Outubro Rosa: iniciativas solidárias transformam autoestima de mulheres com câncer de mama
Portal M! conta a história de projetos importantes que ajudam no enfrentamento à doença em Salvador
Neste Outubro Rosa, diversas iniciativas ganham destaque por seu papel fundamental em mitigar os efeitos do câncer de mama na autoestima das mulheres. Mais do que o impacto físico, o tratamento oncológico também afeta a saúde emocional e a autoconfiança das pacientes. Diante disso, projetos que promovem o bem-estar e a recuperação da autoimagem são essenciais para proporcionar um suporte integral durante e após o tratamento oncológico.
Entre essas ações, há o projeto Fios Solidários, criado em 2019 pelo Serviço Social do Centro Estadual de Oncologia (Cican), que coleta doações de cabelo para confeccionar perucas destinadas a mulheres em tratamento. De acordo com a assistente social do Cican, Isaura D’Alcântara, a ideia surgiu a partir da identificação do quanto o processo de adoecimento do câncer impactava diretamente na autoestima das pacientes, principalmente após iniciar a quimioterapia, que tem a queda de cabelo como um dos efeitos colaterais mais impactantes.
“O principal objetivo do projeto é elevar e fortalecer a autoestima das mulheres em tratamento oncológico no Cican, estimulando a autoconfiança, a motivação pela vida e contribuindo para um melhor enfrentamento do próprio processo de tratamento, além do fortalecimento de vínculos entre pacientes, equipe, família e comunidade. Além do o impacto para os doadores, que se sentem participantes no exercício da solidariedade, a fim de fazer o bem, entendendo que o momento exige cuidado e atenção de todos”, afirmou.
Segundo Isaura, cerca de 220 mulheres já foram beneficiadas com a iniciativa gratuita. Para ter acesso ao serviço, as pacientes matriculadas no Cican e em tratamento quimioterápico podem procurar o Serviço Social e manifestar interesse na peruca. “Ela será acolhida e terá acesso aos adereços disponíveis. Após a escolha, poderá levar para casa as orientações sobre cuidados”, explicou.
Para ser realizado, o serviço conta com doações de cabelos. A assistente social explica que qualquer pessoa pode doar qualquer tipo de cabelo, desde que esteja higienizado, seco e com no mínimo com 15 centímetros. A doação pode ser feita no Serviço Social do Cican, na Ladeira do Hospital Geral do Estado (HGE), na Av. Vasco da Gama “Além das mechas, recebemos ainda doações de outros adereços como toucas, lenços e tiaras, que são entregues àquelas pacientes que não se adaptaram ao uso da peruca”, completa.
Dentre as mulheres beneficiadas com a iniciativa, está Márcia dos Santos Sodré, de 59 anos, que descobriu um câncer de mama em novembro de 2023, através de um autoexame. Ela, que recebeu a peruca na última terça-feira (8), explicou que conheceu o projeto durante o tratamento no Cican.
“Com a pandemia, a gente ficou uns três anos sem fazer esse autoexame. Então, quando o meu foi feito, eu fui diagnosticada, já estava com o câncer. Vim para o Cican, passei na mastologista, depois fiz todos os exames necessários e, graças a Deus, o resultado dos exames não deu metástase. Isso me fez animar mais ainda, e agarrei com toda força e coragem de frente, confiando em Deus e nos médicos, abracei a causa e todo o tratamento. Já terminei a quarta químio, agora vou passar na oncologista de novo para ver qual serão os outros tratamentos”, contou.
O acesso ao projeto ocorreu na primeira visita ao Cican, quando encontrou o Serviço Social do local. “Coincidentemente, encontrei os responsáveis pelo projeto no dia em que eu estava tomando minha quimioterapia. Tive o privilégio de receber uma peruca fio a fio, de cabelos naturais. Vale lembrar que esse projeto restaura sua autoestima e eu fiquei muito feliz em receber este presente”, disse. “Agora, eu me sinto mais confiante para continuar com meu tratamento. Agradeço e parabenizo as pessoas solidárias que doam seus cabelos para ajudar na autoestima das mulheres em tratamento de câncer”, completou.
Tatuador reconstrói mamilos após retirada das mamas
Outro exemplo significativo de resgate à autoestima vem do tatuador Diego Rangel, que, desde 2015, realiza semanalmente a reconstituição de mamilos por meio de tatuagens para pacientes que passaram pela mastectomia, ajudando na reconstrução da identidade dessas mulheres.
