O presidente do Partido dos Trabalhadores na Bahia, Éden Valadares, afirmou, nesta segunda-feira (7), que o vice-presidente nacional do União Brasil, ACM Neto, está “politicamente isolado na Bahia e no Brasil”. Segundo o petista, o ex-prefeito de Salvador e ex-candidato a governador em 2022 “conduz um projeto de poder estritamente pessoal e não exerce mais influência significativa no cenário nacional”.

As críticas de Éden ocorrem poucos dias após o lançamento da pré-candidatura do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), à Presidência da República, evento realizado, na última sexta-feira (5), em Salvador. A ausência de lideranças nacionais e regionais da legenda durante o encontro foi usada pelo petista como evidência do que chamou de “esvaziamento” político de ACM Neto.

“Fez lançamento de candidatura à presidência da República que não contou com a presença dos ministros do partido, dos prefeitos, deputados, nem mesmo o presidente do União Brasil veio”.

Para Éden, ACM Neto desfigurou próprio partido

Para Éden Valadares, a ausência de figuras influentes no evento em Salvador não é um fato isolado, mas parte de um processo contínuo de distanciamento entre ACM Neto e a base política estadual e nacional. Segundo ele, o ex-prefeito despreza o diálogo com prefeitos e lideranças locais, o que estaria provocando seu enfraquecimento.

“ACM Neto não tem influência na política nacional e, na Bahia, seu projeto é pessoal. É um projeto de poder pelo poder, porque ele acha que essa terra é herança dele”.

“Não atende, não responde, não dialoga, não divide. É tudo ele, e isso vai isolando Neto cada vez mais, com lideranças e prefeitos abandonando a cada semana. ACM Neto é o ‘bloco do eu sozinho’, isolado na Bahia e no Brasil”, completou Valadares.

Segundo o presidente do PT na Bahia, o ex-prefeito de Salvador age como herdeiro de um legado político, mas estaria desfigurando o próprio partido construído por seu avô, Antonio Carlos Magalhães. Para Éden, o processo de transformação do antigo PFL em Democratas e, posteriormente, na fusão que originou o União Brasil, representa uma trajetória de perda de identidade política.

“Neto se considera e atua como herdeiro político do avô, mas a verdade é que ele matou o partido de ACM, transformou o PFL em DEM, depois em União Brasil e agora já vai se entregar ao PP, acabando com o partido de uma vez por todas”, bradou o petista.

União Brasil e PP: possível federação no horizonte

Durante o evento que motivou as críticas de Éden, ACM Neto defendeu a ideia de uma federação partidária entre o União Brasil e o Progressistas (PP), classificando a movimentação como “inevitável”. No entanto, ele afirmou que o assunto ainda está em fase preliminar de discussão e que qualquer decisão dependerá de convenção nacional.

“Eu sou um defensor dessa agregação de partidos. Acho que a federação pode ser uma boa solução, mas nós não estamos tratando dela nesse momento, porque hoje o foco e a prioridade aqui é o evento em torno do governador Ronaldo Caiado”, explicou Neto.

Lançamento de Caiado expõe divisões internas

A ausência de nomes de peso da política nacional durante o lançamento da pré-candidatura de Ronaldo Caiado também gerou repercussão. ACM Neto tentou minimizar a falta de adesão ao afirmar que o evento representava apenas o início de uma construção política dentro da legenda. Ele também justificou a ausência do presidente nacional do União Brasil, Antonio Rueda, como uma decisão estratégica para evitar desconfortos com lideranças que ainda não aderiram ao projeto de Caiado.

“Caiado está dando um primeiro passo com o intuito de tentar se viabilizar. O partido é democrático, não tem dono, e essa construção começa agora. ”, afirmou ACM.