Boulos pede prisão de Marçal após divulgação de laudo médico falso de uso de cocaína
Profissional que teria assinado alegado documento está morto, diz CFM; dono da clínica publicou fotos junto a Pablo Marçal
É falso o suposto laudo médico que aponta Guilherme Boulos (PSOL) como vítima de um “quadro de surto psicótico grave” devido ao uso de cocaína. A checagem foi feita pela agência Aos Fatos e confirmada pelo Portal M!. No fim da noite desta sexta-feira (4), o candidato do PRTB à Prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal, divulgou o alegado documento emitido pela clínica Mais Consultas, que afirma, ainda, que seu adversário teria sofrido um “delírio persecutório e ideia homicidas, apresentando período de confusão mental e episódio de agitação”.
A divulgação do suposto laudo aconteceu depois de Boulos apresentar, durante debate na TV Globo nesta última quinta-feira (3), um exame toxicológico, emitido pelo Laboratório Fleury, que traz resultado negativo para o uso de cocaína. O teste rebateu as insistentes insinuações de Marçal de que o deputado seria dependente químico.
Já o alegado laudo divulgado pelo ex-coach é assinado pelo médico José Roberto de Souza, em 19/01/2021. Uma simples consulta ao site do Conselho Federal de Medicina (CFM) releva que o profissional de saúde está morto e seu registro está inativo desde 2022. O número do RG de Boulos também aparece incorreto, além de erros básicos de português e do próprio nome fantasia da empresa.
Diz o suposto laudo: “exame toxicológico externo apresentado por seu acompanhante [de Boulos] indica [resultado] positivo para benzoilmetilecgoina (Cocaína)”, razão pela qual o especialista teria encaminhado o paciente para “serviço de psiquiatria em critério emergencial”, e orientado que “o mesmo deve ser internado no serviço de psiquiatria da equipe multidisciplinar”.
No entanto, é público que, no mesmo dia indicado no alegado prontuário – 19 de janeiro de 2021 -, Guilherme Boulos fez uma transmissão ao vivo no fim da manhã, na qual comenta sobre a importação das vacinas em meio à pandemia da COVID-19. No dia seguinte, o deputado federal participou de uma ação do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), na favela do Vietnã, Zona Sul de São Paulo.
O falecido médico ainda teria inserido no suposto laudo o código CID F14, que, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), se refere a “transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso da cocaína”. Pouco mais de uma hora após a publicação do alegado documento, o Instagram removeu o conteúdo do ar.
A coluna da jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, denuncia que o dono da clínica Mais Consulta já foi condenado por falsificar diploma de curso de Medicina e ata de colação de grau. “Luiz Teixeira da Silva Junior foi condenado em primeira instância a dois anos e quatro meses de prisão por falsificação de documento público e uso de documento falso”, escreve a colunista.
Silva Júnior também coleciona fotos e vídeos com Pablo Marçal e seria um apoiador declarado do candidato do PRTB.
Boulos pede prisão de Marçal
Por meio de uma transmissão ao vivo e de uma nota de sua assessoria de imprensa, Guilherme Boulos se pronunciou minutos depois da publicação de Marçal. “Chegou no limite. Nós estamos entrando, agora à noite, com um pedido de prisão dele [Pablo Marçal] e do dono da clínica. Além, logicamente, de todas as medidas cabíveis na Justiça Eleitoral”, declarou Boulos.
“O documento publicado por Pablo Marçal é falso e criminoso e ele responderá e arcará com as consequências em todas as instâncias da Justiça – eleitoral, cível e criminal. Uma atitude inaceitável de quem prova não ter limites em sua capacidade de mentir”, diz a nota da campanha do deputado federal.
“Não podemos normalizar esse tipo de método, que já colocou em xeque a nossa democracia no passado recente e que, agora, ameaça a normalidade destas eleições. Marçal pagará pelos seus crimes”, finaliza o texto.
TRE-SP concede liminar a Boulos e manda Marçal excluir vídeos
Na manhã deste sábado (5), o juiz da 2ª Zona Eleitoral do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP), Rodrigo Marzola Colombini, concedeu liminar determinando a exclusão dos vídeos publicados por Marçal no Instagram, TikTok e Youtube.
Em nota, o TRE-SP afirma que a decisão foi tomada porque as publicações fazem “referência a um documento falso que relata um suposto atendimento médico, que teria ocorrido em janeiro de 2021, indicando o uso de cocaína pelo candidato Guilherme Boulos”.
“Há plausibilidade nas alegações [dos autores da representação], envolvendo não apenas a falsidade do documento, a proximidade do dono da clínica em que foi gerado o documento com o requerido Pablo Marçal, documento médico assinado por profissional já falecido e a data em que divulgados tais fatos, justamente na antevéspera do pleito”, afirmou o juiz.
O candidato do PRTB tem dois dias para apresentar defesa perante o Tribunal.
*Matheus Pastori, colaboração de São Paulo para o Portal M!
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