvador anunciaram medidas como distribuição de alimentos, equipamentos de proteção individual e instalação de postos de banho para esses profissionais.

Por fim, Aladilce Souza destacou que o protagonismo da Câmara de Salvador foi essencial para garantir melhores condições aos trabalhadores.

“Foi uma vitória do protagonismo no debate que a Câmara promoveu. A Câmara serve para isso, para ouvir a população e intermediar essa relação com quem tem que fazer e executar as políticas, que é a Prefeitura. Então acho que foi esse outro ponto importante que a gente tem nesse Carnaval, que foi de debate muito grande e provocado pela Câmara Municipal”, finalizou a vereadora.