O tatuador atende gratuitamente cerca de 50 mulheres por ano. Ele conta que as fotografias realistas são o carro-chefe do seu trabalho. Assim, uma assessora da época do início do projeto, levou a ideia a ele, questionando a possibilidade de tatuar mamilos em mulheres que passaram por mastectomias.
“Foi no Outubro Rosa de 2015. Ela veio com esse projeto a gente começou a fazer. Inicialmente foram quatro vagas, uma por semana, e deu mais de 20 mulheres interessadas. Daí, a gente começou a fazer não apenas em outubro, mas também a marcar uma mulher semanalmente até hoje, em 2024. A gente faz esse projeto toda segunda-feira pela manhã”, explicou.
Segundo Rangel, a maioria das mulheres conhece o serviço através de indicações de clínicas, hospitais e médicos. O profissional também pode ser contatado através do seu Instagram profissional: @rangeltattoo.
“Fazemos a divulgação em hospitais, em palestras, a gente tem palestras em várias empresas e somos instruídos a fazer dessa forma. Hoje, a clínica AMO e várias outras já mandam os pacientes para nós. Vários médicos e médicas já conhecem o nosso trabalho de muito tempo e hoje, chegando a paciente dentro do estúdio, apresentamos o trabalho, além de fotos de antes e depois e fazemos questão de explicar toda a história do projeto”, contou.
Ao falar sobre o serviço, Diego Rangel também ressaltou como a ação pode promover não apenas o resgate da autoestima dessas mulheres, mas representa ainda uma forma de fazer o bem a elas e suas famílias.
“É muito interessante saber que um trabalho artístico, historicamente marginalizado – porque a tatuagem sofreu muito preconceito -, hoje consegue elevar essa autoestima das mulheres e, mais uma vez, temos a arte salvando vidas, vidas não somente delas, mas de toda a família. As pessoas ficam muito agradecidas e, o rosto de cada mulher, depois do procedimento, é algo que é impagável, me faz um bem absurdo também. Então, eu acredito que hoje, com o meu trabalho, eu encontrei uma forma de poder ajudar muitas pessoas e mudar, para melhor, a vida desses seres humanos, dessas famílias”, disse.
Entre as mulheres alcançadas pela iniciativa, está Ivone de Almeida Trzan, de 70 anos. Diagnosticada com câncer de mama em 2004, aos 50 anos, Ivone passou por uma mastectomia total da mama direita.
“Eu fiz todo o tratamento, que foi muito ruim para mim, porque eu tive todas as reações que alguém pode ter. Eu tive que tomar medicações para poder aumentar a defesa. Inicialmente, eram seis quimioterapias, teve que baixar para oito, por causa do efeito físico que eu tive, as reações que eu tive”, lembrou.
Apesar do tempo, Ivone lembra que nunca tinha pensado em realizar a reconstrução do mamilo, e apontou que, na época da cirurgia, as mulheres não contavam com um universo tão vasto para ‘se embelezar’, como ocorre atualmente.
“Eu pensei no início, mas depois eu abortei isso, até que um mastologista me falou sobre um tatuador que fazia esse trabalho social belíssimo, e que já tinha mandado algumas pessoas para ele. Daí eu procurei saber, fui até Rangel, e ele me atendeu, foi de uma habilidade infinita e disse: ‘Não se preocupa’. Ele também me disse que gostava de fazer esse serviço, que era algo que o completava”, destacou.
O procedimento foi realizado em 2021, e Ivone lembra que a reconstrução deu mais conforto a ela, inclusive para tirar a blusa para a realização de mamografias.
“Eu olhei e disse: ‘Gente, nem parece’. O trabalho dele é belíssimo, provavelmente eu volte em algum momento para poder retocar, mas é algo que me deu um conforto. O conforto de tirar a blusa para fazer exame de mamografia, que eu ficava com vergonha, você acredita nisso? É tão pouco, né? Para as pessoas entenderem o quão importante é fazer esse trabalho que eu fiz com o Rangel. Tenho por ele uma gratidão infinita e devo voltar a ele em algum momento da minha vida”, afirmou.
