Donald Trump e Vladimir Putin devem conversar, nesta terça-feira (18), sobre as negociações para um possível cessar-fogo na guerra da Ucrânia. A conversa entre os dois líderes busca avançar nas tratativas iniciadas pelos Estados Unidos para o fim do conflito, que já dura três anos. A proposta envolve a divisão de ativos estratégicos, como terras e usinas de geração de energia.

“Veremos se temos algo a anunciar talvez até terça-feira. Falarei com o presidente Putin na terça-feira”, afirmou Trump a repórteres, durante coletiva no Air Force One, na noite do último domingo (16). O presidente norte-americano retornava de viagem à Flórida para Washington.

Segundo Trump, “muito trabalho foi feito no fim de semana” e o objetivo da conversa é avaliar a viabilidade de um acordo para dar fim ao confronto armado.

Ucrânia aceita proposta, mas acusa Putin de atrasar negociações

O enviado especial da Casa Branca à Ucrânia, Steve Witkoff, revelou que a conversa entre Trump e Putin foi agendada após uma reunião entre ele e o líder russo na semana passada. O encontro durou cerca de quatro horas e, apesar de não ter seus detalhes divulgados, Witkoff disse que houve avanço: “ambos os lados diminuíram as diferenças entre eles”.

Ainda segundo o diplomata, os Estados Unidos apresentaram uma proposta de cessar-fogo que já conta com a adesão da Ucrânia. No entanto, o presidente Volodmir Zelenski acusa Putin de atrasar propositalmente as negociações.

Declarações anteriores de Trump sobre o conflito ganham novo contexto

Durante entrevista ao programa Full Measure, na última sexta-feira (14), Trump admitiu ter sido “um pouco sarcástico” ao dizer, em diversas ocasiões, que resolveria a guerra em 24 horas. A afirmação, repetida enquanto ele ainda era pré-candidato à presidência, repercutiu negativamente por simplificar um conflito de alta complexidade.

“Bem, eu estava sendo um pouco sarcástico quando disse isso”, explicou Trump. “O que eu realmente quero dizer é que gostaria de resolver o problema e, eu acho, eu acho que vou ser bem-sucedido”, completou, demonstrando confiança no seu papel como mediador.

A frase se soma a outras declarações polêmicas feitas por Trump. Em 2023, ele afirmou em entrevista à CNN: “Estão morrendo, russos e ucranianos. Eu quero que eles parem de morrer. E eu farei isso – farei isso em 24 horas.” Em setembro, durante um debate eleitoral, ele prometeu resolver o conflito “antes mesmo de me tornar presidente”, caso fosse eleito.

Trump acredita que Putin aceitará proposta de paz

Apesar das críticas, Trump sustenta que sua influência pessoal pode ser decisiva. Quando questionado sobre o que aconteceria caso Putin rejeitasse o acordo de cessar-fogo, respondeu: “Más notícias para este mundo, porque muitas pessoas estão morrendo”. Em seguida, demonstrou otimismo: “Eu acho que ele vai concordar. Acho que o conheço muito bem e acho que ele vai concordar.”

União Europeia critica postura da Rússia nas negociações

A chefe de Relações Exteriores da União Europeia, Kaja Kallas, afirmou em coletiva que “a Rússia não quer realmente a paz”. A declaração foi feita após reunião do Conselho de Relações Exteriores da UE, na qual Kallas expressou preocupação com a postura russa nas negociações e pediu cautela.

“O entendimento ao redor da mesa é que não se pode confiar na Rússia, pois aproveitam qualquer oportunidade para apresentar demandas que são seus objetivos finais”, disse. Kallas também defendeu celeridade na aprovação do pacote de 40 bilhões de euros em apoio militar à Ucrânia. “Precisamos avançar rapidamente com essa iniciativa”, afirmou, destacando a importância da determinação europeia.

UE também debate ajuda humanitária e situação no Oriente Médio

Na mesma ocasião, Kallas também condenou a politização da ajuda humanitária em Gaza, destacando a necessidade de que a assistência chegue às populações em risco. Segundo ela, é essencial que o grupo Hamas seja excluído de qualquer papel futuro na reconstrução da região.

“Todos condenaram a politização da ajuda humanitária, que deve chegar às pessoas necessitadas”, completou.

Discussões diplomáticas avançam após maior ataque com drones

As tratativas lideradas pelos EUA ganharam impulso após um ataque aéreo em larga escala da Rússia contra a Ucrânia, ocorrido na última semana. O ataque foi o maior já registrado desde o início da guerra, com o lançamento de 126 drones Shahed e um míssil balístico. Segundo o governo russo, a Ucrânia respondeu abatendo 337 drones.

O Ministério da Defesa da Rússia informou que os alvos foram atingidos principalmente nas regiões de Kursk e Moscou, próximas à fronteira ucraniana. O ataque causou três mortes e 18 feridos, entre eles três crianças.

Enquanto os bombardeios ocorriam, representantes da Ucrânia e dos Estados Unidos se reuniam em Jedá, na Arábia Saudita, para discutir saídas diplomáticas para o fim do conflito. Apesar do avanço das conversas, a posição da Rússia continua sendo o principal obstáculo à consolidação de um acordo de paz.