Motorista de aplicativo morre por bala perdida em execução de empresário em SP

O motorista de aplicativo ferido durante execução do empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, delator do Primeiro Comando da Capital (PCC), considerada uma das maiores organizações criminosas do país, morreu neste sábado (9). Celso Araújo Sampaio de Novais, de 41 anos, foi alvejado nas costas. Ele estava internado na UTI do Hospital Geral de Guarulhos, mas não resistiu ao ferimento.

O crime ocorreu na última sexta-feira (8), no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, por volta das 16h. Conforme informações da perícia do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa Humana (DHPP) da Polícia Civil, pelo menos 27 tiros de fuzil foram disparados por dois criminosos, que tinham o objetivo de ‘silenciar’ o delator.

O corpo de Celso foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) de Guarulhos, e logo depois liberado para o velório. O motorista deixou três filhos, segundo a família. Ele foi vítima de uma execução marcada, mesmo sendo totalmente inocente no caso.

Outras duas pessoas também sofreram com as balas perdidas. Uma delas foi um homem de 39 anos, que também foi internado no Hospital Geral de Guarulhos. Não há detalhes sobre seu estado de saúde. Outra vítima foi uma mulher de 28 anos, que recebeu atendimento médico no aeroporto e foi liberada em seguida. Ela deu o seu relato aos agentes de segurança e os desdobramentos do caso ainda são aguardados.

Entenda o crime

Após chegar de viagem e desembarcar no Terminal 2 do Aeroporto Internacional de Guarulhos, as câmeras de segurança flagraram que Gritzbach pode ter sido vítima de uma execução encomendada. Inclusive, a investigação da Polícia Civil de São Paulo já afastou os quatro PMs responsáveis por fazer a segurança do empresário e apreendeu os celulares dos agentes para averiguar uma possível participação no assassinato.

De acordo com as apurações, dois suspeitos dispararam tiros de fuzil em direção ao empresário. Por isso, outras três pessoas sofreram com balas perdidas. Os quatro policiais já prestaram depoimento à Polícia Civil e à Corregedoria da PM. Por enquanto, todos eles foram afastados de suas atividades operacionais e aguardam a solução do caso.

O local da morte de Gritzbach também passou por perícia da DHPP, em averiguação que durou cerca de 5h30. A investigação apreendeu os dois carros utilizados pela escolta da vítima. Um deles teria sofrido problemas técnicos e, por isso, apenas um PM estava fazendo a segurança do delator.

Além disso, um terceiro veículo, um Volkswagen Gol preto, supostamente usado pelos atiradores, também foi apreendido. No carro, a Polícia Civil encontrou um colete à prova de balas e munição de fuzil.

Delação premiada

Antônio Vinícius Lopes Gritzbach fechou um acordo de delação premiada, homologado pela Justiça em abril. As negociações com o Ministério Público (MP-SP) já duravam cerca de dois anos e ele já havia prestado seis depoimentos. Segundo informações da polícia, ele é ex-corretor da Porte Engenharia e Urbanismo, uma das maiores construtoras de São Paulo.

Na delação, o empresário falou sobre envolvimento do PCC com o futebol e o mercado imobiliário. Ele também deu informações sobre os assassinatos de líderes da facção, conhecidos como ‘Cara Preta’ e ‘Django’.

Esta não foi a primeira tentativa de “silenciar” o empresário. Na véspera do Natal de 2023, um tiro de fuzil foi disparado contra a janela de seu apartamento no bairro do Tatuapé, na zona leste. Porém, o atirador errou o alvo.