IBGE: Salvador tem 4ª menor taxa de ensino superior completo
Censo 2022 aponta avanços tímidos na frequência escolar, mas capital baiana tem um dos maiores índices de defasagem do Brasil

Os dados do Censo Demográfico 2022, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelam que Salvador enfrenta sérios desafios em relação à educação. Apesar do aumento na frequência escolar em alguns grupos, a capital baiana lidera os índices de atraso em diferentes faixas etárias e apresenta uma das menores proporções de adultos com ensino superior completo entre as capitais brasileiras.
Avanços na Educação Infantil e no Ensino Fundamental
Entre 2010 e 2022, Salvador registrou crescimento na frequência escolar apenas entre crianças de até 3 anos e no grupo de 6 a 14 anos. Nos demais grupos etários, houve queda na participação educacional:
- Crianças de até 3 anos: a frequência em creches aumentou de 29,5% em 2010 para 34,2% em 2022, com um total de 32.542 crianças matriculadas.
- Faixa de 6 a 14 anos: a taxa subiu de 96,9% para 97,5%, alcançando 249.705 estudantes matriculados.
Por outro lado, a frequência escolar entre crianças de 4 a 5 anos caiu de 88,5% em 2010 para 86,3% em 2022. Já entre os adolescentes de 15 a 17 anos, a redução foi de 86,9% para 83,3%, enquanto, no grupo de 18 a 24 anos, a queda foi ainda mais acentuada, passando de 38,4% para 32,4%.
Salvador tem um dos maiores índices de atraso escolar do país
O atraso escolar, que indica o percentual de estudantes que não estão no nível de ensino adequado para a idade, é um dos maiores problemas educacionais em Salvador. A capital baiana ocupa posições alarmantes em diversas faixas etárias:
- Crianças de 6 a 14 anos: 10,2% (25.470 alunos) ainda não haviam chegado nem ao primeiro ano do ensino fundamental, o maior percentual entre as capitais brasileiras.
- Adolescentes de 15 a 17 anos: 30,0% (21.865 jovens) não haviam iniciado o ensino médio, colocando Salvador na quarta posição entre as capitais com maior defasagem.
- Jovens de 18 a 24 anos: 55,4% (43.318 pessoas) não estavam cursando o ensino superior, também o maior percentual do país.
Esses índices refletem as dificuldades enfrentadas por grande parte da população em acessar e permanecer em níveis mais avançados da educação formal.
Baixa escolaridade entre adultos soteropolitanos
Em 2022, Salvador apresentou a quarta menor proporção de adultos com ensino superior completo entre as 27 capitais brasileiras. Apenas 21,4% da população de 25 anos ou mais concluiu uma graduação. Esse número, embora tenha crescido em relação a 2010 (quando era de 14,6%), ainda está muito abaixo da média nacional.
A desigualdade educacional também se evidencia na formação básica. Cerca de 23,2% da população adulta da capital não têm instrução ou possuem, no máximo, o ensino fundamental incompleto. Apenas 62,7% dos soteropolitanos haviam concluído o ensino básico (ensino médio ou superior incompleto), proporção que, apesar de ter aumentado em relação a 2010 (52,3%), ainda reflete uma lacuna significativa na formação educacional.
Desigualdades de gênero e raça em Salvador
Os dados do IBGE revelam discrepâncias importantes em relação a gênero e raça na capital baiana:
- Mulheres são mais instruídas do que os homens: 23,1% das mulheres adultas têm ensino superior completo, em comparação com 19,3% dos homens.
- Pessoas brancas lideram em nível de escolaridade: 43,9% das pessoas brancas adultas concluíram o ensino superior, contra apenas 13,2% das pessoas pretas, a menor proporção entre as categorias de cor ou raça.
Essa desigualdade estrutural reforça a necessidade de políticas públicas voltadas para ampliar o acesso à educação de qualidade para grupos historicamente desfavorecidos.
Cursos de graduação mais frequentes em Salvador
Entre os soteropolitanos com ensino superior completo, as áreas de gestão e administração lideram em número de formados. Em 2022, as três principais formações eram:
- Gestão e administração: 59.461 pessoas.
- Direito: 40.742 pessoas.
- Formação de professores sem área específica: 26.397 pessoas.
Enquanto áreas como negócios e administração apresentam maior quantidade de graduados, cursos relacionados à agricultura e veterinária têm baixa adesão, representando o menor número de formados na capital.
Desafios e perspectivas para educação em Salvador
Os dados do Censo 2022 evidenciam que Salvador ainda enfrenta obstáculos significativos para garantir a educação de qualidade para toda a população. Embora tenha havido avanços na educação infantil e no ensino fundamental, a cidade ainda lidera os atrasos escolares em diferentes faixas etárias e apresenta baixos índices de escolarização superior.
Para reverter esse cenário, é fundamental a implementação de políticas públicas que ampliem o acesso ao ensino superior, combatam as desigualdades raciais e de gênero e ofereçam suporte para a permanência de estudantes em níveis avançados de educação.
Mais informações detalhadas sobre o Censo 2022 podem ser encontradas no site oficial do IBGE.
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