Hamilton Assis diz que sabia da reeleição de Muniz, mas manteve candidatura para marcar posição
Mesmo ciente da recondução do tucano na presidência, vereador disse que concorreu para destacar importância do debate e maior autonomia legislativa

O vereador Hamilton Assis (PSOL) avaliou o processo que reconduziu Carlos Muniz (PSDB) à presidência da Câmara Municipal de Salvador (CMS), reeleito com 39 votos na manhã desta quinta-feira (2). Em entrevista ao Portal M!, o parlamentar disse que a reeleição do tucano já era amplamente esperada, mas optou por apresentar uma candidatura própria como forma de reafirmar sua visão política sobre a cidade e a Casa Legislativa. Hamilton recebeu apenas dois votos na eleição para a mesa-diretora da CMS, que também contou com uma abstenção.
“A gente tinha essa clareza de que o processo eleitoral que foi construído aqui nesse momento para a eleição da mesa da Câmara, ele já estava praticamente definido, mas nós, como a nossa trajetória, a legada histórica, a irreverência que é muito comum ao nosso povo, de não aceitar que as coisas estejam dadas e é por isso que nós chegamos até aqui. Nós apresentamos o nosso nome exatamente para trazer esse legado histórico que o nosso povo vem tentando construir no debate aqui nessa casa”, afirmou o parlamentar em entrevista para o Portal M!
PSOL fortalece presença política após eleições em Salvador
O PSOL destacou-se entre os partidos de oposição nas últimas eleições em Salvador, mostrando crescimento significativo em diversos aspectos. Embora o candidato Kleber Rosa não tenha vencido a disputa pela Prefeitura de Salvador contra Bruno Reis (União Brasil), o resultado foi surpreendente. Rosa ficou em segundo lugar, superando o vice-governador Geraldo Júnior (MDB), o que consolidou a posição do partido como uma força crescente na política municipal.
Na Câmara Municipal de Salvador (CMS), o PSOL, que não possuía representação na legislatura anterior, conseguiu retornar ao cenário político com a eleição de dois vereadores. Hamilton Assis, que já tem uma trajetória política consolidada, obteve 7.691 votos e voltou a ocupar uma cadeira na Casa Legislativa. Além disso, o partido celebrou a eleição de Eliete Paraguaçu, que recebeu 8.479 votos e se tornou a primeira vereadora quilombola da história da CMS. A conquista simboliza um marco importante na luta por representatividade e inclusão na política da capital baiana.
Críticas à perda de autonomia legislativa
Durante seu discurso, Hamilton Assis apontou os desafios enfrentados pela Câmara em relação à sua autonomia frente ao Poder Executivo. Segundo o vereador, esse desequilíbrio prejudica a função primordial do Legislativo, que é fiscalizar e atuar em defesa da população.
“Compreendemos que esta casa precisa avançar, evoluir para construir a sua autonomia frente ao Executivo”, disse o vereador para o Portal M!.
Assis também destacou que a eleição da mesa-diretora não deveria ser vista apenas como um processo formal, mas como uma oportunidade de discutir os rumos da cidade e propor um Legislativo mais independente e participativo.
Legado histórico e luta por pluralidade
O vereador aproveitou o momento para citar referências históricas que, segundo ele, representam a luta por uma Salvador mais justa e igualitária. A candidatura, ainda que simbólica, também teve o objetivo de reforçar a importância de trazer múltiplos olhares sobre os desafios da cidade.
“Por isso eu citei figuras como Manuel Querino, Paulo da Anunciação, que já não está mais conosco, e outros vereadores que já passaram por essa casa e que nós tivemos a oportunidade de conhecer os seus trabalhos, exatamente para afirmar essa importância do debate político, para dizer que a unanimidade é burra, que existem outros olhares sobre os problemas da cidade”, disse Assis ao Portal M!.
Compromisso com eleitores
Mesmo recebendo apenas dois votos na eleição, Hamilton Assis considerou a candidatura uma vitória no campo do debate político. Ele destacou que sua atuação como vereador será marcada pela defesa dos interesses da população e pela busca de justiça social na capital baiana.
“Nós vamos estar aqui para lembrar a todos eles, e principalmente ao presidente, da importância disto, para que esta casa possa se construir de fato como a voz dos eleitores e da comunidade salvadora.”, reforçou o vereador em entrevista para o Portal M!.
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