Confira o antes e depois de algumas pacientes
No Outubro Rosa, campanha arrecada recursos para mamografias gratuitas
Pelo quarto ano consecutivo, a campanha ‘Meu Combustível Salva’, fruto de uma parceria da CAM e Oncoclínicas com a rede de postos Shell, arrecada recursos que serão revertidos para a doação de mamografias gratuitas para pacientes de 40 a 70 anos.
Ao longo do Outubro Rosa, todas as pessoas que abastecerem com gasolina V Power via aplicativo Shell Box, na Bahia, além de receberem um desconto de R$ 0,20 centavos por litro, vão colaborar automaticamente com a doação de mamografias.
Idealizada pela mastologista Carolina Argolo, da CAM e Oncoclínicas, a ação tem como objetivo aumentar o acesso de pacientes ao exame de rastreamento, conscientizar a população sobre a importância da prevenção e contribuir para o combate ao câncer de mama.
“Mais de 40% das mulheres diagnosticadas com a doença no Brasil têm menos de 50 anos”, afirma a médica, que também é presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia – Regional Bahia.
O início do rastreamento aos 40 anos reduz em 25% a mortalidade em dez anos, de acordo com consenso da Sociedade Brasileira de Mastologia, da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) e do Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem.
Na edição de 2023, a campanha conseguiu arrecadar o equivalente a duas mil mamografias gratuitas, que foram realizadas, mediante agendamento prévio, ao longo dos últimos dez meses, nas unidades da CAM.
Oficinas gratuitas para elevar a autoestima
No dia 29 de outubro, das 14h às 16h, a Oncoclínicas Bahia realizará a oficina de beleza e automaquiagem do programa ‘De Bem com Você – a Beleza contra o câncer’, destinada a mulheres em diferentes fases de sua jornada contra o câncer. A ação tem como objetivo fortalecer a autoestima e promover o bem-estar das participantes, contribuindo para sua qualidade de vida durante o enfrentamento da doença.
O ‘De Bem com Você – a Beleza contra o câncer’, em associação ao Look Good Feel Better®, é coordenado no Brasil pelo Instituto ABIHPEC e tem origem no programa norte-americano, lançado nos EUA na década de 1980.
As oficinas com a colaboração voluntária de profissionais maquiadores e assistentes ensinam técnicas de automaquiagem e dicas de beleza a essas pacientes. O objetivo é amenizar os efeitos das transformações causadas durante a quimioterapia, radioterapia e outros tratamentos oncológicos.
Talk Rosa amplia o debate
Em homenagem ao Outubro Rosa, mês de conscientização sobre diagnóstico precoce e prevenção do câncer de mama, a Oncoclínicas Bahia promove, no dia 31 de outubro, evento no formato de Talk Show com o tema ‘Vida após o câncer: ampliando os olhares sobre o Outubro Rosa’.
O encontro será realizado, às 17h, no Auditório Marie Curie, na unidade Ondina, e contará com a participação de Raíssa Aglé, professora, paciente e participante do programa OC Sobreviver, e Carolina Magalhães, oncoinfluencer, criadora do Projeto Se Cuida Preta e autora do livro Mas Nem Parece que Você tem Câncer. A mediação será feita por Luciana Landeiro, oncologista clínica da Oncoclínicas Bahia e líder nacional do programa OC Sobreviver.
Policlínica de Escada oferece quase 3 mil mamografias no Outubro Rosa
Desde a última quarta-feira (2), a Policlínica Regional de Escada, unidade da Secretaria da Saúde da Bahia (Sesab), gerida pela Fundação Estatal Saúde da Família (FESF-SUS), oferta exames de mamografia para mulheres entre 40 e 69 anos. A ação faz parte da campanha Outubro Rosa promovida pelo governo do estado, e vai funcionar com 100% dos atendimentos por agendamento.
Segundo o diretor da Policlínica de Escada, Heder Silva, por dia, serão atendidas cerca de 140 mulheres, totalizando quase 3 mil exames ao longo de todo o mês. A ação segue até o dia 26 de outubro.
Para participar, é necessário realizar o agendamento no site oficial da campanha, onde as mulheres podem escolher o local, a data e o turno do exame. As pacientes precisam atender aos critérios de elegibilidade, como ter entre 40 e 69 anos, não ter realizado mamografia no último ano e não ter feito cirurgia de mama. No dia do exame, é indispensável apresentar documentos como RG, CPF, Cartão do SUS e comprovante de residência.
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