Ansiedade de fim de ano: confira dicas práticas para enfrentar problema

O fim do ano é um período marcado por festas, confraternizações e expectativas para o próximo ciclo. No entanto, é muito comum a sensação de ansiedade, pressão e estresse. Além da correria para cumprir prazos, existe a cobrança para alcançar metas pessoais, o aumento dos compromissos sociais neste período e uma série de fatores que contribuem para gerar a famosa ansiedade de fim de ano.

Para entender o problema, que afeta mais de 18,6 milhões de pessoas no Brasil – de acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) -, o Portal M! buscou especialistas no assunto. A psicóloga Patrícia Brito, que já conta com mais de 14 anos de atuação na área, citou que o sentimento de “inadequação” é comum.

“O período de final de ano traz um sentimento de encerramento de um ciclo. E muitas pessoas acabam projetando metas, planos, objetivos de realização de projetos pessoais e profissionais para o ano que chega. Quando a gente chega no final do ano e esses projetos não foram realizados, essas metas não foram alcançadas, muitas vezes isso pode trazer um sentimento de fracasso”.

“Às vezes, também muito comum é um sentimento de inadequação, como se a pessoa não conseguisse se adequar às normas, às regras que são seguidas por todos. Como se todos conseguissem, no final do ano, agradecer pelos sonhos realizados”, completou.

Segundo a psicóloga, outro fator que pode gerar uma angústia maior na população é a influência, cada vez maior, das redes sociais no cotidiano.

“Acabam intensificando muito isso, porque as fotos que circulam, os textos que são postados, trazem geralmente mensagens de agradecimento pelo ano. Cada um traz aí seu significado, sua linguagem, mas sempre com um sentimento muito positivo de realização. É muito difícil alguém postar, por exemplo, que está triste por causa do final do ano”.

Causas da ansiedade de fim de ano

Em contato com o Portal M!, a psicóloga Rafaela Lyra também listou as possíveis causas que ajudam a intensificar a ansiedade. Segundo a especialista, as questões relacionadas ao transtorno emocional são “multifatoriais”, mas podem ser classificados como uma “sensação de medo ou preocupação diante de uma ameaça ou de algo que pode acontecer e que se teme ser negativo”.

• Fechamento ou início de um ciclo;
• Crises financeiras;
• Dúvidas sobre escolhas;
• Não alcançar metas estabelecidas;
• Encontros familiares;
• Morte de um ente querido.

Estas são algumas das principais causas apontadas pela terapeuta. Segundo Lyra, sensações como “a vida está passando” ou “mais um ano se passou” são crucias para aumentar o sentimento de ansiedade no fim do ano.

“Isso nos remete a uma reflexão sobre tudo que fizemos ao longo do ano, do que deixamos de fazer, os momentos que procrastinamos, memórias boas e ruins. É como uma retrospectiva de tudo que aconteceu neste ano. E sobre recordar, rememoramos coisas boas, como também rememoramos coisas que podem nos trazer gatilhos e o anseio para que algo possa findar ou recomeçar”.

Sintomas da ansiedade de fim de ano

Foto: Freepik

A ansiedade de fim de ano é uma resposta natural ao acúmulo de responsabilidades e expectativas. A sensação de sobrecarga emocional é comum e pode se manifestar de diferentes maneiras, desde a preocupação com as finanças até a pressão para estar bem socialmente.

O transtorno emocional também pode afetar o comportamento das pessoas, justamente por não encontrarem formas de equilibrar as emoções durante esse período desafiador, que é o fim do ano. Confira:

• Irritabilidade;
• Insônia;
• Isolamento;
• Preocupação excessiva;
• Melancolia;
• Alteração no apetite;
• Medo;
• Pânico;
• Taquicardia;
• Sudorese;
• Dor no peito;
• Tremores;
• Tontura.

Ainda em entrevista exclusiva ao Portal M!, a psicóloga Patrícia Brito explicou como os sintomas podem dominar a vida das pessoas. A especialista ainda citou que o “ideal de uma família feliz” é algo que pode intensificar a ansiedade.

“Esse momento de final de ano também pode ser um momento de muita solidão, e isso pode trazer, além de sentimentos de ansiedade, sentimentos também de tristeza, de não ter com quem contar, de não ter com quem compartilhar ou de estar na presença de pessoas que são desagradáveis, que já violentaram a gente ou que já trouxeram desconforto e sofrimento para a vida da gente”.

Primeiro passo para reduzir o problema

De acordo com Patrícia, o primeiro passo para reduzir a sensação de ansiedade é “entrar em contato com sua emoção e compreender o motivo de essa ansiedade está acontecendo”. Ela diz ser importante perceber e identificar o que está causando o desconforto.

“Eu acho que é a pessoa entender primeiro o motivo de essa emoção estar acontecendo. Porque toda emoção que acontece na vida da gente tem uma função. Ela vem para mostrar para a gente alguma coisa que está desconfortável, alguma coisa que não está alinhada. Por isso, a gente precisa entender e acolher as nossas emoções, respeitar nossas emoções”.

Além disso, a especialista diz ser necessário ter um “olhar acolhedor” sobre a própria história, durante as reflexões de fim de ano. Outro ponto importante é respeitar decisões que confortem a pessoa. Por fim, os cuidados com gastos financeiros são essenciais para garantir tranquilidade neste período.

Apesar de falar sobre medidas para reduzir a ansiedade de fim de ano, a psicóloga lembrou que um profissional deve ser procurado, caso o transtorno se intensifique. “Se a pessoa realmente não conseguir dar conta disso sozinha, é buscar a ajuda de um profissional”, concluiu Patrícia Brito.

Dicas práticas para mitigar a ansiedade de fim de ano

Como dito por Patrícia, a psicóloga Rafaela Lyra também reforçou a necessidade de buscar a psicoterapia como ferramenta auxiliar em processos de ansiedade, não somente no fim de ano, mas em qualquer momento da vida.

Porém, essas foram as dicas práticas indicadas pela especialista para mitigar o transtorno emocional:

• Reconhecer os seus limites;
• Criar estratégias de comunicação com os familiares;
• Fazer retrospectiva sobre os esforços realizados no ano;
• Incluir rotina de autocuidado;
• Ter um hobby na vida;
• Se alimentar de forma balanceada;
• Realizar rotina de sono para dormir bem;
• Praticar atividade física;
• Rememorar um ente querido que partiu e lembrar dos bons momentos.