Gilberto Gil acolheu irmã de Marcelo Rubens Paiva durante exílio em Londres, confirma escritor

O escritor Marcelo Rubens Paiva confirmou, no último domingo (16), em uma publicação na rede social X, que sua irmã, Vera Paiva, foi acolhida pelo cantor baiano Gilberto Gil durante o período de exílio do cantor em Londres, em 1971. O relato já havia sido retratado no filme Ainda Estou Aqui, vencedor do Oscar.

A revelação ocorreu após um vídeo mostrar o encontro de Gil com a atriz Valentina Herszage, intérprete de Vera no longa dirigido por Walter Salles. O cantor e a atriz conversaram, no último sábado (15), nos bastidores da turnê Tempo Rei, na Arena Fonte Nova, em Salvador. No vídeo, Valentina menciona a cena do filme em que sua personagem escreve uma carta à família contando que dançou com Gil em uma festa na capital inglesa.

“Essa cena rolou de verdade em 1971. Gil, sabendo do que tinha acontecido com a nossa família no Brasil, acolheu a Veroca exilado em Londres. Décadas depois, minha mãe foi advogada da sua fundação”, escreveu Marcelo Rubens Paiva.

História de ‘Ainda Estou Aqui’

O filme Ainda Estou Aqui conta a trajetória de Eunice Paiva, mãe de Marcelo e Vera, que precisou reconstruir sua vida após o desaparecimento do marido, Rubens Paiva. O engenheiro civil e ex-deputado foi preso e morto pela ditadura militar no Rio de Janeiro, em 1971. Enquanto Eunice enfrentava a repressão no Brasil, Vera estava em Londres, hospedada na casa de amigos da família.

Fernanda Torres interpreta Eunice no longa, papel que lhe garantiu uma indicação ao Oscar. A produção também concorreu na categoria de Melhor Filme e conquistou a estatueta de Melhor Filme Internacional, um marco inédito para o Brasil.

Gil emociona público com show de despedida em Salvador

O primeiro show da turnê Tempo Rei de Gilberto Gil aconteceu, no último sábado (15), na Arena Fonte Nova, em Salvador, reunindo milhares de fãs para uma noite repleta de emoção, homenagens e manifestações políticas. Aos 82 anos, o cantor revisitou momentos marcantes de sua carreira, interpretando sucessos como Esperando na Janela e Se Eu Quiser Falar com Deus, além de prestar tributo a grandes nomes da música brasileira.

“Estarmos aqui juntos é o sentido profundo de termos nos dedicado a essa longa carreira”, disse o artista.

Entre os momentos mais comoventes do espetáculo, esteve a homenagem à filha Preta Gil, que enfrenta um tratamento contra o câncer. Antes de cantar Drão, Gil dedicou a apresentação à filha e relembrou momentos especiais ao lado dela, enquanto imagens de sua infância eram exibidas no telão. O público acompanhou com emoção a declaração do artista, que reforçou o amor e a conexão familiar em um dos pontos altos do evento.

“Esse show é para mim, para todos, mas especialmente para minha filha Preta”, disse o cantor.

O show também teve espaço para protestos políticos, relembrando o período da ditadura militar, que levou Gilberto Gil ao exílio. Durante a apresentação de Cálice, composta por Chico Buarque, o público entoou em coro a frase “sem anistia”, em repúdio aos crimes do regime. Imagens de vítimas da repressão foram exibidas no telão, intensificando a mensagem de resistência e memória histórica.